Vou sempre preferir as coisas mais íntimas e charmosas

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O ar é gélido e delicado como a sua pele, eu poderia descrever a textura dela com qualquer evento natural que viesse à minha cabeça, mas nada disso seria o suficiente. Eu adoraria ser um poeta antigo para conseguir colocar cada palavra guardada para fora, num lindo poema que ficará perdido em algum quarto, mas nós não temos tempo para isso. Você sempre reclama sobre o meu estranho hábito de relembrar o passado, àquilo que nunca voltará.

- Lembra a primeira vez que viemos aqui? - pergunto, sem olhar para o lado, apenas olhando para o céu, que naquele momento era pintado por um rosa azulado.

- Eu não lembro, desculpa - ele fala, um pouco tímido e com um tom triste por não lembrar de um momento tão crucial da nossa história.

- Nós combinamos durante toda a semana na escola - retiro de um dos bolsos do meu paletó uma foto antiga de final de tarde: eu e ele segurando Ozzy - nós trouxemos o Ozzy, ele não parou de latir até você o pegar no colo - abro um sorriso sem mostrar os dentes e observo ele formar um sorrisinho que não durou mais que cinco segundos enquanto olhava a foto - você parecia mais feliz nessa época.

- Eu era - foi o que ele respondeu baixinho antes de soltar minha mão e se afastar um passo.

Andei alguns passos a frente e pude observar uma imensa árvore florida -
essa é a árvore onde escrevi nossos nomes - eu quis escrever nessa árvore porque ela era a mais bonita e mais visitada de todo parque. Nosso amor já teve muitas visitas, como um museu cheio de artefatos antigos que metade dos visitantes não conhece a história.

Agora não há mais diferença em desmontar mais alguns quartos.

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