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Um cara tímido...

Ao longo da minha vida essa é a frase mais rotineira que costumo ouvir. Cada vez das 18 repetições dos oscilantes 365 dias do ano que vivi, cada mês, cada mudança, cada pessoa nova.

Errados? Com certeza não estão. É isso que sou e admito ser, apesar de não gostar muito da idéia.

Já participei de alguns "tratamentos" para "desprender" minha alma para fora, esses que não eram nada progressistas e muito menos dignos das cédulas que meus pais fizeram questão de pagar quando eu era criança.

Antes que pense que sou negativista, prefiro informar que meu caso não é tão avassalador quanto provavelmente preguei, e sim, tenho amigos, amigos de longa data, dois amigos de longa data pra ser exato.

Já me acostumei em não ser notado, não ser o centro das atenções e, sempre sinto o estômago embrulhar apenas em pensar em ser. A vida é bem mais tranquila sendo somente um figurante, mas nem tanto, claro, nunca vivi algo muito emocionante e digno de capa de filme, mas acho que tá tudo bem pra mim, ou achava...

Ser figurante, corrigindo, um figurante antisocial, me causa frustrações uma vez ou outra. É totalmente envergonhador eu ter vergonha de simplismente pedir uma pizza; sempre sair correndo pro meu quarto quando alguma visita chega; nunca conseguir cumprimentar ninguém além dos meus pais, alguns parentes, meus dois amigos da escola e a vizinha do lado de casa que tem uns 27 gatos e me dá bolo de fubá todo final de semana; sentir o sangue fugir e o coração acelerar quando estou prestes a escutar "Shim Jaeyoon" e dizer "presente" na chamada estudantil; hesitar um milhão de vezes antes de tirar uma dúvida com o professor ou pedir pra ir ao banheiro, e ainda escutar o típico "fale mais alto" ( particularmente "o gato comeu sua língua?" é o que mais me causa guerras internas, ou "esse menino não fala não?", ódio simplificado)

— Quando é que você vai falar com ele?

Diz um dos meus amigos. Lee Heeseung. Esse tem a cadeira, que o mesmo fez questão de separar da mesa enquanto esperamos o próximo professor entrar em sala, posta perto da minha. Ao lado dele tem o Jay, também em uma cadeira azul, e eu de frente pra eles apoiando apenas a lateral do meu corpo na costa do meu assento,  formando assim a nossa imensa rodinha.

— Q-quê? — digo desconcertado após ter sido pego nos meus "estudos" diários do novato que sempre senta na segunda carteira ao lado da parede direita, acredito que seja porque ele costuma e provavelmente adora encostar a cabeça na mesma enquanto assisti as aulas que considera menos empolgantes, que segundo minhas observações, são artes, história e filosofia.

— Não se faz de sonso Shim — Agora quem fala é Jay — Desde o dia que ele chegou nessa escola você fica assim...

— Sim. Já faz mó cota que ele chegou, pudia já ter tomado alguma atitude, né?

— Ele chegou só tem 10 dias! — destaco o óbvio.

— 10 dias? — fala Heeseung rindo de canto e eu concordo plenamente — Que número específico, eu não lembro nem o que tomei no café da manhã hoje.

— Ele ficou marcado — provoca Jay, rindo baixinho e me fazendo encolher.

— Só lembro porque foi no dia que lançou aquele filme do...

— Tá sujo — O indicador de Jay  aponta pra meu queixo e rapidamente passo os dedos para limpar, não encontrando nada eu o encaro confuso e ele completa — Do tanto que você baba pelo Park Sunghoon.

My Secret Love - JakeHoonOnde histórias criam vida. Descubra agora