15 de Junho de 2021.

132 18 1
                                    


Oi, aqui é o Arthur.
Já fazem um mês e alguns dias desde que houve a batalha contra Gal e Kian... Desde que perdi você e mais alguns dias desde que perdi o Joui também, além de praticamente toda a equipe.

Acordar, ir no seu quarto e não te encontrar jogando com cara de zumbi ou lendo a mesma revistinha do força G pela quinta vez na semana.

Mandar mensagens para o Joui e nem mesmo receber os vários "W" depois de enviar um meme idiota sobre qualquer coisa que esteja em alta na semana, ou escutar as reclamações dele sobre como eu passo tempo demais contigo e ver a carinha dele de emburrado vindo junto com um resmungo "você gosta mais dele né!? Sempre soube".

Não escutar mais a Erin cantarolar e não fico mais confuso sobre quem estava no controle o Fernando ou o Luciano.

Sem as cantadas do Tristan, sem olhar para a Bia e me perguntar porque que ela vem matar monstros de chinelo (era muito daora por sinal).

Lembrar de tudo isso dói muito. Lembrar de que é a segunda vez que acontece dói ainda mais.

Me sinto cada vez mais inútil e imprestável, eu sei que você se sacrificiou por nós e eu me martilizo todos os dias por não ter sido rápido o suficiente para ter o feito por vocês.

Mamãe tem sido forte por mim e por ela como sempre, mas as vezes a vejo parada na porta do seu quarto observando com um sorriso tristonho no rosto... Acho que ela queria muito poder gritar para você sair da frente da tela do computador pelo menos mais uma vez.

O senhor Verissimo manda alguém da Ordem para vir me checar as vezes. Eu meio que pedi um tempo do trabalho para poder colocar a cabeça no lugar e não fazer mais merda do que eu já fiz. Sinceramente, não adianta muito. Quanto mais tempo eu passo em casa, mais vontade eu sinto de chorar por vocês. Pelo meu pai, pelos gaudérios, minha família.

Tirando a vontade de fazer besteira. Ainda bem que tenho um restinho de juízo né, diferente de outras pessoas né senhor Kaiser (ainda vamos conversar séria sobre isso um dia, se eu não me esquecer depois de te abraçar muito).

E ainda tem o Dante, que não parece tão diferente de mim. O vejo destruído, esgotado e mais quieto do que ele era antes, se isso for possível.

O trouxe para passar um tempo aqui em casa, não achei que seria certo deixa-lo sozinho, ainda mais estando cego.

Ele é muito esforçado sabia? As vezes o pego tentando preparar a comida sozinho, derrubando algumas coisas no chão e se embananando inteiro com os talheres, apesar da circunstância, toda vez acho fofo a cena e acabo indo o ajudar...

Me lembro o quanto foi difícil me adaptar quando perdi meu braço, eu não tinha muito para me auxiliar e como isso me frustrou na época. Decidi que seria o auxílio do Dante, irei ajuda-lo a aprender uma maneira de tornar todas as coisas que ele fazia antes possíveis de serem feitas de novo, do jeito dele é claro.

Me sinto mal com a possibilidade dele se sentir sozinho ou desamparado, então, sempre que estou com ele tento demonstrar o máximo que estou aqui por ele. Seja segurando sua mão ou fazendo alguma piada boba e estúpida para ele sorrir.
É bom passar um tempo com meu amigão.

Mas não é a mesma coisa que passar um tempo com vocês, César.

Assim como o Dante, vou ter que aprender aprender como me guiar na escuridão.

Porque vocês eram a minha luz e agora não sei por qual caminho seguir.

Eu te amo irmão! Espero que você esteja feliz com seus pais, a Liz, o Thiago, a Força D, o Bruno, meus pais e a nossa família.

Me guiem daí de cima bonitões, mwuah!

Cartas de Esperança | ARTHUR CERVEROOnde histórias criam vida. Descubra agora