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― Por que não me esperou? ― Ino sussurrou nervosamente estapeando o braço de Shikamaru assim que saiu do elevador, respirava ofegante e suor começava a se acumular em sua testa. Estava atrasada.

Nara puxou-a até o lugar onde Chouji estava sentado e roendo as unhas, provavelmente tentando ocupar sua boca faminta, mesmo que tivesse acabado com um saco de amendoins alguns minutos antes. Observou os funcionários que transitavam pelo andar e certificou-se de que não estavam sendo analisados para responder à amiga.

― Eu te esperei, estava fumando lá fora até cinco minutos atrás. Mas você demorou demais, loira ― explicou. ― Fiquei com medo de perder o horário e subi.

Ino apertou as narinas e balançou a mão no ar fazendo uma expressão de nojo.

― É, eu percebi. ― Ela revirou a bolsa rosa e tirou balas de menta de dentro, oferecendo ao melhor amigo. ― Toma, você tá com bafo de tio de boteco.

Shikamaru revirou os olhos, mas acabou aceitando o doce. Realmente, não causaria uma boa impressão se comparecesse à entrevista de emprego com seu cheiro típico de cinzeiro, Ino havia salvado sua pele mais uma vez.

― Pessoal, vocês têm alguma coisa pra comer aí? ― perguntou o Akimichi, recebendo o segundo tapa da loira naquele dia. ― Ai, Ino! ― Ele repreendeu-a massageando o lugar onde havia apanhado e fez uma expressão chorosa.

― Quando vocês dois vão finalmente crescer e parar de me dar trabalho, em? Que sac... ― Ino calou a boca repentinamente e engoliu em seco, arrumando a postura.

Chouji e Shikamaru olharam para onde a loira fixou os olhos e puderam ver um homem engravatado andar em direção a eles. Tiveram a mesma reação que ela.

― Os que estão aqui para as vagas de estágio, me acompanhem por favor.

O trio levantou-se junto ao resto dos ali presentes e sussurraram "boa sorte" uns para os outros, seguindo o homem que havia chamado-os.

[...]

― Illustrator, SketchUp, AutoCAD e Excel avançados ― a mulher à sua frente lia o currículo em voz alta. ― Você é bom. ― Ela ajeitou-se na cadeira, tirando os óculos pretos e apoiando o rosto nas mãos. Seu olhar era uma mistura de intimidação com deboche. ― Me diga, Shikamaru. Por que nossa empresa deveria te contratar?

O moreno coçou a nuca. Sabia que aquela pergunta seria feita, era praticamente uma regra de entrevistas de emprego e repostas prontas eram mais comuns até que a própria questão. Já havia tentado diversas respostas diferentes e mirabolantes em outras entrevistas, nenhuma delas obteve sucesso. Por isso, havia dito a si mesmo durante o trajeto até a empresa que responderia o que tinha certeza de que seu contratante fosse gostar de ouvir, ainda que não fosse verdade.

― Sou inteligente, criativo; e ao contrário de muitos aqui, trabalho muito bem sob pressão.

A mulher riu em escárnio e levantou as sobrancelhas sugestivamente.

― Essa é clássica ― debochou ela, parecia estar esperando aquela resposta para rir de si. ― Mas geralmente as pessoas excluem a parte "inteligente". Sabe me dizer porquê, Shikamaru?

Nara estreitou os olhos. Que tipo de pergunta era aquela? Seu cérebro logo formulou uma resposta à altura da provocação e rebateu:

― Se intitular inteligente assusta os outros, já que dizer-se ser burro é sinônimo de humildade. Se você se denomina uma pessoa inteligente, e diz isso com firmeza na voz, é taxado como egocêntrico e idiota. ― Aproximou-se da mesa dela e segurou o rosto entre as mãos do mesmo jeito que a mulher fazia. Algo em sua expressão dizia que ele possuía liberdade para encará-la daquela forma. De qualquer jeito, a supervisora estava lhe dando nos nervos desde que havia entrado naquela sala, o jeito que era inquieta e batia os saltos no chão de madeira deixavam o Nara louco. Contudo, não podia se dar ao luxo de ir embora sem ao menos tentar conseguir a vaga. Mas nada o impedia de retrucar: ― Não sou egocêntrico e muito menos idiota. Sei que sou inteligente e não tenho por que esconder. Isso te assusta?

BUSINESS WOMAN || shikatemaOnde histórias criam vida. Descubra agora