Tulipa Ruiz

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Frio.

Estava excepcionalmente frio esta noite. 

Tão frio, que Harry jura de pés juntos que foi a neve que congelou a memória do seu loiro. Ou isto, ou ele realmente esqueceu o seu aniversário.

Draco passou seu sábado de folga em casa, longe de toda a papelada e responsabilidades do hospital que dirige. 

Pela manhã acordou mais cedo, deixou o café com leite do marido na cozinha em sua habitual caneca de poá, e seguiu direto para a varanda onde passou o dia trancado.

O dos cabelos desgrenhados preocupado, fez uma sopa e levou para Draco na hora do almoço. 

Nada de febre.

Nenhuma crise.

Nada de errado.

O louro estava tocando seu violão e deixou de dedilhar as cordas por não mais de um segundo, sorrindo para Harry e murmurando um 'obrigado' mas logo voltando a atenção para o instrumento em mãos.

Ele deve estar me fazendo uma surpresa, pensou.

Aparentemente, não estava. 

Harry recebeu ligações e mais ligações, dos Weasley, de Hermione e Ronald, Neville, Luna, até mesmo de Narcissa que estava em um cruzeiro em Veneza.

E sempre que Draco gritava do lado de fora quem era e era respondido, apenas dizia: mande um oi por mim.

O que havia de errado com ele?

À noite, quando o cacheado foi à varanda para levar um sanduíche de atum para o marido, viu pelo vidro da porta que a sopa e o violão permaneciam nos mesmos lugares; na mesinha de centro e em seu colo, respectivamente.

Certo de que não teria mais nenhuma interação com o marido no dia e profundamente magoado, Harry foi se deitar.

Ele estava muito decepcionado consigo mesmo.

Será que havia irritado Draco? Será que ele se esqueceu? E se não o amasse mais? Será que pediria o divórcio? E se ele tivesse um amante? Ou outra família?

Sua mente estava indo para rumos inesperados e desesperadores, o fazendo chorar baixinho abafado pelo travesseiro macio.

E foi com a cabeça doendo e as lágrimas secas ao rosto, junto aos óculos embaçados que esqueceu de retirar que Harry adormeceu.

Não por muito tempo.

– Ei, Hazzi. –  acordou com o peso de um corpo em volta de seu eixo e um sussurro de Draco pressionado contra seu pescoço.

Harry, ainda sonolento, virou-se devagar para Draco que agora estava deitado ao seu lado na cama.

Piscou algumas vezes vagarosamente, um tanto atordoado e bocejou em resposta.

– Você tava chorando? – Harry engasgou levemente com a pergunta, de repente acordado, e fazendo que não com a cabeça. – Oh querido, você estava! 

Draco o envolveu novamente num abraço desajeitado e murmurou 'desculpa' várias e várias vezes contra a pele branca, apertando-a cada vez mais e a enchendo de beijinhos.

Soltando o marido vendo que este ficou sem jeito, Draco disse:

– Vem cá. 

O loiro ajudou o de óculos a se levantar, retirando-os. Enxugou as lentes em seu próprio moletom, e os estendeu para Harry novamente.

Draco o puxou da cama, lhe estendeu um casaco seu que estava pendurado na cabeceira da cama, e o guiou para a varanda.

Harry só o seguiu, meio perdido.

Só Sei Dançar Com VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora