Único

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Já tiveram aquela sensação de que tem alguém te chamando? Acontecia com Kiba, só que com ele, não era uma simples sensação.

- Kiba.

Ouviu um sussurro suave próximo de seu ouvido e se sentou com velocidade na cama, pegando a arma em baixo do travesseiro e apontando para o redor do quarto.

Não era nada, para variar. Soltou o ar pela boca e apoiou a pistola na cama enquanto apertava a raiz do nariz.

Caralho, estava enlouquecendo.

Já tinha um ano desde a morte de Naruto.

E não conseguia se perdoar por não ter chego a tempo, agora sua mente lhe pregava peças, o fazendo ouvir a voz dele todas as noites há exatos dois meses.

Às vezes o chamado era desesperado, outras tinham um tom suave, alegre e até com uma voz sensual já ouviu seu nome.

Fechou o caso de Naruto à dois meses, - sem solução - por insistência de seu chefe, foi ameaçado de ser demitido se insistisse em " um caso sem solução" como dizia Asuma. Porém foi só fecha-lo que passou a ouvir a voz do irmãozinho, como se implorasse para que não deixasse isso impune.

O que devia fazer?

Deus sabe que havia tentado de tudo quando tinha o apoio total da delegacia e não conseguio nada, agora estava sozinho, ninguém queria mais saber do caso e até Hinata havia pedido para abandonar e a Hyuuga era amiga próxima de Naruto, mas pelo visto nem ela tinha mais esperanças.

Um caso sem um único culpado, sem digitais na cena do crime e sem registro nas câmeras das redondezas, quando no corpo de seu pequeno haviam as marcas de três alfas, ele tinha sido violado da pior forma possível.

Merda, merda, merda... Ele ainda era virgem!

As imagens daquele dia que o encontrou estavam na sua mente, repassando como se fosse hoje. Naruto sentado na cama, todo ferido e mesmo assim ainda lhe olhava daquele jeito como se estivesse tudo bem em morrer dessa forma.

Porra, aquilo não era certo. Ele nunca se rendeu, ele salvava vidas e morrer assim era tão injusto que sua mente não o deixava esquecer ou, simplesmente superar, como ouviu as pessoas dizendo.

Se levantou, depositou a pistola na mesa de cabeceira e caminhou para fora do quarto, ainda era madrugada e a noite estava fria, seu peito se arrepiou pela falta de camisa, mas pelo menos vestia uma calça moletom. Andou pelo pequeno corredor do apartamento e entrou na cozinha, acendendo a luz, seguiu até os armários e abriu uma gaveta tirando um remédio para insônia, precisava dormir ainda eram 3hrs da madruga e tinha de estar na delegacia às 7hrs.

Após pegar um copo de vidro, se voltou para a pia enchendo-o, observava a água cair e de repente seu corpo se arrepiou e sentiu uma presença em suas costas.

Não se virou, era só mais uma dessas sensações que vinha tendo, sempre sentia que alguém estava atrás de si, como uma presença em seu encalço. Permaneceu ignorando, no entanto a sombra que se formou de uma cabeça e cabelos espetados, crescendo e tomando forma acima de si o fez virar rapidamente com os olhos arregalados, no processo o copo caiu na pia em um barulho alto, o assustando mais ainda.

Ofegando, procurou por alguém, talvez um invasor, mas não havia ninguém.

Antes que pudesse se acalmar ou surtar, seus ouvidos captaram um murmúrio distante, andou devagar para fora da cozinha, se amaldiçoando por esquecer a arma no quarto quando notou que o lamento vinha de lá.

Como detetive era obrigado a manter a calma em qualquer situação, porém seu coração ainda não entendia isso e batia como louco, era o mais covarde dos alfas nesse momento, pois sua vontade era de ficar sentando do lado de fora do AP até o amanhecer.

Assombrado pelo Melhor Amigo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora