Capítulo I

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Primeiro Capítulo aí gente, espero que gostem.

Obs: Conteúdo de agressões a baixo.

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Marinette

                               Herói

[Domingo, 05 de maio de 2019]

Eram umas 02h da madrugada quando os três me encontraram em um beco escuro e deserto, uma rua antes de eu chegar à avenida principal que me levaria à minha casa. Foi um dia de azar, percebi, e constatei isso desde o começo do meu turno no hotel, quando um cliente bêbado, sem um motivo aparente além do álcool em seu corpo, resolveu comprar uma briga comigo, simplesmente porque não lhe dei o desconto que ele exigia na estadia de seu quarto. Era um daqueles homens avarentos — claramente tinha condições financeiras, mas fazia de tudo para pagar o menor valor possível, mesmo quando isso era inalcançável.

Todavia, perto do que iria acontecer mais tarde, a dor de cabeça que tive com o cliente não significou nada. Mas eu não sabia disso na hora.

— De novo — o cara negro rosnou com prazer, pressionando meu rosto contra o chão áspero do beco tenebroso. — Fala de novo, sua filha da puta!

Mesmo contra a dor dilacerante que seu pé causava na minha nuca, impedindo-me de levantar, murmurei:

(N\T: Sou LadyBug sempre a melhor...)

— Vá se foder.

Nunca tive medo de partir dessa para a melhor, ainda que eu soubesse que, naquele momento de fúria incontrolável, eu estava a um passo disso. Sempre achei que morrer dignamente — isto é, morrer sendo sincera, sendo quem eu realmente era — representava um ato heroico, e foi embarcando nesse pensamento que não me importei em dizer ao trio que me espancava que eu era asiática.

Essa foi a primeira vez que sofri xenofobia.

(N\T: Xenofobia é o medo, aversão ou a profunda antipatia em relação aos estrangeiros, a desconfiança em relação a pessoas que vêm de fora do seu país com uma cultura, hábito, raça ou religião diferente.)

E seria a última também.

— Olha só! Essa xing song sabe latir — murmurou outro cara, um segundo antes de dar um soco na lateral do meu rosto. Um barulho altivo rasgou meu ouvido esquerdo. Não demorou muito para que o gosto enferrujado do sangue fizesse minha língua franzir.

— Quebra o pé dela — a terceira voz disse. — Com aquela pedra ali.

— Vai lá pegar, então. Tá esperando o quê?!

Abri os olhos subitamente no instante em que um dos caras puxou meu cabelo para trás, obrigando-me a encarar a parede.

Minha visão turva era tão horrível que tudo o que eu podia enxergar à minha frente era um borrão cinza, coberto com uma camada úmida de lágrimas. Meu corpo inteiro, estirado de bruços no chão, doía, e eu sabia que a tentativa de revidar era pífia. Além do mais, eu estava em desvantagem ali.

— Xing ling do caralho — rosnou o responsável por erguer minha cabeça, bem perto da minha orelha. — Se você sair daqui viva... quem sabe deixe de comer aquelas coisas nojentas, não é?

Grunhi de dor quando ele segurou minha garganta, pressionando os dedos nas duas glândulas. Antes de apertar as pálpebras, vi o segundo cara caminhar diante de mim e se agachar, exibindo seu sorrisinho malandro. Cheiro do uísque barato exalava com tanta intensidade que, por um momento, meu nariz deixou de sentir o odor do sangue que escorria pelas laterais da minha cabeça.

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⏰ Última atualização: Jul 19, 2021 ⏰

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