"Somos amigos de infância" diziam eles
Mas estava tudo tão claro, ela ficou estranha quando viu eu beijando James e ele ficou todo desconfortável com ela aqui, perguntando sobre minha amizade com ela... Ele namorava com Mônica e estava noivo de Dev? E ainda se envolveu comigo!

- Não, não é Oque parece - James se aproxima de mim

- Não, não se aproxima, eu peço - Digo calma

- Amiga... - Dev também avança

- Fora - É a única coisa que eu consigo dizer

Eu não me sinto traída, só usada e insignificante, quantos mais casos ele deve ter? Com quantas mais pessoas ele faz sexo e depois vem ter comigo? Eu nem devo ter significado nada, eu me sinto tão, tão, inútil, eu gostava da companhia de James, ele é engraçado e gentil, é relaxado e não gosta de drama, parecia realmente alguém certo para se envolver sem esperar problemas, mas isto... Isto é demais, é uma tremenda falta de respeito e consideração comigo, ele não conhece limites e eu estou farta, ele nem tentou se explicar quanto a Mônica, e ainda me usou como amante, traindo sua própria noiva. Noiva esta que faz sexo com outras mulheres no balneário da faculdade, os dois realmente pertencem um ao outro, ambos infiéis e desconhecedores do limite. Eu estou farta de engolir merda dos outros, eu não vou sorrir e aceitar isto, além de um pedido de desculpas, eu quero que James saia da minha vida, ele me ajudou a começar a me descobrir mas agora é hora de ele ir, minhas afirmações com certeza são irracionais, eu reconheço, mas neste momento, realmente nada melhor me ocorre.

- Eu disse fora! Saiam - Grito

O álcool não deve estar a ajudar

- Oque está acontecendo? - Bruno pergunta assim que adentra na cozinha

-  Eu só quero que eles saiam, Agora! - Ainda não sésseis o tom de voz

- Por favor, vamos falar lá fora - Bruno diz calmamente.

Eu respiro fundo e volto para a sala, ouço Chloé e Mônica perguntarem sobre a gritaria mas ignoro, pego na garrafa de vodka e viro na minha boca, vou bebendo como se fosse água, sem pausa alguma e quando me dou conta, a garrafa que outrora estava cheia, se encontra com apenas um quarto de líquido.

Não admitiria para mim mesma mas sim, eu queria que James fosse só meu, eu queria que ele me respeitasse e me desse atenção, me fizesse sentir melhor em todos os aspectos possível, me fazer sentir melhor... Eu não estou melhor, estou pior! Eu queria que nós fossemos clichês ou lamechas, eu queria que além do sexo nós fossemos companheiros um do outro, amigos, que se compreendem e sentem a necessidade de agradar um ao outro, queria ter seu corpo, seu cabelo, oh, aqueles fios caramelizadas, avermelhados, acastanhados e sedosos, seu cabelo era tão lindo, tão perfeito, parecia que ele estava sempre num salão de beleza.
Lágrimas caem em minha face, a esta hora todo mundo já foi embora, estou só eu na sala de estar, Ken e Vince estão em seus quartos e a música ainda está ligada. Deixo as lágrimas caírem e não me esforço para impedir, agora eu sinto, agora eu sinto o quão sozinha eu estou, o quão solitária eu sou, ter somente Bruno como amigo nesses dias não tem sido suficiente, ele agora tem uma namorada, e eu... Estou sozinha, quem dera se Trevor não tivesse fodido com minha saúde mental eu seria mais tolerante e poderia assim facilmente arranjar, sei lá, um namorado talvez? Parece impossível, e eu estou tão cansada de enfrentar o passado, eu estou cansada de tudo, sempre estive. Merda eu odeio esta situação.

O som da porta de estar sendo aberta me assusto e desperto devagar, ouvindo risadas de meus pais

- E lembra quando... - Ela nem termina a frase e ambos riem como duas hienas que acabaram de almoçar

Graças a Deus eles sobem directamente para seus quartos sem checar a sala. Me levanto e arrumo toda aquela bagunça, me certificando que o cheiro de álcool também desapareça. Término a limpeza e já são 8 da manhã, decido tomar um banho e ir ao centro comercial, não tem nada que eu precise aqui em casa. Me visto casualmente, mas qualquer um que olhar para minha roupa ou meu cabelo saberá que não tive uma noite calma.

Tomates, pepinos, maçãs, batatas doces, picles, brócolos, cebolas... Vou riscando os alimentos da lista enquanto passo pelas prateleiras, minhas pernas doem mas não posso parar, não agora e ainda bem que levei o carro de Vince emprestado senão teria que lidar com uma longa caminhada de volta para casa.

Esbarro com alguém que tem um bebê no colo.

- Aí me desculpe - Ela diz tensa

- Não, desculpa eu - Digo tentando acalmar a mesma

- É que eu e meu esposo discutimos e...

- Você parece muito nova para estar casada - digo enquanto pego um chips de sal e vinagre

- Pois...

- Me desculpe - digo tentando fingir um sorriso, fracasso

- Débora! Eu já disse que tu não podes desaparecer assim - Uma voz faz meu estômago congelar

Essa voz.

As batidas de meu coração são lentas, minha respiração está pesada. Não consigo olhar. Eu não quero olhar.

- Trevor, eu só vim levar umas batatinhas - Débora diz

Eu não olho em sua direção, me viro para a prateleira respirando com dificuldade. Trevor. Ele está a centímetros de mim.

- Tudo bem moça? - Débora pergunta tocando em meu braço e eu me arrepio, fugindo de seu toque bruscamente

Automaticamente me viro e vejo a cara dele. Seus cabelos estão mais longos e negros, sua barra está nojenta e grande demais, seus olhos são verdes como esmeralda. Eu fico presa em seus olhos, olho directamente para ele. Eu quero que ele me reconheça e sinta culpa, porém, também estou assustada, muito assustada, minhas mãos tremem, e Oque foram 5 segundos, parecem 5 horas, estou com muito medo, muito medo.

- Vamos embora - Trevor diz e o base da sua voz faz minha garganta estremecer e sinto um sabor salgado em minha boca

- Ok, tchau moça - Débora diz - Despeça ela amor - Ela insiste para Trevor

- Adeus... Luiza - Ele diz e meu estômago contrai

Ele lembra de mim.
Ele lembra do que aconteceu
Ele estava embriagado mas lembra
Ele não sente culpa
Ele está bem.

ELE ESTÁ BEM!

Fecho os meus olhos e perco o controle de meu corpo, eu estou no meio da porra de centro comercial. Tento sair sem nem sequer pegar meu carinho, saio com muita pressa, entro no carro e grito, grito muito até não ter forças. Porquê? Porquê Deus? Eu estava quase saindo desse buraco. Oque eu fiz de errado? Eu mereço isso? Eu não mereço isso, eu realmente não mereço isso, eu também mereço ser feliz, eu quero ser feliz e ter dias calmos. Eu quero ir a praia com meus amigos e não descobrir que o cara que eu gosto está noivo de minha aparentemente amiga. Eu quero ir ao parque e não ter medo de reencontrar meu agressor. É pedir muito? Trevor havia desaparecido, dizia a polícia, mas ele tem posses, não duvido que tenha subornado aos mesmos.

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