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Se lhe perguntasse quantas taças de champanhe tinha bebido, Yoongi não saberia dizer. Sua única certeza era que pegou uma bebida sempre que um garçom passava, só depois de muito tempo que Taehyung o proibiu de beber. Sua raiva agora era direcionada a ele, achando-o intrometido demais por interferir em suas decisões.

一 Tem fotógrafos aqui, Yoongi. 一 Taehyung afastou seu braço para que o outro não pegasse sua taça de volta. Segurou-o pelo quadril para mantê-lo distante e bebeu o champanhe, os resmungos de seu marido podendo ser ouvidos. Entregou a taça ao garçom e rodeou seus braços na cintura de Yoongi, querendo ter certeza de que ele não sairia pelo salão e acabasse passando vergonha. Taehyung estava nervoso, é a primeira vez que Yoongi exagerou no álcool e não sabia o que fazer ou até onde poderia ir sem que ultrapasse os limites entre eles.

一 Eu não me importo. 一 Yoongi tentou focar seu olhar, mas não conseguia evitar ver Taehyung desfocado. Tinha noção das coisas que fazia, mas era a primeira vez que experimentava a liberdade que o álcool oferecia. Fazer o que sentia vontade sem ter medo das consequências era libertador. 一 Quero ir para casa.

Taehyung tentou não gemer frustrado, seu marido o encarava com um semblante tão dengoso que foi difícil não ceder. Não poderiam ir até que o jantar terminasse, mas como Yoongi participaria daquele jantar naquele estado?

Observou-o sorrir para o garçom que se aproximava, mas manteve o aperto firme, negando com a cabeça quando o homem fez menção de se aproximar. Ouviu Yoongi bufar indignado e se preparou para algum comentário maldoso, contudo, o silêncio foi sua resposta.

一 Não tem ninguém olhando, não precisa me abraçar. 一 Sua voz soou baixa, não pela mente confusa, mas por descobrir-se gostar daquele conforto. Há um ano ele tinha Taehyung como seu marido, mas só há poucos dias começou a se sentir diferente quando era tocado. E isso não fazia muito sentido porque não era como se algo houvesse mudado. Tudo continuava exatamente igual. Eram os mesmos toques sutis, as mesmas atitudes atenciosas, o mesmo cuidado.

一 Não quero que caia, caso tente andar. 一 A resposta foi ridícula até para ele, mas não se importou. Há muito tempo guardava seus sentimentos por medo de ser rejeitado, mas a sensação de rejeição nunca o abandonou, afinal nunca teve Yoongi de fato. Nunca existiu gestos espontâneos, atitudes sinceras ou conversas agradáveis. Nada. Por isso, quando recebia aquele tipo de atenção, nas raras vezes em que tinha seu marido vulnerável, aproveitava-se para tentar fazê-lo enxergar o óbvio. Os avanços que teve foram mínimos, mas não ser xingado ou evitado quando se aproximava já lhe eram suficientes. Poder cuidar dele, mesmo que à distância, era satisfatório para quem antes não tinha nada.

Yoongi não pensou muito na resposta que recebeu, aproveitando-se dos minutos que tinha antes do jantar ser anunciado para recostar-se contra o corpo de Taehyung enquanto observava as pessoas ao redor, algumas inseridas em conversas, outras apreciando a própria companhia. Tentou não corresponder quando o marido passou a acariciá-lo nos braços, o carinho tão suave que, à princípio, pensou ter imaginado. Lembrou de encontros anteriores, em como Taehyung agia quando estavam juntos e, para a sua surpresa, o marido sempre o protegeu e cuidou dele até que estivessem livre daquelas pessoas e na segurança e privacidade de sua casa.

Os carinhos, as perguntas preocupadas, a atenção, tudo sempre esteve ali, mas nunca foi percebido por Yoongi, e agora se sentia um bobo por já tê-lo acusado de ser cúmplice dos pais nas várias brigas que tiveram no início do casamento. Apesar disso, naquele momento, ainda que o álcool o deixasse confuso, tinha certeza de que sua mente não estava criando imagens do passado. Taehyung sempre agiu como um marido de verdade e isso só o confundia mais porque ele já tinha lhe dito mais cedo que amava alguém. Como conseguiria tocar nele com tanto carinho sendo que já tinha o coração entregue a outro alguém?

Sempre foi amor [TaeGi]Onde histórias criam vida. Descubra agora