1. Talking to the Moon

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Draco's Pov

A lua.

Sempre tão deslumbrante, tão... cativante. 

Tão bela e inefável.

Eu queria ser como ela, transbordar de luz e força ao ponto de conseguir repelir as trevas da noite, afugentar todos os demônios meramente com a minha presença e me tornar um chamariz de esperança e resiliência. 

Minha mãe era a minha lua, e ela afirmava que eu era a dela. 

Mas eu nunca me senti extraordinário e belo como a lua, então apenas me deixava banhar no brilho que Narcisa refletia por onde passava. E ah! com certeza ela refletia... Proteção, amor e razão irradiavam dela todo santo dia com a maior tranquilidade do mundo.E eu? Ah, eu apenas me deixava ser influenciado por mamãe análogo a influência da lua nas marés. 

Mas quando Narcisa faleceu a algumas estações atrás eu me senti sem rumo e atônito. Completamente no escuro. 

Minha lua se foi, deixando de iluminar a minha escuridão interna. 

Eu me sentia no completo breu.

Era como se eu não conseguisse respirar, e tudo fosse efêmero, fútil e insignificante. Tudo doía muito e as vezes eu me pegava pensando em como conseguia continuar mesmo tendo um peso gigante me puxando para baixo. Dia após dia...

Cada vez mais fundo.

Nesses momentos eu me enterrava nas únicas coisas que eram capazes de me fazer respirar de novo. E como consequência, me faziam lembrar dela. 

Os livros;

Meu pai;

Nossa casa. 

Mas a cada dia as coisas se tornavam mais árduas, pois meu pai também ficou abalado. Era de se esperar, ficar viúvo e tão difícil quanto ser órfão. Dores não se comparam, e o fato é que ambos sentimos a perda como algo tangível e intensa em nossas vidas. 

O dinheiro começou a faltar e os primeiros indícios disso foram as teias de aranhas que começaram a aparecer, as vigas que começaram a ceder, e a comida que começou a faltar na mesa. 

A fortuna Malfoy se extinguiu, e apesar de falarem que dinheiro não trás felicidade, aprendi na marra que a falta do mesmo não trás nada de bom. 

Ver o nosso lar, o lar que minha mãe construiu e me criou, em total desleixo por falta de recursos foi o estopim para Malfoy. Meu pai largou o trabalho local que não estava rendendo muito e rumou por toda a Europa vendendo as nossas riquezas de família. 

As joias dela, a pradaria das bodas deles, meus trajes de gala... os nossos últimos resquícios de nobreza e honra que ainda se engrenhavam em nós. Tudo se foi como se nunca tivesse existido. Simples assim. 

Mesmo assim, não era o bastante. 

Tive que ficar olhando papai se desdobrar em mil para conseguir viver, mas a verdade era que mal estávamos sobrevivendo.

Por conseguinte, eu nem mesmo sabia se realmente almejava isso...

Então meu pai fez algo que repúdio até hoje. Um ato completamente contraditório e débil que destruiu o resto de nossa família. 

Ele se casou com a irmã da minha mãe, aquela maluca psicopata de merda.

Casamentos assim são comuns e corriqueiros pelos vilarejos. Os viúvos se unem com algum parente solteiro do cônjuge para manterem as "famílias unidas e prevalecentes puras". Uma cortesia estendida tanto ao cavaleiro que precisa de uma mulher, quanto a dama que não quer ver sua família desonrada e jogada ao léu depois de uma morte. 

Beauty and the Beast // DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora