Nosso romance

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Eijirou Kirishima

Lia pela quarta vez a mesma revistinha do Crimson Riot, mas não é minha culpa, ok? Ele é muito másculo. A livraria fica bem vazia a noite, então aproveito para organizar algumas coisas e ler alguns livros, só pra cumprir o horário mesmo e ir embora. Dei uma pausa da leitura e girei o pescoço, aproveitei para prender o cabelo novamente em um rabo de cavalo pequeno, porque estava com preguiça de arrumar ele.

Sem dúvidas trabalhar na biblioteca foi a melhor escolha, além de receber bem, também tenho desconto nos livros, vantagens e mais vantagens. Sem contar que não prejudica minha rotina da faculdade. Na época eu precisava de emprego, pois tinha sido demitido do estágio e não podia ficar sem pagar o aluguel do apartamento, então Mina arrumou uma entrevista e voilá. Gostaria de dizer que meus pais me receberiam de volta, mas fui expulso de casa por eles, após assumir ser gay, isso é triste, porém, felizmente fui acolhido pelos amigos e mesmo depois de pedirem perdão pelo erro, escolhi continuar morando sozinho. Coloquei os braços pra cima estralando o corpo e sai dos pensamentos com o som do sininho, indicando a chegada de alguém.

- Boa noite!- Desejei alegre, porém não foi recíproco. O homem de cabelos loiros apenas passou por mim, falando "tsc" e, por mais estranho que parecesse, achei muito másculo. A postura firme e rosto irritado, atraiu minha atenção de alguma forma.

O menino caminhou alguns segundos, entre uma prateleira e outra, parando na sessão de mistério, pode ter sido impressão, mas jurei que ele me encarou? Não Eijirou, você nem usa drogas e tá alucinado. Sacudi a cabeça e comecei a batucar os dedos na bancada, uma música aleatória da Rihanna, tentando me dispersar dos movimentos do loiro, funcionou, porém quando ele parou em frente a mim, não pude mais ignorá-lo.

- Posso ajudar?- Perguntei oferecendo um pequeno sorriso. De novo, nada recíproco. Os olhos deles eram brilhantes e vermelhos, acho que percebeu o meu olhar, pois alguns segundos depois limpou a garganta e virou o rosto.

- Os livros. Quero levar.- Respondeu em tom grosso.

- Oh, sim, claro!- Ao notar os livros na minha frente, fiquei com vergonha. Se antes não estava claro que eu estava secando ele, agora está mais que claro. Peguei o primeiro livro "E não sobrou nenhum", parece bom, embaixo "1984", já ouvi falar bastante e estou enrolando para ler e por último, finalmente um conhecido "Vermelho, branco e sangue azul"? Agora sim, estou surpreso!- Esse livro é muito bom, li duas vezes.- O homem pigarreou e pude jurar que estava ficando vermelho.

- Para de enrolar e diz logo quanto deu!- Engoli seco e sorri sem graça coçando a nuca.

- Si-sim, quer fazer cadastro? Se você fizer, na compra de dez livros você pode escolher um de graça.- Enquanto digitava os códigos, expliquei ainda sem graça.

- Tanto faz.- Vou levar isso como um "sim".- Meu nome é Bakugou Katsuki.- Continuou dando outras informações e o cadastrei. Certo, investir ou não? Eis a questão. Tenho alguns segundos para decidir antes dele sair. Bem, sei que ele lê livros gays, mas isso não torna ele um, porém... também temos o fato de que Bakugou é muito másculo. Como diria Denki, "A vida é uma só".

- Bakugou!- Chamei alto e ele parou com a porta de vidro entreaberta, me encarando.- É, bem, eu queria saber se você gostaria de trocar números, sabe? Pra eu te mandar umas novidades da livraria e, hm.- Engoli seco, parecia um virgem, bvzão falando.- A gente conversar.- Sugeri quase como um sussurro, porém pelas sobrancelhas arqueadas ele com certeza ouviu.

- Não tô interessado.- A frase me quebrou um pouco, faz tempo que não tomo partido em algo assim. Aproveitei o embalo triste e guardei as coisas para ir embora.

[...] Algumas semanas depois

Bakugou ainda aparecia na livraria as vezes, usando do mesmo esquema, pegar três livros e colocar o gay por último. Não consegui evitar um breve sorriso na quinta vez fez feita e, aparentemente e ele não gostou, tanto que não aparecia a três dias. Com esse meio tempo, consegui descobrir algumas coisas sobre Katsuki, ele era grosso por natureza e gostava de livros de mistério e romance, por sinal tinha vergonha disso.

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