SEGUNDA-FEIRA DE MANHÃ. Era um dia estranho, lento e cansativo. Todos odeiam segundas-feiras, não seria diferente com Izuku. Principalmente pelo fato de seu despertador não ter o acordado no horário previsto. Não foi culpa sua, a bateria estava com defeito.
Xingou Deus e mundo até chegar em frente a instituição educacional na qual frequentava, suado e com fome. Levantou apressado e nem se deu o luxo de tomar um banho antes de ir. Pegou um mero pão caseiro, sua mochila e quase se esqueceu de trocar de roupa. Para ele, não fazia diferença se usava roupas convencionais ou um pijama para ver as aulas, nem mesmo o colégio exigia o uso de uniformes — alguns alunos usavam, mas a maioria preferia usar roupas de sua própria escolha — , mas para os amigos de Izuku, a aparência era um dos bens mais importantes para a imagem que tinham.
"Você realmente vai usar isso para sair com a gente?" Indagou Tomura uma vez quando marcaram de se encontrar no shopping.
Não estava mal vestido, usava apenas uma calça jeans, uma blusa branca com estampa aleatória e seus tênis vermelhos. Mas, para eles, aquelas roupas eram coloridas e chamativas demais.
"Bem, são as minhas roupas favoritas!" Izuku sorriu, tentando não demonstrar que estava chateado.
"Não sorria assim, vão achar que você é idiota. Vem, vamos comprar roupas decentes." Respondeu, transparecendo indiferença.
No começo, Izuku não entendia, já que todos eles chamavam a atenção com aquelas roupas escuras, correntes, maquiagem, piercings. Só então se deu conta: não era por chamar atenção, mas sim pela forma como chamava. Izuku era alegre e radiante demais para andar com eles, precisaria agir como eles para conseguir sua confiança.
Desde então, Izuku nunca mais comprou roupas sozinho e sempre pedia que alguém o ajudasse na escolha. Normalmente, essa era a tarefa de Himiko Toga, a única pessoa que ainda estudava no mesmo colégio que ele. Não porque os outros eram matriculados em outro colégio, mas sim porque já estavam na faculdade. Talvez não fosse certo, todos diziam que não era, ainda mais se envolver romanticamente com um cara mais velho. Mas Izuku não se importava. Estava feliz, ou ao menos dizia que estava. Fazia tempo que nem ele acreditava em suas próprias palavras.
Entrou na sala correndo e teve que ouvir um sermão da professora sobre horário e responsabilidades por mais de cinco minutos inteiros. Mas não dava a mínima para toda aquela falação.
— Chegou atrasado de novo, senhor Izuku Midoriya — Himiko cochichou em seu ouvido quando ele se sentou em sua cadeira.
— Sei lá, por que você não cuida da sua vida? — Respondeu no mesmo tom que ela.
Himiko riu e se jogou em sua cadeira novamente, fingindo que prestava atenção na aula. Ela usava roupas de ensino médio, mas não como as da escola, era como as de modelo japonês, que deixava todos os garotos nerd babando por ela. Himiko era o tipo de garota que gostava de atenção, e de tirá-la das outras garotas. Adorava ver seus rostos pegando fogo e olhares ameaçadores, por mais que nunca fizessem nada contra ela de verdade. Boatos circulavam de que ela levava consigo uma faca ou qualquer coisa que pudesse matar alguém. Se isso era verdade, ninguém nunca tentou provocá-la para saber.
— Bem, alunos, como visto nas últimas aulas, vamos continuar com o mesmo assunto.
Matrizes. Izuku era bom naquilo, mas não se importava com a explicação de Nemuri Kayama, a professora de matemática. Em vez disso, jogou a cabeça para trás e deixou que Himiko rabiscasse algo em sua testa. Quando fosse ao banheiro, perceberia que era uma flor, mal feita e torta, mas ainda uma flor. Era estranho pensar que ela andava com pessoas que a faziam parecer alguém ruim, mas no fundo tinha um coração adorável. Bem, talvez ela fosse assim só com Izuku, mas ele ainda a achava adorável. Não poderia julgá-la, também andava com aquelas mesmas pessoas que o fizeram se perder dentro de si e agora não sabia como voltar.
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Destino (Im)provável
Teen FictionIzuku Midoriya era o típico garoto de 16 anos revoltado com a vida, que ouve músicas pesadas e não se importa com seu futuro. Após longos conflitos internos e desilusões com pessoas, achou que nada iria lhe tirar daqueles pensamentos negativos, até...