brejo das almas

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neguei o ácido, que queima, do alho até esfregarem-no à minha cara
queimou meus olhos, boca e nariz
assim, afirmei. me afirmei
afirmei a nova era, alhosa,  ácida, nortemineira. mineira, esquinesca e agreste
latina.
afirmei com dor. mas afirmei
foi com uma pontuação de minha professora que eu percebi (momento de epifania, quase salvação)
professora brejeira, do brejo, meu brejo
brejo sem água
porque desde que me entendo por gente, o brejo é assim. é seco, quente e agreste. é latino e não tem vereda
é vizinho do frio
brejo sempre foi uma ilha no meio a tantos pensamentos, que minha ideia se atraía;
escrever sobre seus domínios tomados, seus gerais negados e seus brejeiros, alguns do brejo, outros não
porque pra mim brejeiro era quem me fazia bem
e não parava de pensar,
era tempestade em minha mente; talvez saudade da chuva que nao beirava já há 7 meses
mês que vem chove? de certo que nao
como brejeiro sempre me disseram pra esperar o ruim das coisas
esperar o ruim e prevenir com a distância
porque quem é brejeiro sabe que o brejo é terra da distância
(distância da água, que deveria acompanhar o nome ou distância de si mesmo)
e no mesmo segundo que me veio à mente a epifania e salvação, no mesmo momento em que vi o brejo escorrendo em meus braços como que pedindo ajuda, foi embora.
a epopeia brejeira se esvaiu (nunca existiu, na dúvida que acompanha tudo, até o sentido do nome)
aí percebi
que com o nome brejo das almas, distância é garantia. nunca se quis falar em água.

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⏰ Última atualização: Apr 18, 2022 ⏰

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