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~~Oneshot~~


Sua boca estava seca, os lábios movendo-se lentamente enquanto a língua umedecia-os. Nada estava acontecendo, suas reações eram obtidas simplesmente pela expectativa do que iria acontecer naquela noite e do sorriso que recebia vez ou outra quando os olhos de Taehyung pousavam em si. Yoongi ansiava, adorava aquele tipo de jogo, uma brincadeira feita em meio à tantas pessoas, mas que apenas eles controlavam. Ou melhor, apenas Taehyung controlava.

As três indicações pela Gaon Chart Music Awards vieram sem muitas surpresas. O sucesso causado pelo álbum Map of the Soul: Persona rendeu diversas outras indicações. Apesar disso, a animação e o orgulho pelo trabalho reconhecido eram sempre os mesmos. Era gratificante ver seu trabalho obtendo o sucesso que merecia, ver os sorrisos dos meninos a cada indicação e o prêmio recebido só o mostrava que estava no lugar certo, com as pessoas certas. Eles eram sua família, amava todos eles, por mais reservado e introvertido que fosse.

Yoongi sempre prezou o profissionalismo. Desde o debut buscava manter a neutralidade, receoso de que acabasse saindo do grupo por algum motivo estúpido. Com o tempo, viu-se perdido em meio à conversas pessoais, madrugadas reunidos em frente à televisão vendo filmes e bebendo soju e o mais estranho de tudo... ter Taehyung invadindo sua cama no meio da noite para, em suas palavras, "conseguir dormir melhor".

No início foi estranho. Quando soube que vez ou outra ele ia para a cama dos outros para dormir, achou a situação completamente sem noção, embora soubesse da necessidade de Taehyung de estar próximo, de receber carinho e certos mimos. Contudo, a primeira vez que ele deitou em sua cama foi bizarro. Taehyung não o acordou, não pediu permissão, apenas deitou-se encolhido ao seu lado e dormiu. O movimento da cama tinha lhe acordado e permaneceu em silêncio querendo saber se aquilo realmente estava acontecendo ou era um sonho.

Quando acordou, a primeira coisa que sentiu foi o aperto em sua cintura e um corpo colado em suas costas. Suspirou, indignado, mas não se atreveu a acordá-lo. Taehyung tinha péssimas noites de sono e, naquele momento, parecia tão relaxado que não conseguiu ser rude. Ainda era cedo, os outros dormiam em seus quartos frente ao silêncio da nova casa. Pegou o celular perdido em meio às cobertas e olhou a hora, o dia mal amanhecendo lá fora.

Encarou a parede branca a sua frente, o corpo quente atrás de si tão macio e confortável. Perguntou-se se Taehyung costumava dormir abraçado ao travesseiro para tê-lo agarrado no meio da noite. Será que fazia o mesmo com os outros membros? Seu estômago revirou com a ideia e recriminou-se pelos pensamentos indesejados. Jamais pensou nos garotos com outros olhos, sua bissexualidade não sendo motivo para se esconder. Eles o conheciam e o respeitavam. Mesmo assim o medo sempre esteve presente, principalmente quando Taehyung estava envolvido.

Não sabia dizer quando foi que começou a reparar nele, sempre preferiu homens mais velhos, mas quando percebeu que seus olhares não eram mais os olhares castos que entregava aos outros, culpou-se. Taehyung era três anos mais novo que ele e Yoongi não conseguia entender o que o atraía tanto. Aquele garoto parecia um misto de personalidades distintas, a inocência e a luxúria tão bem equilibradas que o desnorteava.

Não seria ingênuo ao dizer que não percebia os olhares direcionados a si. Já perdeu as contas de quantas vezes Taehyung o encarou completamente vidrado em suas ações, desde a momentos comuns do dia a dia até quando trocava de roupa nos shows. Era sutil, mas lá estava o desejo, a curiosidade. Então tê-lo ali, deitado e agarrado a si, provocava-lhe sensações que lutava para manter escondidas. Não pretendia expor, na esperança de que tudo aquilo fosse momentâneo ou causado por uma carência boba.

Respirou fundo, o movimento de seu corpo fazendo com que Taehyung se mexesse atrás de si. Prendeu a respiração no meio, com medo de que o outro despertasse e os visse assim. Não saberia dizer, contudo, se o medo era proveniente de Taehyung vê-los assim ou dele acordar e deixá-lo sozinho. Por mais que odiasse admitir, gostou da sensação reconfortante de estar nos braços dele, do calor que o relaxava e o deixava letárgico, do corpo maior que o seu, da firmeza com que era preso pela cintura.

A arte da exibição [TaeGi]Onde histórias criam vida. Descubra agora