CAPÍTULO ÚNICO

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Fecho a porta com o maior ódio da minha vida enquanto eu ainda escutava minha mãe e meu pai gritar de desgosto. É isso que você recebe por ser filha de militares, desobedecer na escola, receber uma suspenção e o pior de todos para eles: não querer seguir a mesma carreira que eles.
Comecei a tirar o material da minha bolsa e colocar na escrivaninha afinal o meu castigo pela suspensão seria viver uma semana no meu quarto estudando e só iria sair de lá para comer e tomar 15 minutos de sol de manhã. É eu literalmente queria sumir. Depois que organizei tudo enquanto murmurava xingamentos escutei um assobio dentro do quarto, parei de fazer barulho para ver se era lá de fora do meu quarto e não era. O barulho se repetiu e após correr meus olhos pelo quarto resolvo me virar para trás. Lentamente subo meu olhar do chão, cama e pés de alguém, tronco e janela. Perai, alguém aqui dentro? Pisco para ver se eu não estava vendo coisa e vejo um garoto sentado na minha janela, ele era loiro, rosto de certa forma angelical e estava de chinelo com um moletom branco com bolsos.

- Oi - ele diz sorridente e eu saio de transe. Tem alguém dentro do meu quarto. Grito.
- Quem é você?! Como entrou aqui? - pergunto desesperada.
- Calma - ele pede gesticulando com a mão - me chamo Chishiya - ele estende a mão, mas eu fico com medo de me aproximar -eu ouvi você gritando e pensei que precisasse de alguém para conversar.
- Vamos com calma querido, primeiro como você entrou aqui? – pergunto.
- Pela janela ué, é fácil chegar até aqui - ele diz simples - eu sei que deve estar com medo, mas você tem duas opções- ele me olha - você pode se acalmar para nós conhecermos melhor ou simplesmente me mandar embora e ficar 7 dias sozinha aqui – ele faz cara de entediado.
- Ok – concordo tentando me acalmar - pode ser depois q eu tomar um banho? – pergunto ao ele concordar com a cabeça saio correndo no banheiro.

Tomo um banho rápido, eu estava estática pois era muito acontecimento para apenas 20 minutos, mas apesar disso relaxo quando fui fazer minha skincare. Saio do banheiro secando o cabelo com a toalha em meu rosto e ao tirar e ter visão do meu redor tomo outro susto com aquele garoto.

- Para de gritar – ele pede me olhando sem reação – você sabe que eu estou aqui.
- Pq está aqui? – pergunto penteando meu cabelo.
- Já te disse – tira as mão do moletom e cruza os braços.
- Nossa, que grosso.
- Grosso não, mas eu não vou ficar repetindo coisa que já disse – ele diz simples.
- Então tá – me deito na cama e pego um livro.
- É assim que você lida com os seus problemas? – ele pergunta e eu arregalo os olhos. Deixo o livro de canto e me sento.
- Não tenho problemas – minto e ele ri debochado.
- Conta outra S/n – ele diz e eu olho para ele.
- Como sabe meu nome?
- Eu sei tudo sobre você – ele faz uma pausa, mas retoma quando tento falar algo – você tem 17 anos, estuda na C.T High Scholl, seus pais são militares e por um acaso você tomou uma suspensão por matar aula e ficar com um cara que na verdade está nesse exato momento te difamando no Twitter – ele vira o celular e eu vejo tudo aquilo e começo a chorar.
- Isso machucou para krl – digo limpando as lágrimas.
- Eu sei – ele diz simples – mas doeu saber do menino ou eu toquei na ferida da sua suspensão?
- Quem é você porra?  E pq ta fazendo isso? – grito pois aquilo realmente tinha me machucado.
- Para de gritar comigo como se eu tivesse culpa dos seus problemas – ele altera a voz – você que engole todos seus sentimentos e quando alguém toca no assunto você desabafa a chorar e depois você desconta a raiva em mim?
- Você não sabe de nada! – grito chorando
- Se eu não sei então pq você esta dessa forma? Chorando e brava?
- Chega! CHEGA! – grito enquanto ele fala e corro até minha cama. Me enrolo na coberta e choro. Eu tinha grandes problemas com a minha família e com o meu jeito de ser por sempre achar que eu afastava as pessoas. Escuto ele rir anasalado e eu tento controlar meu choro, mas era impossível
- Vá em frente e chore garota, ninguém faz isso como você – sinto ele se sentar ao meu lado e eu escondo o rosto no travesseiro – eu sei o quanto falar da sua relação com eles dói e sei que você tem problemas com eles.
- Então pq você tocou no assunto porra? – tiro o rosto do travesseiro e olho para ele.
- Pq da pra ver que de tanto que você guarda pra você as coisas, que daqui a pouco você vai se afogar sozinha – nós mantínhamos o olhar um no outro, mas quando sinto que não aguentaria as lágrimas desabo novamente – não é verdade? – ele pergunta e eu paro de chorar. Não queria dar o gosto da vitória para ele – assume logo S/n, você não sabe lidar com os seus sentimentos depois que você desistiu de tentar de se defender e começou a apenas deixar as pessoas se machucarem.
- Sim, é verdade – falo soluçando e ele acaricia o meu cabelo me encorajando para desabafar sobre tudo que me machucava. Não sei em que ponto eu confiava ou necessitava de alguém, mas eu chorei e desabafei com ele enquanto acariciava o meu cabelo.

Me remexo na cama e acabo acordando com a luminosidade que entrava no quarto. Eu tinha dormido? Olho o quarto e o banheiro e não acho nada e ninguém além de um bilhete.

𝚍𝚘𝚗´𝚝 𝚌𝚛𝚢, 𝚜𝚠𝚎𝚎𝚝𝚑𝚎𝚊𝚛𝚝
𝙲.

Me sento na cama relembrando de ontem, mas saio dos pensamentos quando minha mãe me chama para o café da manhã. Depois do café tento me concentrar na aula pois a todo momento a imagem do rosto de Chishiya vinha a minha mente e apesar de ele ter me feito sofrer ontem, hoje eu estava muito mais leve e bem por ter desabafado. Pego o bilhete dele fico horas olhando, cada detalhe da letra dele, mas afinal quem era ele?

- Mãe, eu já disse que não sei onde está essa chave – digo tentando acalmar ela.
- Eu não me importo! Tenta achar essa chave antes que eu te mate garota! – ela grita e eu subo correndo para o quarto.

No quarto eu começo procurar aquela bendita chave, quase desmonto o guarda-roupa de tanto procurar e procuro também nas gavetas e até nos bolsos das calças sujas no banheiro, mas não acho nada.

- Ai que saco – falo comigo mesmo voltando do banheiro – AI PORRA! – grito.
- Calma – Chishiya diz segurando a porta do guarda-roupa. Naquele momento eu queria bater nele, por causa de ontem e dele aparecer do nada hoje e ainda me assustar, mas o meu coração acelerou – pq não usa esse óculos?  - ele pergunta segurando um óculos meu.
- Pq eu acho que não combina comigo – falo simples e ele me puxa pelo braço até frente do espelho – o que está fazendo? – pergunto e ele tira o meu óculos e coloca o outro – eu...
- Calma – ele vai para trás de mim e solta meu cabelo passa a mão nele até tocar o meu compro – perfeita – ele sussurra no meu ouvido me fazendo arrepiar. Fico parada e toda arrepiada até a realidade vim à tona e eu voltar a procurar no guarda-roupa a chave – hey – ele chama a minha atenção e quando o vejo ele está com a chave em mão.
- Que? – corro até ele e tento pegar a chave, mas ele segura meu braço me impedindo – eu vou te dar calma, mas antes me pergunta onde estava – ele diz e eu apenas olho para ele – elas estavam no armário da sua escola, fui buscar para você – ele diz me soltando e entrega a chave para mim.
- Obrigada, mas pq fez isso? – pergunto.
- Eu normalmente não gosto de ninguém, mas você... – ele se aproxima – eu faria coisas que eu jamais imaginava, só para você – ele termina dizendo no meu ouvido.
- Ok Chishiya, muito obrigado, mas – fecho a porta do guarda-roupa e me sento na cama após guardar a chave – quem é você?
- Sou Chishiya Shuntaro – ele diz simples.
- Pare! Exijo que você me diga um pouco sobre você – peço cruzando os braços.
- Ok... – ele coça a nuca – eu estudava na mesma escola que você até o ano passado, mas agora eu estou no primeiro período da faculdade de engenharia – ele me olha com a cara de “ta bom?” mas eu exijo mais informações – eu moro a duas quadras daqui.
- Pq subiu na minha janela ontem? – pergunto.
- Sei lá, algo em mim me falou que seria uma boa coisa a se fazer – ele me olha – mais alguma coisa?
- Por enquanto não – digo e ele tira um jogo uno do bolso me perguntando se eu queria jogar – bora – peguei o jogo e enquanto eu me sentava na cama eu já embaralhava as cartas.
- Para com isso garota! – ele diz enquanto eu jogava umas 3 cartas que mandava ele comprar mais 4 cartas - não quero mais jogar – ele diz irritado jogando as cartas na cama me fazendo gargalhar.
- Ta bravinho? – pergunto rindo.
- Indignado é a palavra adequada – ele diz me vendo rir da cara dele – vou embora – paro de rir e ele levanta as sobrancelhas – não vou embora pq perdi e sim por causa do horário – ele vai até a janela e eu acompanho ele.
- Você... você volta amanhã? – pergunto tímida.
- Com certeza – ele sorri e acaricia meu rosto antes de pular a janela e minha visão não conseguir mais acompanha – lo mais na rua. Fecho a janela e me preparo para dormir.

Pego a vassoura depois do café da manhã para limpar o quarto, já que minha mãe tinha me mandado. Tiro o tapete e escuto uma batida na minha janela, olho para atrás e não vejo nada, o barulho ocorre de novo e eu percebo que tinha alguém jogando pedra na minha janela, corro até lá e sorrio com o que vejo. Chishiya lá embaixo com as mãos no bolso do moletom. Faço sinal com a mão para ele subir e ele vim.
- Pq fez isso? – pergunto quando ele chega e em segundos ele me puxa para um abraço. Fico paralisada no começo, mas logo me solto e retribuo de forma calorosa.
- Você sempre se assusta, então eu queria chegar sem te assustar – ele sorri de canto e eu fico tímida – quer ajuda para limpar o quarto?
- Na verdade não, mas já que você se ofereceu – jogo um pano para ele – limpa meu canto de estudos – sorrio debochada.
- Se eu soubesse que você iria limpar o quarto hoje, eu teria vindo mais tarde - ele diz, mas começa a limpar.
- Limpar a casa é terapêutico – digo rindo.
- Só se for para você – ele diz e eu gargalho com o tom de voz dele.

HIRAETH - ONESHOT [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora