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Quando já eram 9h você acordou, sentou-se na cama e ao olhar para o lado viu Suna ainda a dormiu, sorriu levemente, ele ficava lindo a dormir não parecia o tipo de pessoa de ontem a noite, mesmo ele tentando esconder notou-se perfeitamente a raiva q ele sentiu depois de você contar o que aconteceu naquela noite, a pior noite.

Saiu da cama cuidadosamente para não acordar Suna e desceu as escadas chegando a cozinha, quando começou a fazer o pequeno almoço para os dois várias memórias apareceram, ainda algumas sendo de Kita mas quase todas do seu passado, lembrou-se de quando era mais nova, com apenas 5 anos e uma pessoa tão reservada, enquanto todas as crianças brincavam, riam e falavam você apenas ficava sentada num canto a pensar em várias coisas e como seria muito mais divertido estar em casa, mesmo sendo bastante reservada tinha momentos que se divertia e abria para as pessoas, mas infelizmente esses momentos duravam cada vez menos a cada ano que passasse, os traumas vinham desde uma idade muito nova.

Aos 17 anos quando toda a família morreu você teve que morar sozinha e não informar nenhum outro familiar acerca, ninguém poderia saber a que grupo a sua família tinha pertencido. Quando olhou passou a mão atrás do pescoço sabia que ali tinha uma tatuagem, mas que não tinha sido escolha sua mas sim da sua falecida família, o símbolo do grupo a que pertenciam, apenas para mostrar com quem se estavam metendo, você nunca gostou da tatuagem muito menos do que a sua família fazia mas agora era impossível tirá-la, cada vez que se lembrava sentia uma raiva enorme pela família que veio, sentia vergonha, raiva e nojo das pessoas que eles foram, eles acabaram mortos após muito tiros, por sua sorte você não estava lá, nunca alinhou nos encontros deles, nunca concordou.

Houve um ano escolar em que (nome) sofreu bullying, ela apenas tinha 10 anos e teve de manter em segredo, apesar de doer bastante e ser muita coisa para lidar ao mesmo tempo o medo era o maior inimigo dela naquela altura, eventualmente após 1 ano a sua família soube, mesmo que a prioridade deles não fosse ela, eles tiveram de ter um movimento, claro que tiveram, eles tinham de marcar o território e mostrar que naquela família ninguém perde, e foi aí que de repente 5 alunos nunca mais apareceram na rua.

Lembrar-se da sua infância ainda era duro para você, mas sempre tinham alguns momentos bons, os momentos em que ria com a família por mais raros que fossem, os momentos com a Hana, ela tinha sido a única pessoa a importar se verdadeiramente com você e se lhe acontecesse alguma coisa você não se perdoaria.

- bom dia - uma vez chamou, tirando dos seus pensamentos profundos mais uma vez, você deu um salto e virou se para encarar Suna ainda com a roupa de ontem a noite, ele sorriu e foi até você ficando ao seu lado - assustei você? - ele pergunta ainda com o sorriso convencido na cara, você olhou novamente para a bancada e sorriu

-não, eu só não esperava que acordasse tão cedo - você disse enquanto continuava a fazer a comida

-não foi assim tão cedo - ele disse tirando as mãos da bancada - eu ajudo  a pôr a mesa.


Quando a comida estava pronta e a mesa posta ambos se sentaram, em frente ao outro e enquanto comiam falaram de coisas engraçadas, assim como nas mensagens, percorreu um alívio por saber que Suna era igual nas mensagens como era pessoalmente, mas reparou que ele sempre tinha um tom de voz arrogante, ele não sorria muito, muito menos rir se frequentemente mas conseguia fazê-la sentir se feliz, e ao seu lado os pensamentos excessivos iam embora.

Ao acabarem de comer arrumaram tudo, então você sobe alguns degraus da escada e vira-se para encará-lo

- irei tomar banho agora, quando eu acabar você pode ir a seguir - você disse se virando novamente e continuando a subir as escadas, ele apenas murmurou alguma coisa e sentou-se no sofá a mexer no celular.


Ao acabar de tomar banho você vestiu uma roupa simples e desceu as escadas, Suna continuava a mexer no celular, você suspirou e disse que ele já poderia ir.  Passado algum tempo ele desceu as escadas e sentou-se novamente ao seu lado, olhando para você nos olhos

-alguma coisa errada? - você perguntou confusa, deixando o celular de lado

-eu só precisava de falar - ele disse, o mesmo desprezo no olhar dele, como sempre mas desta vez algum sentimento acompanhado

-k, então eu estou aqui para ouvir e tentar ajudar - você disse agarrando nas mãos dele, mas rapidamente ele as afastou, você olhou para baixo e sentiu-se culpada

-eu só precisava de conversar com você, sobre o meu passado, eu sinto que também devo dar alguma informação sobre mim - ele disse olhando para o lado oposto a você, você concordou e ele prosseguiu - eu espero que não me veja como um estranho ou me ache uma pessoa horrível, quando eu ainda só tinha 5 anos eu percebi que o meu pai era bastante violento e que eu e minha mãe sofriamos de violência doméstica, eu não gostava de passar por aquilo mas também tinha medo de falar, nem sempre ele me batia, a minha mãe protegia me e dava o seu melhor para ele nunca tocar em mim - você ficou chocada, mas tentou não transparecer a emoção - quando eu tinha 15 eu experimentei drogas pela primeira vez, ele não ficou contente, mase eu sempre fui o que ele mandou, eu sempre tive notas excelentes e sempre fui aos jantares que ele fazia com várias pessoas importantes, não foi fácil vivermos neste inferno e ainda termos que sorrir para as câmaras, eu nunca quis tanto ser um desconhecido para todos, mas eventualmente anos depois ele parou, e quando eu tive a certeza que ele não voltaria a fazer isso eu mudei de casa, senti me culpado por deixar a minha mãe naquele ambiente caótico mas ela também queria que eu fosse, então eu comprei a casa mais longe da dele e moro lá até agora, mudei me há 2 anos, às vezes eu sinto me mal por ter uma família assim mas então eu penso que estou sozinho e isso de alguma forma me anima - ele disse, ele não demonstrou uma única emoção ao falar disto, você continuou chocada mas tentou novamente não transparecer isso, você olhou para ele

-está tudo, nada disso foi sua culpa - você disse, sentiu pena dele por isso, ninguém merece ter uma família assim, infelizmente você sabia do que estava a falar
Ele olhou para você durante segundos e então abraçou-a fortemente, você não estava a espera deste tipo de comportamento repentino principalmente vindo dele, mas abraçou-o de volta

- desculpa - ele sussurrou


xxx
ℎ𝑒𝑦ℎ𝑒𝑦, 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑡𝑒𝑛ℎ𝑎𝑚 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑠𝑒 𝑠𝑎𝑏𝑒𝑟 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑙𝑒𝑠 𝑑𝑜𝑖𝑠, 𝑝𝑟𝑜𝑚𝑒𝑡𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑎𝑞𝑢𝑖 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑖𝑟𝑎̃𝑜 𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜𝑟𝑎𝑟, 𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑛𝑎̃𝑜 𝑓𝑜𝑖 𝑜 𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑜 𝑎́ 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑖𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 :/

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Afraid - Suna RintarouOnde histórias criam vida. Descubra agora