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Essa eu fiz pro nosso amor

Estava no meio da madrugada, o céu da noite estava mais estrelado que o comum.

Nagato franziu os olhos admirando a paisagem a sua frente. As madrugadas costumavam ser esmagadoras e torturantes, mas aquela estava destrutiva até demais.

Os belos olhos verdes estavam marejados, apreciando a bela noite e a pouca natureza da grande cidade.

Ele odiava natureza, amando-a na mesma medida.

Não entendam mal, ele apenas odiava mato e mosquitos, mas, amava os animais, amava as estrelas, o cantarolar dos pássaros, e tudo que transmira paz a si um dia.

Um dia.
A alguns anos atrás, não traziam mais paz para si.

Havia se tornado frio.
Indiferente.
Vazio.

O cantarolar dos pássaros não eram mais tão belos.
O som da chuva, do riacho, não passava de barulho.

Havia uma única coisa em sua vida que lhe fazia sorrir.
A voz dele.
O sorriso dele.
Ele.

Essa eu fiz pra nós dois bêbados
Dançando numa festa de gente rica e sem graça

Era errado dizer que a felicidade do outro era sua?
Seria errado eu dizer que o sorriso dele causava o meu?
Seria errado eu dizer que, me arrastaria em uma existência medíocre e sombria, apenas para vê-lo pela manhã?

Seria errado viver por alguém, e querer morrer por ele também?

Não sabia a resposta, apenas sabia que estava disposto à aquilo por Yahiko.
Mas, será mesmo?

Sentiu o vento gélido bater em seu rosto, causando um rubror em suas bochechas, esfriando ainda mais as lágrimas que rolavam sob as maçãs de seu rosto, e sua pele pálida.

Aproveitou a sensação boa que aquilo causou em seu corpo, fechando os olhos e se permitindo, finalmente, chorar por tudo que o consumia.

Permitindo-se desabar.
Sozinho, durante à madrugada, em uma ponte qualquer. Observando a noite estrelada e o riacho abaixo de si.

Fechou os olhos, respirando profundamente, sentindo o máximo possível.

Queria um sinal.

Queria algo que o lembrasse que estava vivo. Uma sensação que o provasse que não estava apenas vivendo mecanicamente por outra pessoa.

Mas, não havia nada.
Não apareceu alguém para tocar em seu ombro e lhe assegurar que tudo ficaria bem.
Alguém para lhe dizer para não pular.

Porque, era aquilo, estava sozinho.
Sozinho consigo mesmo e com seus problemas.
As coisas não melhorariam, ele sabia disso.
A sensação de morte o acompanharia ainda que respirasse.

E, com alguma sorte, nasceria menos perturbado em uma próxima vida. Mas, naquela era impossível. Ao menos, era isso que rodeava a cabeça do ruivo.

Não podia mais usar outra pessoa como apoio para sobreviver.
Não podia viver por alguém.
Nagato aceitava de bom grado afogar, mas, levar as pessoas a quem amava junto era pesado demais até para si.

Por isso, pularia daquela ponte, e cairia nas pedras ameaçadoras do riacho.

E se, não morresse com o impacto, certamente quebraria um músculo e afogaria até a morte.
Não se arrastaria mais por algo, e nem levaria seus amigos e familiares juntos.

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⏰ Última atualização: Nov 12, 2021 ⏰

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