You Are Not Alone. Será? - Livro II da Trilogia Uma História de Recomeços

CAPÍTULO 2

Aceitei ir visitar Alan, quero nem imaginar se meus pais ficarem sabendo. Acho que Otávio me deserda de vez.
No entanto, houve um contra tempo, o advogado me explicou que por eu ser menor de idade eu teria que ter uma autorização por escrito de um dos meus responsáveis, uma espécie de emancipação. Me dando plenos poderes sobre mim e me tornando capaz de tomar decisões, como aquela de ir visitar um preso de alta periculosidade.
Alan ficou frustrado, ele dizia que não via a hora de me ver. Eu também queria muito vê-lo, sem perceber Alan tinha se tornado alguém muito importante na minha vida. Me fazia várias promessas de quando saísse de lá.
Inclusive de me levar com ele quando fosse embora do país, dizia que não aguentava mais aquela vida. E quando a *"Lili cantasse"* ele não voltaria para o tráfico, que iria morar com seu pai em Londres e que eu iria junto, nem que ele me sequestrasse, pois não ia conseguir viver longe de mim.
Ouvi-lo me deixava em êxtase, meu sonho sempre foi ir embora. Meu curso de inglês teria uma grande serventia.

Até que eu bolei um plano, minha mãe nunca aceitaria se soubesse e Otávio nem de longe seria uma opção.
Então eu disse que precisava muito que ela assinasse aquele papel para que eu pudesse entregar no trabalho, se não eu poderia perder a minha vaga de menor aprendiz. Juro que quase desisti, enganar a minha mãe era tudo que eu não queria no mundo. Ela não merecia. Mas eu tinha o direito de tomar minhas próprias decisões, afinal Alan estava me prometendo uma vida muito diferente da que eu vivi até ali.

Finalmente ela assinou, como confiava muito em mim nem leu direito. Eu sempre fui tão responsável.

****

- Fala meu amor. Ansiosa para amanhã?

- Oi vida. Nossa nem fala. Tive que inventar que vou a praia com umas amigas e que vou sair bem cedo para aproveitarmos bastante e não correr o risco de Otávio estar em casa e me barrar. Minha mãe nem questionou quando incluí Otávio, era bem capaz que ele fizesse mesmo.

- Isso vai acabar amor. Quando eu sair daqui você vai ter uma vida de rainha. Esse cara nunca mais vai te humilhar.

- Tá bom. Acho que nem vou dormir essa noite. Tô muito animada. E com um pouco de medo, confesso.

- Não tenha medo. Nada vai te acontecer. Ah, você recebeu o dinheiro que mandei entregar?

- Sim. Já comprei tudo que me pediu. E falei com a tia responsável pela organização no ônibus, ela vai me levar onde preparam a comida que você falou.

- Pow, comida maior gostosona. A mulher do amigo comprou na última visita. O que sobrou ele dividiu aqui com nós. Porradona, sem neurose.

Eu ri com aquele intusiasmo, acho que não era só eu que estava empolgada para o dia seguinte. - Então até amanhã meu amor, vou tentar dormir para estar bem disposta.

- Boa Noite meu anjo. A partir de amanhã é o que você será pra mim. A pessoa que me ajudou quando eu não tinha mais ninguém. Obrigada por ser você.

Ele falou e desligou, me deixando ali igual a uma bobinha apaixonada com aquelas palavras. Percebi que eu era capaz de tudo para vê-lo feliz. Era a primeira vez que eu me apaixonava. E que engraçado, eu nem havia o visto ainda.
Vi somente algumas fotos em um visita que fiz a sua mãe a pedido dele. Mas eram de 5 anos atrás, de antes de ele ser preso. Uma foto não me deixou contente, ele com Yasmin abraçados e sorrindo, os olhos deles brilhavam, mostrando o quanto se amavam.
Mas logo tratei de não olhar, afinal eles nem estavam mais juntos, ela simplesmente abandonou ele lá, nem deu sem sequer uma satisfação, apenas sumiu no mapa. Ele até mandou os amigos procurar por ela. Mas depois de perguntar por toda a favela. A única coisa que disseram é que tinha parado um caminhão baú na frente da casa dela e levado tudo, de manhã bem cedo, antes mesmo que todos acordassem.