𝘴𝘶𝘧𝘧𝘰𝘤𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯 - [𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑏𝑜𝑦] × 𝐵𝑜𝑘𝑢𝑡𝑜 𝑥 𝐴𝑘𝑎𝑎𝑠ℎ𝑖

#002

"Aceitação.."

Estúpido!

Era com certeza o que parecia agora, andando em passos apressados até uma loja de conveniência que vendesse bebida alcoólicas para de menores, as lágrimas eram extremamente visíveis,  e por mais que quisesse apenas se esconder e esquecer toda essa porra não conseguia, estava magoado, chateado, aquela amargura misturada com raiva era tão pesada, seu coração parecia ter sido atropelado,  era esperado, muitas pessoas haviam te avisado, os boatos corriam soltos e você chegou a se afastar de várias pessoas por conta disso, mas por que doía tanto ver com os próprios olhos?.

Comprou uma garrafa de whisky, energético e uma carteira de cigarro com sabor de uva,  era uma lojinha se um bairro pobre, então eles não se importavam com seja lá o que estivesse ocorrendo com você, tinham seus próprios problemas para ficar  questionando um garoto de 17 anos de olhos inchados e que aparecia ali diariamente para se afogar no álcool, sempre que entrava ali via o dono da loja com um pouco mais de seus trinta lendo alguma revista, hora ou outra dormindo, se lembrava de ter que fazer algum barulho para o acordar e ouvir seus resmungos e o quanto odiava aquele trabalho.

Foi para o lugar em que ninguém te encontraria, exceto Kenma, ele te conhecia tão bem que sabia até onde você se escondia quando tudo piorava. Era em uma grande colina com uma placa de anúncio qualquer, tinha grande visão da cidade, obviamente ninguém ia ali , mas era incrível,  pelo menos você sentia que era, você já chegou a mostrar o local de longe a Alisson, mas ele disse que era besteira, quem  preferia ir pra um morro ao invés de caminhar pro shopping ?, era um comentário idiota, você sempre fez tudo que o mesmo queria, ele ao menos respeitava seus gostos pessoais, sempre dando adjetivos como "esquisita" e "estranha", não era de maneira boa, ele deixava isso claro pelo tom de voz debochado.

Jogou o moletom no chão se sentando, abriu a garrafa dando quatro goles freneticamente, sentindo o gosto ruim e amargo descendo por sua garganta , acendeu o cigarro se permitindo desabar.

" Por que eu ?, o que os outros tem que eu não tenha ? O que eu perdi ?" Suas mãos começaram a se apertar deixando marcas de unha , de sua boca saiu um grito estrondoso, a melhor parte de lugares assim e que ninguém te ouviria,  mas não sabia se isso era uma coisa boa, guardar as coisas sozinho, até explodir e descontar tudo novamente em si mesmo não era uma das melhores opções.

Abriu a mochila, pegou  caderno e lápis, desenhar  era a  única coisa que realmente te aliviava, começou a rabiscar na folha, gostava de se expressar através de desenhos, sentia que tudo ia embora, pelo menos por um tempo, a concentração na tonalidade e cores em simples linhas trazia calmaria, era uma pena tudo ser tão passageiro, a sensação do corpo leve e dormente, quando a bebida te fazia sorrir e ficar mais animado, dando sorrisos bobos e rindo do vento, as vezes deixava o próprio mundo desabar e chorar por horas sem ao menos perceber, a pressão caia conforme puxava o cigarro já acesso já boca, hora ou outra bebendo o whisky no gargalhou, essa decadência te levava ao fundo do poço aos poucos.

[...]

Nem percebeu quando havia acabado, a essa altura a garrafa de bebida estava menos do que na metade, seu coração acelerava fortemente, estava encolhido enquanto o vento batia contra seu rosto, na verdade não tinha ideia quanto  tempo havia se passado, o céu escurecia de forma que você não visse, estava tudo embaçado,  e frio, porém não queria sair dali, o clima estava fechado e logo gotas de chuva começaram a cair. Você não ligava,  até que gostava daquela sensação... a sensação de ter as dores levadas pela água que caía do céu, como se limpasse sua alma e corpo, tão iludido com esses pensamentos toscos, na esperança de poder escapar da própria realidade.

Alguém se aproximou de Você, mas nem isso percebeu, Kenma vinha devagar com um guarda chuva em seguida te tampando das gotas que caiam freneticamente do céu, você não se virou  para encara-lo, estava péssimo demais para se mexer.