Capítulo I - VIDA

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Notas do autor:

Olá! Obrigada por ler Mais Alto que a Lua, aproveite bem a leitura.

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Alma de luto sempre incompreendida!…
Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada … a dolorida …
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!

Florbela Espanca

Mais Alto que a Lua

Capítulo I

O vento frio e a neve faziam a casa de madeira velha ranger e balançar, mas nada que o pequeno Jun não estivesse acostumado. Para variar, o seu pai, o senhor Minhyuk, tentaria colocar um pedaço de pano para cobrir a porta e se sentaria na cadeira para contar mais uma história a Jungkook.

Jun se escondia em baixo da mesa e encarava as roupas roídas por ratos, os buracos eram tão grandes que pareciam ter vindos assim da fábrica.

Também pôs-se a fitar as luvas, que tinham no dedo anelar e indicador furos bem vulgares.

A guerra das milícias era cruel e deixava aquela parte da cidade na verdadeira miséria.

— Talvez hoje tenhamos algo melhor para comer, Jeon. — disse tentando acender a lareira improvisada em um forno de cozinha.

— Jinhwan voltará logo papai, eu sei disso.

O menino sorriu, deixando que sua janelinha no dente molar aparecesse. Ele estava com fome e frio, mas sabia que seu irmão estava lá fora em um clima bem pior.

A neve não parava de cair, se tornando mais espessa e embaçando os pedaços de vidro que ainda resistiam nas janelas.

Sorriu ao ver a porta abrir, revelando seu irmão coberto de branco com os flocos de neve.

Entretanto o cheiro de álcool fez o rosto de Jungkook entristecer ao tempo que denunciava o que ele havia feito novamente.

— Jinhwan? Por mil demônios!

Jungkook observou seu pai segurar o irmão, esse que quase caiu no meio da cozinha, estava bêbado e machucado.

— Jinhwan , onde está nossa comida? Nosso dinheiro? — a voz rouca e falha do pai ressoou pelos ouvidos pequenos de Jungkook.

— O que? Que comida, seu velho de merda?

— Olha aqui, não me diga que usou nossas economias para trocar por drogas e bebida de novo!

Jun agarrou-se na perna da cadeira, sabia o que iria acontecer. Era quase como um dejavu no modo de repetição.

—Porque você não faz nada certo?! — Ele balançava os ombros do outro com força e raiva.

— Quer saber? Eu não me importo. Vamos todos morrer mesmo, a milícia vai vir aqui e matar todos nós! — ele disse gesticulando com as mãos e fitando os olhos do irmão mais novo.

— Não acredite nele filho. — O pai olhou rapidamente em sua direção — Pare de dizer bobagens ao seu irmão! Pare agora, está me ouvindo?! — os saculejos continuavam e deixavam Junkook com medo.

— É a verdade, irmãozinho — Seu timbre debochado fez com que Jun se afastasse um pouco mais. — Já mataram a família Kim, os irmãos Hwang, os próximos seremos nós. Pelo menos eu apostei para que não nos matem.

— Você é um tolo! — Disse o pai e bateu em sua cabeça. — Te entregam bebidas ao troco do sofrimento da nossa família! Está se vendendo para a milícia por uma droga de cachaça! Onde está a sua honra? An?!

— Honra? E quem mais tem isso hoje em dia? Jungkook até os militares são uma merda, eles se vendem pelo mesmo tipo de drogas que nós e são eles que fornecem armamento. Temos que ficar do lado de quem conhecemos de verdade. Ao menos a milícia é pobre e vem do mesmo lugar miseravel que nossa família.

Falou com a voz embargada, e se jogando na cadeira.

— Você está bêbado. Eu não acredito em você. A polícia é boa. Você está mentindo. — Jun pela primeira vez ditou alto e claro para o irmão.

— Ah, é? Então me diga, como acha que vamos sobreviver no meio dessa guerra maldita?! Como acha que a mamãe sobreviveria?!

— Jinhwan! Saia daqui! — Minho apontou para o lado de fora da casa e o segurou pelos braços.

— Eu vou mesmo! É melhor ficar na rua do que nessa droga de casa. — O jovem colocou a palma da mão na boca para controlar seu riso sarcástico. — Mas lembrem-se do que eu falei, ninguém mais pode nos ajudar.

— Seu miserável, você devia estar morto! — Gritou e colocou a mão no peito tentando controlar sua falta de ar e tosse.

— Sinceramente? Não sou eu que não tem mais um pulmão para chamar de seu. Veremos qual dos dois morrerá primeiro!

— Ali! Ali está ele, desgraçado!

Os olhos dos dois homens que estavam na porta se voltaram para o lado esquerdo no fim da rua. Os milicianos estavam chegando mais perto com armas em punho.

— Hey Jinhwan, você já era.

O encapuzado que estava na parte de cima do carro, pegou seu fuzil e abriu fogo contra a porta da casa de Jungkook.

O menino que estava embaixo da mesa começou a chorar e a gritar.

Era como se estivessem morrendo em câmera lenta, as balas perfurando o corpo a medida que faziam eles balançarem.

Os respingos foram por toda a parte de fora da casa. O carro estacionou e um dos bandidos entrou, ele atiraria em Jungook. Apontou a arma na direção da cabeça do pequeno e se preparou para matá-lo também, se não fosse pelos militares que chegaram, logo depois.

Enquanto os que estavam nos carros trocavam tiros entre si, um deles, que usava uma máscara camuflada que cobria todo o seu rosto, deixando a mostra apenas os olhos, deu um golpe no bandido o fazendo cair na frente de Jun.

Ele chutou sua mão onde tinha a pistola com as balas que atravessariam a cabeça do menino e puxou o gatilho da sua Taurus G2c. Fazendo o sujeito ir a óbito.

Jungkook não conseguia parar de chorar seus olhos estavam inchados e uma dor de cabeça fazia ele chorar mais alto.

Em meio aos soluços ele sentiu quando o policial levantou a mesa por cima de seu corpo pequeno encolhido, fazendo-a tombar para trás de si.

Ele tirou a máscara e se aproximou de Jun o pegando no colo.

— Está tudo bem agora.

Os olhos marejados do pequeno focaram no carro militar parado na sua porta e logo desceram para os dois corpos do seu pai e do seu irmão.

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Notas finais:

Esse foi o primeiro capítulo, espero que tenham gostado e me desculpem pelos erros é a primeira vez que eu escrevo aqui então... Até a próxima!

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⏰ Última atualização: Jul 25, 2021 ⏰

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