Capítulo 11 - Cooldown

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       Exatamente às 14:26, no 55º andar, um jovem que jogava solo andava pelas montanhas nevadas da região. O manto que ia por cima de seus trajes usuais ajudava a protegê-lo do frio, e também dava um aspecto de aventureiro descolado ao jogador. O capuz cobria sua cabeça e ocultava suas feições, mas não conseguia esconder a expressão levemente desgostosa que se formava no seu rosto. Ele nem se importava com quais mobs estava lutando, só queria saber de finalizar logo por ali para vasculhar a região em busca de looting. Novamente, três mobs spawnam para combater o player solo, todos no mesmo estilo que os anteriores, em sua fisionomia humanoide e sua temática de golem elementar. Estes pareciam mais fortes que os anteriores, mas nada tão escandaloso que não pudesse ser enfrentado com um pouco mais de esforço. Somente o que podia se ver desse jogador era o fio de sua lâmina, suas pernas envoltas pelo traje, e a sombra de seus movimentos. Ele se deslocava tão rápido que era semelhante a um vulto que simplesmente transitava em alta velocidade entre os monstros causando dano, e até quando sofria um ataque, não tardava em recalibrar a trajetória. A mecânica do jogo já era de extrema familiaridade para ele meses antes, então passou a ser costumeiro que simplesmente seguisse no "modo automático" pois era bem improvável se deparar com alguma surpresa. Mas não era impossível.


       De súbito, um dos mobs realiza um movimento inesperado e acerta o jovem em cheio, trazendo um incômodo lembrete de que mesmo que fosse um jogo, ele não era invencível ali. Ao conferir sua barra de vida, percebeu que havia chegado no amarelo, mas retornou à indicação em verde após alguns segundos, pois por mais que não tivesse investido tanto em aumentar seu HP, o dano que havia recebido não chegava a ser tão alto. Mas ainda assim era preocupante pois se recebesse muitos golpes assim, em pouco tempo estaria numa situação crítica. FLASH! Algo muito rápido interrompe suas ponderações, tão veloz que colocou o ladino sob o manto em estado de alerta total. Em poucos segundos, todos os seus inimigos haviam sumido, e do meio da neve suspensa no ar, surge uma figura conhecida que a muito tempo não o vê.

     - Até quando vai ficar fingindo que não lembra da vida além do SAO? Hein, Foxer?

     - Kai...

     - Ah, então aquele dia alguns andares abaixo não foi esquecido, graças a Deus. Poxa, eu sei que você e o Neo não tinham exatamente uma proximidade, mas achei que rostos conhecidos seriam no mínimo algum motivo de conforto para ti. Será que eu sou tão ingênuo?

     - Neo?

     - É, ele tá aqui também. Ele não estava naquela noite da floresta mas eu duvido muito que você nunca tenha reparado nele me acompanhando na vanguarda. Bom te ver também, seu palerma. O que tem feito ao longo de Aincrad todo esse tempo?

     - Bem, eu... Caramba, que estranho.

     - Não consegue, né? Tá bom, eu começo. 

       Na verdade não tinha muito o que StarFox pudesse falar, afinal, o que ele poderia contar? Sobre sua rotina chata e mecânica? Sobre seu afastamento? De todo modo, Kaizen insistiu na aproximação, e contou-lhe de tudo o que vivera até então, das aventuras que viveu e dos amigos que fez. Contou até da surra que tomou recentemente, no combate contra Levi. Era vívido o jeito que o espadachim falava sobre os acontecimentos, e StarFox sentiu falta disso.

     - É, comparado a você, minha jornada aqui não difere muito de outros jogos que já joguei. Você realmente vive aqui como se fosse um ambiente qualquer de sua rotina. Parece bacana.

     - Não quer experimentar? Ter amigos de novo, desfrutar do jogo não como uma sobrevivência, mas de modo divertido? Construir memórias, conhecer lugares e pessoas. Parando pra pensar isso não é muito diferente de simplesmente viver e aproveitar. 

SAO - Golden RaidersOnde histórias criam vida. Descubra agora