Nosso cérebro é sem dúvidas incrível.
Ele pode ser surpreendente, mas também nos decepciona. É como criar um animal selvagem dentro de casa; você cuida, alimenta, dá amor, mas no fundo, bem lá no fundo, você sabe que um dia, distante ou não, ele vai te atacar. Porque esse é o seu instinto. Assim como o ser humano, ele te machuca, acreditando que está te protegendo.
Mas a parte que realmente nos lesa em nosso cérebro, é que ele tem o poder de te fazer lembrar, quando seu único desejo é esquecer.
Esquecer aquela pessoa, aqueles momentos e aquela vida que você vivia antes de acordar em uma sala hospitalar e descobrir que tudo foi uma farsa, e que seu maior e único inimigo, mora dentro da sua cabeça.
°~°
Jimin ainda se lembra de sua primeira namorada, seu rosto era bem claro em sua mente. E aquilo era irônico para si, pois após o término de ambos, Jimin acabara por virar um doente romântico incurável que perdeu longos meses ao lado de alguém que simplesmente não valia a pena, mas ele simplesmente não admitiria.
Ele passou um dia inteiro dentro de casa chorando e alegando que sua vida não valia mais nada, ele tinha apenas 13 anos, como poderia saber que existe algo além de encontrar uma namorada? Ele era só mais um adolescente idiota que caiu na ladainha dos colegas de classe. Como ele poderia amar tão verdadeiramente alguém quando tinha apenas 13 anos? Quando ele não tinha a mínima noção do que era o amor.
Desde aquele dia, Jimin prometeu para si mesmo que nunca mais amaria ninguém, porque não queria passar pela dor do abandono novamente.
Na noite passada lendo a cartinha com a promessa antiga que havia feito naquela época, ele pôde rir e afirmar com confiança, contradizendo o que sempre lhe disseram: "O primeiro amor pode ser superado, basta insisti-lo em sua mente, que ele desaparecerá como fumaça." Porque tudo que insistimos em lembrar, nos faz esquecer.
É, ele sentia-se um bobo por ter prometido isso no passado, pois agora ali estava ele, andando apressado pelas ruas do centro de Seoul, com o objetivo de chegar logo em casa para encontrar lá, seu amor.
A visão era um tanto limitada quando seus cabelos loiros e ressecados cobriam seus olhos, indicando que o vento estava contra ele. Ele, como sempre, estava alheio a quase tudo em sua volta. As pessoas, os animais, as estrelas, a lua, tudo, a única coisa que o importava agora, era quem provavelmente estaria o esperando em casa. Suas mãos enterradas nos bolsos do moletom em busca de algum calor para a noite fria da capital, era inevitável se sentir bem e mal ao mesmo tempo, porque o ar fresco era simplesmente libertador, mas aquele vento gelado trazia a sensação de estar só, e nem é de forma boa. Como quando você dá de cara com a morte, a parte ruim é estar morrendo, mas a boa é sentir-se finalmente livre do mundo.
Um fato que nunca mudou desde que o pequeno Park se entendia por gente, era que ele odiava pessoas, simplesmente por serem elas. Ele se odiava por saber que vivia em sociedade, que tinha que conviver com pessoas todos os dias. Ele implorava aos céus agora para chegar em casa depressa, e quanto mais ele implorava, mais pessoas esbarravam em si, como se fizessem de propósito - um castigo divino por odiar a própria espécie -, e ainda não havia recebido nenhum pedido de desculpas, apenas faces indiferentes que gritavam por cuidado.
Ele agiu como sempre fez, ele ignorou todos, o mundo inteiro, só seguiu para o que o interessava. Ele só precisava seguir um caminho e ficaria tudo bem.
Só um pouco mais, Jimin, ele repetia isso em sua mente como um mantra. Ele queria chegar em casa e se esconder em seu quarto, se esconder do mundo, como uma formiga.
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Imagise • jjk + pjm
Fanfiction"Crescer, amadurecer, desenvolver", são palavras diferentes mas com o mesmo objetivo. É preciso muito esforço para obter um resultado. "Felicidade", uma única palavra, um sentimento. Muito mais fácil de obter, não precisa de ninguém para ser feliz...