01.

134 6 0
                                    

Na densa floresta, sob o manto da noite, onde os raios prateados da lua mal conseguem penetrar a densa cobertura de folhas, uma figura solitária se move entre as árvores centenárias. Seus passos são silenciosos, quase como se ela fosse parte da própria floresta, como um espírito antigo despertado pela noite. Seus olhos, profundos e enigmáticos, refletem a escuridão ao redor, parecendo absorver a luz que ousa tocá-los. Cada movimento é calculado, cada passo é firme, como se ela soubesse exatamente para onde está indo. O vento sussurra entre as folhas, criando uma sinfonia suave que envolve a figura em um abraço invisível e gélido.

Quem a vê sente um arrepio percorrer a espinha, como se estivessem diante de algo além da compreensão humana, algo que pertence mais ao reino dos sonhos e pesadelos do que à realidade concreta. Os rumores sobre ela se espalham como folhas ao vento, alimentando o medo e a superstição daqueles que habitam as margens da floresta, onde a civilização termina e o desconhecido começa.

Aos doze anos, ela era uma garota comum, com um sorriso radiante e olhos cheios de sonhos. Vivia em um lar cheio de amor, cercada por pais que a apoiavam em cada passo do caminho. Sua vida era como uma canção alegre, cheia de harmonia e felicidade.

Mas um dia, tudo mudou.

Um segredo sombrio, que se escondia nas sombras da noite, veio à tona. Sua mãe, a luz de sua vida, havia traído seu pai. A notícia atingiu como um raio, despedaçando a felicidade que ela conhecia. Seu pai, uma figura forte e amorosa, transformou-se em uma tempestade de raiva e decepção. O peso da traição recaiu sobre ela, como se fosse sua culpa, sua responsabilidade.

Seu mundo desabou.

As paredes que antes eram feitas de carinho e segurança agora eram feitas de dor e tristeza. Cada olhar do pai era uma faca afiada, cada palavra um golpe no coração. Ela tentou se segurar, tentou se manter firme, mas era como lutar contra uma maré furiosa. A maldição da traição pairava sobre ela, transformando sua vida de conto de fadas em um pesadelo sem fim.

Seis anos se passaram desde aquela fatídica noite que mudou o curso de sua vida para sempre. A lembrança da tragédia ainda ecoa fresca em sua mente, como se tivesse acontecido ontem. Era uma noite como qualquer outra na floresta, o silêncio interrompido apenas pelo suave sussurro do vento entre as árvores e os sons da vida noturna da floresta. Riko voltava para casa, com um feixe de lenha nos braços, quando viu algo que a fez parar em seu caminho.

Na penumbra, viu a figura grotesca de um Oni, uma criatura dos pesadelos, agachada sobre o corpo de seu pai. Seu coração gelou e um arrepio percorreu sua espinha quando percebeu o que estava acontecendo. O monstro devorava seu pai, suas presas afiadas dilacerando a carne dele sem piedade.

A cena era surreal, como se tivesse sido arrancada de um conto de terror. Ela queria gritar, correr em direção ao pai, mas o medo a paralisou. Ela ficou ali, observando impotente, os olhos arregalados de horror e incredulidade.

— Humana tola, pensou que poderia escapar? — o Oni ergueu a cabeça, os olhos brilhando com uma malícia cruel, e a viu ali, parada como uma presa indefesa.

— Por favor, não me machuque! — ela engoliu em seco, recuando.

— Machucar? Oh, não, pequena. Machucar é pouco. Eu vou te devorar viva, assim como fiz com seu pai.

Ela se encolheu instintivamente, mas tropeçou em uma raiz exposta e caiu de costas. Riko fechou os olhos, esperando pelo pior.

Um sorriso grotesco se formou em seus lábios ensanguentados, e ele avançou na direção dela, os dentes à mostra em um rosnado predatório.

Ela recuou instintivamente, mas tropeçou em uma raiz exposta e caiu de costas. ela fechou os olhos, esperando pelo pior, mas o golpe nunca veio. Em vez disso, ouviu um som metálico agudo, seguido por um grito gutural de dor.

Quando abriu os olhos, viu um homem de pé entre ela e o monstro, uma lâmina reluzente em mãos. Ele desferiu outro golpe certeiro, cortando a garganta do Oni, que caiu morto aos seus pés.

A mulher ergueu os olhos, ainda cheios de lágrimas e temor, para o rosto do homem que a havia resgatado. Nele, viu uma determinação feroz, um brilho nos olhos que denota coragem e compaixão. Ele estendeu a mão com gentileza, um gesto de solidariedade em meio à escuridão que os cercava.

— Está tudo bem. Você está segura agora. — disse ele suavemente.

— Obrigada... Obrigada por ter me salvado. — disse com a voz trêmula e baixa.

— Foi o mínimo que pude fazer. É o meu trabalho fazer isso.

Com um esforço mútuo, ele a ajudou a se levantar, apoiando-a com cuidado enquanto ela tentava recuperar o equilíbrio. Ela sentia uma dor lancinante nas costas, onde as garras afiadas do Oni a haviam arranhado profundamente. Cada movimento era uma agonia, mas ela se recusava a sucumbir à fraqueza. Com determinação, apoiou-se nele e começaram a caminhar lentamente, afastando-se da cena horripilante que haviam deixado para trás.

O homem guiou-a com cuidado pela floresta, escolhendo os caminhos com mais cautela, evitando galhos caídos e raízes expostas que pudessem complicar ainda mais a jornada dolorosa da mulher. Ele não falava muito, mas seu olhar era reconfortante, cheio de compreensão e empatia.

Riko fitou o rosto do homem com fascínio, observando cada detalhe com curiosidade. Seus olhos eram joviais, com um brilho de determinação e compaixão que a intrigava. Seu cabelo era longo e flamejante, como se feito de puro fogo, uma característica única e estranhamente bela que a deixava maravilhada.

No entanto, a dor e o cansaço que Riko vinha enfrentando finalmente se tornaram insuportáveis. Suas pernas, que até então a sustentavam com firmeza, cederam sob seu peso, e ela sentiu-se desfalecer lentamente. Uma sensação de vertigem a dominou, enquanto o mundo ao seu redor parecia girar em câmera lenta. Antes que pudesse fazer qualquer coisa para evitar, Riko perdeu temporariamente a consciência, desabando nos braços do homem. Para Riko, o tempo parecia ter desacelerado, e ela mergulhou em um estado de inconsciência que parecia durar uma eternidade.

————————————————
1108 palavras

Espero que gostem dessa nova versão da história, ainda estarei mudando os próximos capítulos.

Me seguem no insta:
@laaisgg_

Estarei postando desenhos dos personagens sobre minha outra história original minha: O Começo da Era Nova - Destinos entrelaçados.

Por agora só tem o prólogo postado, daqui alguns dias já coloco o primeiro capítulo e adoraria que vocês fossem dar uma olhadinha para comentarem e votarem para me ajudar. Bjs ❤

Minha Flor De FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora