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― Depositou cinco mil ienes a mais na minha conta.

Shikamaru jogou as cédulas em cima da mesa de vidro da mulher, que nem ao menos demonstrou reação por sua entrada repentina em seu escritório.

Estava entrando mais naquela sala do que gostaria.

― Não depositei, seu salário é vinte mil ― disse a loira sem parar de digitar, ajeitando os óculos no processo.

Shikamaru levantou as duas sobrancelhas em descrença.

― Quinze mil, Temari. Quinze, não vinte.

A mulher empurrou a mesa e afastou-se dela para conseguir abrir as gavetas, puxou de lá um contrato após revirar as folhas. Circulou um número com a caneta e entregou a Shikamaru.

O Nara não acreditou no que viu.

― Vinte mil, Shikamaru ― repetiu ela, os olhos verdes finalmente dando atenção para ele. ― É o que diz o contrato.

― Não foi esse contrato que eu assinei!

A supervisora bufou. O jeito que o mais novo era inacreditavelmente honesto chegava a ser irritante.

Ela aproximou-se do rapaz novamente, puxando a gola da camiseta para que seus rostos ficassem próximos.

― Eu e Kankuro conversamos e decidimos que você merecia um reajuste. Então será que você poderia pegar a merda desse dinheiro, colocar na carteira, calar a boca e voltar a trabalhar?

A pressão sanguínea de Shikamaru disparou, preenchendo o corpo com o sentimento que raramente o habitava; raiva. Sabia o motivo de Temari estar fazendo tudo aquilo, de alguma forma se sentia culpada por tê-lo demitido quando ele e sua mãe estavam quebrados financeiramente. O Nara odiava a petulância estampada no rosto feminino.

― Aparentemente você não entendeu quando eu disse que não preciso da sua pena. Então vou dizer de novo: eu não preciso da sua pena, nem de sua ajuda e muito menos que ponha seu emprego em risco para me ajudar. ― Temari engoliu em seco. Os olhos tremiam sem saber para onde olhar. Não sabia o motivo de Shikamaru causar aquelas emoções nela quando ninguém, nem mesmo seu próprio pai; conseguia. ― Se quer tanto demonstrar que se importa, dizer "sinto muito" ou ''meus pêsames'' já é o suficiente.

Temari soltou a camisa preta, vendo o tecido amarrotado voltar a grudar no abdômen do estagiário.

Novamente, sentia-se culpada.

Shikamaru era mais imprevisível do que ela julgava ser. Que funcionário no mundo não aceitaria um aumento de salário quando mais estava precisando? E ainda xingaria a própria chefe por isso? Ele deveria estar beijando seus pés em agradecimento!

― É tudo mérito seu, Shikamaru.

Mérito meu é o caralho.

― Você é inacreditável.

Temari apertou os punhos e inflou as narinas. Um ponto de interrogação parecia piscar em sua testa.

Shikamaru completou:

― Você é incapaz de pedir desculpas e acha que dinheiro resolve tudo. Pois fique sabendo que meu perdão não está a venda, chefe.

A loira levantou-se bruscamente da cadeira antes que o estagiário deixasse sua sala a passos duros.

― Quando você vai crescer e aprender a agradecer quem tenta te ajudar? ― indagou furiosa.

O rapaz parou onde estava, lançando um olhar cínico por cima do ombro.

BUSINESS WOMAN || shikatemaOnde histórias criam vida. Descubra agora