Cinquenta Tons de Perfeição

Acordando mais velha.

Aniversários, são sempre a mesma coisa, você acorda com toques de mensagens, e-mails, recados nas redes sociais, amigos e familiares nos parabenizando e soltando suas velhas piadinhas típicas da data, uma monotonia total. Era assim comigo também, até eu possuir a família perfeita. Hoje aniversário para mim significa renovação, é sinal de que pude passar mais um ano na terra e recomeçar outro, ao lado das pessoas que eu mais amo no planeta, com eles não existe monotonia ou mesmice, todos os dias são diferentes e esplendidos. Hoje eu acordo um pouco mais velha, mas de que isso importa? Sabe por que isso não importa? Afinal ele estava lá, Christian Grey, do meu lado e dormindo como um anjo, acordo e posso sentir ele vivo, seu calor me faz lembrar de que ele está lá, sua respiração é a certeza de que eu o tenho e isso é meu presente mais importante, sem dúvidas. Apenas isso me basta! Ainda meio sonolenta escuto um choro infantil, baixinho e melódico, daí eu tenho plena certeza, sim, vale a pena estar mais velha porque isso é sinal de que eu posso acompanhar cada segundo ao lado deles três. Vou correndo ver Phoebe no quarto ao lado, que acorda naquele momento, com seu chorinho de fome, então vejo a competente Sra. Jones acalentando-a e com uma mamadeira cheia. Com minha descoordenação em levantar da cama acabo acordando Christian, quando volto ele me puxa para si, me dá um abraço forte, me beija castamente e canta ao pé do meu ouvido o "parabéns pra você" mais lindo que eu já escutei em toda a minha vida, não posso conter as lágrimas que caem do meu rosto. Simplesmente amo ouvir o Christian cantar.

- Fui tão mal assim na minha interpretação? - Ele brinca, sorrindo o sorriso mais lindo que consegue dar de manhã.

- Até parece, ahhh meu amor, sua voz é como um bálsamo, eu acho que poderia estar passando pela tormenta mais devastadora, se eu ouvisse sua voz tudo se dissiparia em um segundo.

De repente Christian levanta da cama como um raio, waw, quanta disposição logo de manha! Ele pega uma fita de cetim cor de cinza e amarra meus olhos pedindo para que eu fique quieta.

- Meu marido quer comemorar tão cedo?

- Pedi que ficasse quieta, Sra. Grey, está me desobedecendo?

Logo sou surpreendida com algo em minhas mãos, grande e pesado, e bom antes que pensem em algo mais obsceno é uma caixa, eu apalpo e aparenta ser de madeira fina, me parece ter algo talhado em relevo na tampa, são letras. Fico bastante curiosa, e sem me deixar ver ele pede:

- Destampe e tente adivinhar o que tem aí dentro, Ana, vamos, agora.

Assim o faço, pego o que parece ser um pacote de dentro, bem embrulhado, algo pesado, mas não consigo adivinhar logo de cara, apenas sinto que em cima do embrulho há um papel de foto colado.

- Bom, deixe-me ver Sr. Grey, parece uma... caixa de bombons! – digo pensando ter acertado em cheio.

- Está muito, muito frio Sra. Grey. Se você errar novamente vou te castigar por ser uma Grey tão inexperiente em descobrir o que seu marido andou aprontando.

- É que você é um Grey muito competente em fazer surpresas, só isso. Não tenho direito a nenhuma pista, mestre do universo? – digo rindo, zombando dele.

- Oh, ela está rindo de mim e quer uma pista! Deixe-me ver, é algo que eu mesmo fiz, então, tem um valor inestimável, certo Sra. Grey? – ele diz e mesmo vendada percebo que um sorriso contorna seu rosto perfeito.

- Waw! Certamente que sim! É... uma coleção de cds com todas as nossas músicas preferidas? – interrogo me divertindo daquilo tudo e tentando descobrir o que tem no misterioso embrulho.

- Bela tentativa Sra. Grey, mas mais uma vez falha. Estou começando a bolar um castigo mentalmente.

Essas palavras saindo da boca dele ainda me fazem criar borboletas no estômago. Por fim como erro todas as alternativas ele me libera da venda e fica a enrolando-a em sua mão, olhando para mim com um olhar ameaçador, depois solta um sonoro "não adivinhou, terá o castigo que merece". Puta merda, apenas isso foi o suficiente para que minha virilha reagisse em instantâneo, porém fugo do seu olhar e me concentro no embrulho. Na tampa da caixa há um laço vermelho e os nomes “Christian e Ana” com uma tinta prateada em relevo. Oh ceús, a letra do Christian!. Eu olho incrédula. Em cima do papel do embrulho há colada uma foto nossa, uma daquelas que saiu no jornal, acho que a primeira que tiramos juntos. Olho, desacreditada. Fico curiosa, o começo de tudo... Será? Quando finalmente abro o pacote cuidadosamente, sem rasgar a foto, claro, me deparo com um caderno, com uma capa muito bem elaborada artesanalmente, nosso nome também impresso nela. Olho para ele com um olhar interrogativo.

- Abra, baby! - ele ordena.

Mandão como sempre, então abro, folheio as folhas do caderno e vejo que a letra de Christian está estupidamente desenhada em muitas delas, e também posso ver fotos coladas em outras. Mal posso acreditar, ele escreveu com o próprio punho a nossa história de amor resumidamente, claro, em um caderno de recordações, do começo até os dias de hoje, desenhou corações, declarações. Ainda meio aérea tentando processar tudo aquilo leio uma parte em que está escrito: “...aquele momento para mim foi de total sensação de perda, ainda que meu coração conhecesse o inferno, eu juro que ele diria que nunca viu nada como a noite passada". Na mesma hora vi que ele retrata a noite em que o deixei, lágrimas ameaçam rolar dos meus olhos, droga, não só ameaçam, ele me abraça ternamente e eu posso sentir seu corpo tenso. Ao me soltar abro mais um pouco e leio mais um trecho, minha respiração tende a falhar: “A melhor coisa de se fazer na vida é vê-la dormir, Ana, posso estar passando pelo pior pesadelo, mas quando a vejo dormir meu mundo cinza se torna colorido...”

- Tenho plena certeza que esse caderno é a joia mais rara que possuo, a partir de hoje. - Digo com a voz ainda vacilante.

- Passei um ano o elaborando, espero que goste. Ele fala passando o polegar no meu lábio inferior e depois enxuga minha lágrima. 

Christian pede que eu espere e sai de porta a fora, eu fico folheando aquele caderno, incrédula, ele escreveu cada palavra, cada linha, com o próprio punho, meu Deus será que eu mereço? Eu me esforço para ser uma ótima esposa e uma mãe exemplar, mas ainda hoje me pergunto o que eu tenho de especial para que este homem me surpreenda a cada dia. Absorta nos pensamentos eu vejo a porta abrir e minhas outras duas preciosidades entram com o Christian. Ted andando com um enorme urso de pelúcia em formato de coração com dois braços abertos, bem maior que ele, escrito “eu te amo”.

- Ele mesmo quem escolheu. Diz Christian sorrindo como um bobo, entrando atrás de Teddy.

- Parabéns mamãe, você é a melhor mãe do mundo. – Ele diz subindo na cama e me entrega o urso junto com um cartão. Instantaneamente eu o abro, uma melodia suave começa a tocar e noto que uma caligrafia pontilhada e desalinhada pela pouca idade do meu filho, mas que apesar dela já escreve com pontinhos, estampa lindamente a folha.

“Querida mamãe, eu te amo tanto sabia? Se eu tivesse outra mãe, eu ia bater nela e ia correndo te procurar. Obrigado por a senhora ser minha única mãe.

Com amor,

Teddy Grey”

Oh céus, eu gargalho. Isso é a coisa mais linda que eu já li em toda minha vida. Quão controlador e possessivo Teddy é?! Acho que ele tem a quem puxar. Bater?! Meu Deus, até nisso o menino se parece com o pai. Genética, é realmente algo encantador.

- Meu filho, que lindo, a mamãe te ama muito também, obrigada pelos presentes tão fofos!

- Sabe mamãe, o papai me ajudou a escrever ele e eu fiquei beeeeeeem quietinho guardando o segredo. – Teddy denuncia.

- Claro, filho, é claro que ele ajudou! – digo caindo em gargalhadas e enchendo meu pontinho primogênito de beijos.

Christian sai gargalhando também e de repente vejo algo se movendo como uma bala no meio do quarto, é Phoebe engatinhando em direção a minha cama e logo em seguida Christian ressurge com um bolo sabor baunilha todo decorado com morangos, faiscando nas mãos. Pego Phoebe nos braços e como se ela entendesse abraça meu pescoço fortemente, então escuto o 2° "parabéns pra você" da manhã desta vez iniciado por Teddy e seguido pelo Christian, Phoebe apenas bate palminhas eufóricas, sorrindo daquilo tudo. É o coro mais lindo que meus ouvidos podem escutar, claro, me sinto a pessoa mais sortuda de todos os tempos naquele momento, não acredito que posso ser tão amada. Depois de assoprar a velinha, fazer o pedido típico e dividir o 1º pedaço de bolo em 3 ficamos novamente eu e Christian sozinhos no nosso quarto. Volto para o caderno e vejo que está escrito até um pouco mais que a metade, olho para Christian e como se ele pudesse ler meus pensamentos pergunta:

- Sabe por que deixei folhas em branco neste caderno, Ana?

- Não meu amor, me diga. – digo balançando a cabeça em negativa.

 - Porque quero continuar escrevendo essa história, a partir de hoje juntamente com você!

CONTINUA...