Há tempos, rumores sombrios percorriam o povoado daquele grande Reino a respeito de uma misteriosa lenda. O grande Mago Negro era temido, por vezes adorado, por vezes odiado. Sua fascinante história era contada através dos tempos, onde antepassados...
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Sua alma sempre fora pura como a relva fria que tocava docilmente a folhagem encantada. As fortes e firmes mãos jamais foram manchadas de qualquer pingar amargo de sangue. O grande Do morreu em paz, com o antigo manto azul-celeste flutuando levemente por sobre seu corpo antes de tocar-lhe a pele anêmica e gélida. Estendido em um local plano do bosque, longe das vistas de curiosos, o grande mago permanecia intacto feito pedra; e o que antes era vivez, agora era somente palidez. Sereno, calmo. Parecia estar tendo um sono tranquilo, como se estivesse tendo os melhores e mais plácidos sonhos.
— Ouvi dizer que o mundo dos sonhos é belo, meu pequeno. Ele deve ter muitos sonhos para sonhar.
Latifah se pôs a falar assim que o manto anil tocara o gramado levemente úmido. Suas fadas irmãs, que antes auxiliavam a carregar o tecido no ar de maneira respeitosa e cerimoniosa, afastaram-se logo em seguida observando a mais velha sobrevoar de forma maternal a criança ali ajoelhada.
— Seu pai amava a vida, amava viver e ajudar a todos os seres desta e de outras vidas. Permaneceu neste mundo dando o seu melhor e mais lindo lado para nós, e para vocês — Latifah pousou carinhosamente no ombro da criança de lábios carnudos e olhos deveras inchados, olhando fixamente o semblante tristonho do único filho daquele tão brilhante, e amoroso, mago. — todos nós entendemos a sua dor, meu menino. Seu pai era para muitos aqui, um pai também. Um filho, um irmão. Ele possuía uma corrente densa de sangue com você e a mais antiga linhagem do coven ancestral que nós conhecemos, no entanto, compartilhava um laço assustadoramente forte de amor conosco — Latifah confortavelmente direcionou um sorriso cativo para a criança, observando as gotas cristalinas que lutavam em sair das armadilhas em formato de olhos redondos do pequenino — este laço, pequeno Dyo, o enlaça também.
Em meio ao céu noturno, as estrelas reluziam mais brilhantes distantes daquelas paragens, o brilho tão atenuante as fazia se assemelharem a velhas amigas protetoras, quase como uma espécie de resposta ao sentimento que todos ali compartilhavam. A lua, em seu tamanho cheio, estava tão grandiosamente próxima que poderia ser capaz de abraçar a todos com seus braços imaginários resplandecentes. Se o satélite natural da Terra tivesse um rosto, com certeza estaria sorrindo em carisma com aquela congregação. Anões rabugentos desfizeram-se de suas comumentes feições de rigor e prestaram condolências em empatia. Duendes vinham aos montes junto às suas caravanas policromáticas advindas de todos os lugares, de norte à sul; retirando os gorros coloridos em sinal de respeito. Centauros, seríssimos e habitualmente diplomatas, abaixavam seus arcos e posicionaram suas cabeças humanas em direção as patas dianteiras cruzadas. As fadas, no entanto, mantinham-se no ar. Suas asas batiam rapidamente no mais profundo e amargo silêncio, à espera do momento certo para entoarem o canto de passagem.
Sob a luz do luar, frestas antes prateadas passaram a ser douradas. Pequenas gotas de luz se formaram na extensão das rochas ao redor daquele conglomerado de seres. Sua aurora era forte e emanava calor colérico e afetivo. Como fogueira que aquece a lenha, o calor queimava e recolhia a todos os que estavam ali. O trepitar chegava a ser audível, mesmo que inexistente.