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─── entry eleven.
tenho um segredo que não pretendo contar a alguém tão cedo.
talvez algum dia no futuro, mencionarei isso a lamar, mas não acho que posso encará-lo com as informações que tenho agora. eu não poderia dizer a ele mesmo se quisesse com o tanto de arrependimento que guardo. parece um grande peso no meu peito e ácido em minha garganta. não importa o quanto eu cuspa, sempre há algo que fica preso e está comendo meu estômago.
talvez conversar ajude, mas não posso fazer isso. porque ninguém sabe o que any gabrielly estava fazendo na floricultura. ninguém sabe o motivo de ela estar ali, exceto eu.
eu sei o porquê.
e é quando eu sinto o ácido.
─── noah.
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— NOAH URREA?, — O garoto pálido ficou rígido, nervosamente inquieto enquanto entrava na sala do diretor.
A mãe de Any Gabrielly, Priscila Soares, estava sentada em uma das cadeiras e o Diretor Hanagami gesticulou para que o garoto inquieto se sentasse na outra. Ele o fez silenciosamente e olhou para seus dedos. Noah respirou fundo, sem levantar a cabeça, mesmo quando Kyle começou a falar:
— Noah, a senhora Soares gostaria de ter uma pequena conversa, se você não se importa?
Noah não poderia dizer que sim– isso seria rude. Ele acenou com a cabeça sem dizer uma palavra e pensou ter ouvido o diretor dizer algo sobre dar a eles um pouco de privacidade enquanto a porta se fechava.
— Noah Urrea, — os olhos lacrimejantes da mãe de Any olharam diretamente para ele, tão intensos que o garoto queria desviar o olhar. — Então você é o menino com os olhos bonitos.
Ele não sabia como responder a isso, então continuou a olhar, franzindo levemente a testa para que ela soubesse que estava confuso.
— Eu sei que minha neguinha nunca falou com você de verdade. Peço desculpas, isso deve ser estranho. Mas, ela realmente teria gostado de conhecer você.
Priscila levou suas mãos para o peito e olhou para baixo, as lágrimas rolando pelo seu rosto com uma risada triste.
Oh não. Não, não, não–
— Acho que ela tinha uma queda por você. Ela falava sobre 'aquele garoto da turma de música dos olhos bonitos e sorriso gentil'. Ela estava com tanto medo de me dizer o seu nome, mas eu encontrei alguns papéis no quarto dela, e eu só. . . eu pensei que você talvez os quisesse?
A garganta de Noah doeu de repente. Seu peito estava mais pesado do que antes e ele teve que olhar para baixo; toda vez que ele piscava, sua visão ficava embaçada e suas bochechas ficavam molhadas. O menino acenou com a cabeça e pigarreou: — Sim, por favor.
Priscila puxou os papéis de sua bolsa e lentamente os entregou a Noah. Ela segurou um com força e disse:
— Este é o que eu encontrei na mesa dela antes de ela sair na semana passada.
Noah aceitou o papel e prendeu a respiração enquanto lia as palavras. Não demorou muito para ele perceber que tudo era culpa dele. O arrependimento o deixou nauseado, e sua cabeça doeu. Any Gabrielly estava na floricultura para comprar flores para o garoto estranho da turma de música com os olhos bonitos; aquele que ela sempre pegava olhando.
