Capítulo 22: Bolsa de Gelo

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Depois de tomar banho, Bai Chuan lentamente esfregava  os cabelos enquanto estava sentado na beira da cama. Seus movimentos eram muito lentos, como se ele estivesse calculando o tempo. Seus olhos olhavam diretamente para a porta, esperando Mu Xiao Ya retornar.

Assim que ele voltou do banho, Mu Xiao Ya disse que queria sair e deixou-o esperando ali.

Ke cha!

A porta de madeira foi aberta, e Mu Xiao Ya entrou exalando um  odor de remédio,  fazendo os olhos de Bai Chuan se iluminarem  imperceptivelmente -  seu coração se sentindo inexplicavelmente aliviado.

"Por que o seu cabelo ainda está molhado?" Mu Xiao Ya perguntou. Quando ela saiu agora, Bai Chuan já havia começado a secar o cabelo. Ela calculou o tempo e supôs que já haviam se passado cerca de quatro ou cinco minutos, então por que Bai Chuan ainda estava o secando?

Bai Chuan congelou e parou um pouco sem jeito. Depois de um tempo, lembrou-se de responder a Mu Xiao Ya: "Está seco".

Bai Chuan se sentiu um pouco culpado. Agora mesmo, ele estava esperando Mu Xiao Ya retornar. Por um tempo, ele esqueceu que já tinha terminado de secar o cabelo.

Mu Xiao Ya tirou uma pomada da caixa de remédios, depois se virou e disse ao Bai Chuan que estava sentado na cama: "Tire a camisa e deixe-me ver suas costas." A estrada estava muito esburacada. Mu Xiao Ya temia  que  Bai Chuan tivesse se machucado seriamente e ela não se sentiria aliviada até poder dar uma olhada.

Bai Chuan não hesitou. Na frente de Mu Xiao Ya, ele tirou a camiseta branca que tinha acabado de vestir - expondo a pele branca e brilhante sob as roupas.

"Tosse... Vire-se." Seus olhos estavam ofuscados pela pele de Bai Chuan. Mu Xiao Ya ignorou o constrangimento de seu coração, caminhou até a cama e fez um gesto para ele se virar. Bai Chuan virou de costas, revelando sua pele machucada.

Com certeza, estava azul!

Mu Xiao Ya franziu a testa e olhou angustiada para os grandes hematomas. As pancadas na caçamba ocorreram por um pouco mais de dez minutos. Fazia menos de uma hora que eles deixaram o caminhão, como ele pôde ter se  machucado até esse ponto?

"Está doendo?" Mu Xiao Ya gentilmente tocou suas costas com a ponta dos dedos.

"Dói." Bai Chuan não tem o chamado chauvinismo masculino de homens comuns. Se você perguntar, ele vai dizer que está doendo.

Mu Xiao Ya imediatamente se culpou: "Então por que você ainda me abraçou naquele hora? Você não teria se  machucado tanto assim."

O peso dos dois foi suportado apenas por Bai Chuan, e a força do impacto das costas dele contra o compartimento da caçamba dobrou. Para segurá-la, Bai Chuan só podia usar uma mão para manter o equilíbrio de seu próprio corpo, o que inevitavelmente reduziu seu próprio bem estar. Portanto, a maioria dos hematomas nas costas de Bai Chuan foram causados por ela.

"Pensei que, se eu te abraçasse, eu seria o único machucado." Bai Chuan respondeu.

Com os olhos aquecidos, Mu Xiao Ya de repente teve vontade de chorar. Mesmo depois de duas vidas, Mu Xiao Ya nunca havia pensado nisso. Naquele dia em que ele a abraçou por um tempo, ela ficou tão comovida que queria chorar.

De fato, o professor Feng e a vovó Bai estavam errados. Quem disse que pessoas com autismo não conseguiam expressar emoções? Mu Xiao Ya acreditava que as emoções de Bai Chuan podiam atingir diretamente o coração de outras pessoas.

"Eu... eu vou pegar um pouco de gelo para você." Com os olhos vermelhos, Mu Xiao Ya se virou e saiu. Quando ela caminhou até a cozinha para encontrar gelo, esbarrou na sua amiga.

Meu Marido com Síndrome EruditaOnde histórias criam vida. Descubra agora