A um paço de destruir tudo

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Ouvi claramente Gai sensei dizer pro Obito fechar a academia, quase comemorei por sair mais cedo hoje, entretanto o Uchiha pilantra de algum jeito conseguiu "engabelar" o sensei e agora ele me pediu pra organizar as coisas e fechar a academia, e é por isso que eu tô guardando as luvas e os batedores na dispensa com um certo ódio.

Meu amor escuta, eu já tô indo aí tá bom?

Ouvi a voz do Shino no telefone, pelo que ele deu a entender na chamada é que não é um pai solteiro, o que é uma pena para a sociedade feminina solteira.

Aya, minha pequena, eu já tô indo te buscar okay?

Tá, tá você não gostou dela né? Okay amanhã cedo nos vamos a praia pode ser? Assim você me perdoa por te deixar com ela?

Sorri ao perceber que ele falava com a filha cheio de meiguice, ele sinceramente não tem cara pra isso. E talvez também tenha sorrido por perceber que estava totalmente equivocada em achar que fosse sua mulher no telefone. Tentei sair da dispensa na furtividade e fracassei miseravelmente.

— Pensei que fosse a vez do Obito — a voz soou calma. Ele guardou o telefone na bolsa junto da camisa que estava em seu ombro.

— Eu também, mas fazer o que né? — disse conformada com a situação.

— Cê quer ajuda? — com um sorriso quase meigo ele perguntou chegando perto. Bem perto.

— É... Sim, claro! — digo recuando um pouco. — Falta guardar as cordas e alguns pesos.

— Sim senhora! — disse fazendo uma reverência militar.

Seguimos para a ala de malhação, ele apanhou os pesos e eu guardei as cordas na estante. Shino ainda estava sem camisa e é óbvio que eu fiquei 'secando' ele enquanto fazia força pra levantar alguns dos pesos mais pesados.

Ele tinha uma pele bem clara, que agora tinha algumas gotículas de suor,  era alto e seu cabelo era um ondulado volumoso, por conta do suor estava escorrido. Encarei os traços másculos que compunha seu rosto e demorei mais do que deveria, ele me pegou no pulo.

— Espero que esteja me encarando porque me acha bonito — ele sorriu meio envergonhado e se aproximou.

— Não! Eu-eu

— Então me acha esquisito? — questionou se apoiando com os cotovelos no balcão da recepção onde eu estava.

Eu ri nervosamente por não saber se assumia o óbvio ou fazia a sonsa.

— Eu nem tinha notado você alí — e como de praxe, fiz a sonsa. Ele riu de uma forma tão sexy que eu fiquei boba olhando.

— E agora? Também não tá me notando? — questionou empurrando os óculos no nariz.

A medida em que ele ia se aproximando, meu corpo ia ficando tenso e ereto.

Digamos que seja quase impossível não ver tudo isso — falei recuando um pouco, ele sorriu convencido. — Tô cheia de fome, já vou indo.

Disse indo no vestiário pegar minhas coisas, as quais eu tinha pegado em casa antes de vir. Shino me acompanhou e quando finalmente fechei as portas da academia ouvi meu celular tocar, era o Neji.

Cemitério santa luzia sua morte nossa alegria! quem fala? — disse rindo.

Quero pedir um caixão pra uma mocinha de 1m60 com olhos chocolate — pude ouvir uma risadinha abafada ao final da frase.

— Tchau Morena — Shino disse girando uma chave no dedo indicador. Eu dei tchau com a mão e ele sorriu de volta.

"Morena"? — a indignação dele era nítida.

É só um colega, o que cê quer?

Então um colega tem espaço o suficiente pra te chamar de "morena"?

Aah meu deus… diga logo o que você quer

Depois de alguns minutos de discussão ele finalmente me chamou pra almoçar. Fui em casa tomei um banho, coloquei um vestido rodado, e ele me pegou lá, fomos pra um quiosque que tinha uma linda visão da praia, o vento era forte que bagunçava meus cabelos, se ele tivesse me avisado antes eu não teria vindo de vestido.

— Quem era o cara? — indagou olhando por cima do cardápio.

— Um amigo — digo encarando o mar

— Então um amigo te chamou de morena? — fechou o cardápio irritado.

— E qual é o problema? — pergunto cruzando as pernas por baixo da mesa. Ele engoliu seco.

Neji continua me olhando tão sério quanto gostoso.

— A Hinata me disse que você procurou ela pra saber de mim — a cada palavra que escapava de seus lábios meu corpo ia ficando tenso. Porquê? — Você ainda tem a foto deles?

— Não... — digo baixo. — Neji, se eu vou casar com você eu preciso saber o que me espera.

— Okay, meu pai foi acusado de tração e foi morto quando eu tinha 5 anos, e minha mãe me abandonou quando eu fiz 10 — ele falou calmo, mas seus olhos estavam perdidos.

— Porque não me contou antes? — pergunto e só um segundo depois notando que foi a pergunta errada. — Espera, como assim acusado de traição?

Ele respirou fundo e claramente se arrependeu do que disse.

— Tenten… é um assunto complicado, podemos falar disso a noite? — pediu, estava visivelmente desconfortável.

— De hoje não passa! — digo firme.

Depois disso, pedi a comida, e durante a refeição notei que ele me encarava como se eu fosse uma boneca de porcelana no meio de um furacão, ele realmente parecia preocupado.

Fiquei um pouco apreensiva com isso. Neji pagou a conta e eu tive a ideia de irmos caminhando na areia até o carro.

Andei alguns passos na frente, apesar de todas as pessoas alí, o barulho do mar ainda era o som mais presente e agradável do ambiente.

Neji pov

O cabelo dela esvoaçante e o jeito tranquilo me passou um bem estar tão reconfortante, nem parecia que a pouco tempo eu quase contei que sou um desgraçado.

E pior terei que contar ainda hoje.

Aproveitei que ela estava distraída e entrelacei seus dedos nós meus de um jeito suave e calmo. É pra ela que a minha mente vai quando vagueia, ela era o meu mundo, e eu estou a um paço de destruir tudo.

— Eu te amo, Tenten — sussurrei sem um pingo de coragem de falar alto o suficiente pra ela ouvir.

— Disse alguma coisa? — ela se virou pra mim sorrindo. Perfeita.

Apenas sorri de volta negando com a cabeça.

Deixei ela em casa me despedindo com um beijo demorado, voltei pro casino e lá estava eu, de volto ao meu maldito mundo caótico.

~ Não estou pronto, não tenho coragem pra isso, ela vai me ver como um monstro~

Penso enquanto caminho para o escritório.

— Olá, senhor Hyuuga — ouço um homem falar atrás de mim. — Bem, não precisamos de tantas formalidades, já que seremos uma família logo logo!

Virei imediatamente pra trás e dou de cara com ele, o próprio Akira Mitsashi, em carne e osso, bem, mais osso do que carne, ele realmente não parece bem.

— Meu pai foi bem claro quando disse que você não podia mais pisar aqui — digo sério.

— E sua mãe foi mais clara ainda quando me contou sua história — ele carregava um sorriso vitoriosos no rosto abatido. — Uma criança com um gênio ruim, você realmente nasceu pra isso, seu pequeno assassino.

Meu sangue ferveu, juro que se eu estivesse armado teria matado ele antes mesmo de termina a frase, mas, pensando bem, estou na minha casa, no meu território, na minha maldita cidade, então ninguém vai poder reclamar se me vir espancando esse velho filho da puta.

~ Inferno! Ele é o pai da minha noiva! Ela não sabe nada! Porra! ~

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