incursão

Tempestade

Levi estava sentado na mesa junto do restante da tropa, enquanto todos tomavam o café da manhã e conversavam aleatoriamente, o capitão da tropa de exploração, apenas observava a xícara com café preto que tinha em mãos. Totalmente alheio das conversas que aconteciam ali.

Hange e Sakura estavam atrasadas.

Não que ele já não estivesse acostumado com os atrasos da Zoe, essa aí ele já nem se preocupava mais, era sempre estressante esperar que ela fosse pontual, sendo que nunca conseguia cumprir os horários.

Mas a Haruno era pontual, inclusive, era sempre ela quem preparava o café da manhã para todos. E foi quase um choque quando a tropa chegou na cozinha e não encontrou nada, muito menos a garota. Eles mesmos se dispuseram a cozinhar, sem ao menos reclamar. Levi ouvia alguns cochichos de que talvez Sakura estivesse cansada demais do dia anterior, que ela realmente precisava de repouso por causa de seus ferimentos. O que deixou o Ackerman bastante desconfortável.

Se ela precisava de repouso, era por culpa dele. Porque tinha sido um completo estúpido e grosseiro, por não conseguir controlar sua força e acabar por machucá-la. Mesmo que a garota não tivesse demonstrado nenhum incômodo com aquilo, deixando claro que estava tudo bem, Levi ainda sentia um leve amargo na boca só de se lembrar do ferimento profundo que ela tinha na perna e que o mesmo havia avaliado.

Ele encarou o café preto em sua xícara mais uma vez, se esforçando para não pensar na garota e resistir ao ímpeto de ir até seu quarto para ter a certeza de que ela estava bem. — As vezes chegava a amaldiçoar a alma de Erwin por isso, por ele ter lhe dado um fardo tão pesado para carregar. Ter de mander a filha de seu melhor amigo viva e segura, não estava sendo uma tarefa muito fácil. E olha que a garota era extremamente dócil, apesar de no começo ela ter sido bastante arisca com o Ackerman, até aquele lamentável dia.

O maldito dia que Levi teve a absoluta certeza de que a tinha perdido, de que por uma imprudência sua, ela tinha ido encontrar com a alma do pai dela, onde quer sei lá ele estivesse. Só de lembrar daquele momento tenebroso, Levi sentia suas mãos tremerem, o que lhe obrjgou a deixar a xícara sobre a mesa para que ninguém reparasse.

Um estalo da porta principal, fez com que todos se voltassem para trás, inclusive Levi que esperou ver a garota de cabelos roseos passar por ali. Mas observou apenas Hange, que colocou apenas a cabeça pra dentro do cômodo, varrendo o local com os olhos até pousar sobre o capitão.

— Levi, pode vir até aqui?

O tom de voz dela era controlado, mas o Ackerman reparou bem que ela nem se quer havia cumprimentado os outros como sempre fazia, o que indicava que ela estava com pressa. Ele se pôs de pé no segundo seguinte e seguiu em passos rápidos até a porta.

Saiu do cômodo e encarou a nova comandante que não tinha uma das melhores expressões. O bolo subiu em sua garganta, havia algo de muito errado acontecendo, pressentia isso.

— O que aconteceu, Hange? — Questionou sem muita paciência, tentando controlar os tremores em seu corpo que se intensificavam mais a cada segundo.

— É a Sakura... Ela...

Aquilo foi tudo o que Levi precisou ouvir para virar sobre os calcanhares e desatar a correr para o lado oposto do corredor, nem permitindo que Hange terminasse a frase. Ele ignorou tudo e a todos, atravessando o longo corredor em questão de segundos, alcançando o saguão que dava acesso às escadarias para o segundo andar. Nem se apoiou no corrimão, o moreno apenas subiu os desgraus, pulando de dois em dois, constantemente ignorando a ardência em seus pulmões que imploravam por uma boa quantidade de ar. Ele tocou o piso de cima e prosseguiu automaticamente na direção do quarto da garota, desacelerando um pouco seus passos, tentando repor um pouco do oxigênio perdido. Mas quando puxou o ar com força, sentiu suas pernas tremerem e quase vacilarem. Estava sentindo a mesma sensação que teve há algumas semanas atrás quando jurara que a tinha perdido pela primeira vez.