Minha amizade com o pavê sempre foi algo discreto, nós almoçamos junto em um restaurante que vendesse soba e tivesses pratos apimentados (ele sempre falava que os meus gostos condiziam com a minha personalidade, temos isso em comum, não acham?), às vezes tomamos um café (enquanto Shouto tomava um leite com chocolate, tão infantil) ; em raras ocasiões nossas agendas abriam um espaço para um cinema ou happy hour, daí a pouco já estamos cada um em sua casa. Não mais do que isso, temos essa rotina á anos, mas estes encontros regulares acabaram criando, entre eu e ele, uma amizade cheia de bons segredos e silêncios.
Nada, nunca, foi forçado entre nós, não tinhamos a necessidade de contar nada um para o outro, se ele falasse que se achava feio graças a cicatriz que ele tinha no rosto, eu só escutaria, se eu falasse que não suportava mais a pressão que avia dentro de casa e como só esperam o meu melhor, ele só escutaria, se ele me falasse como os anos trancados dentro de casa o tornaram um anti-social que não conseguia se ver em multidões, eu só escutaria, se eu contasse a vocês que eu e ele nós conhecemos numa clínica de reabilitação você só escutaria? Nossa amizade sempre foi dessa forma, um desabafo, um diário, talvez? Provavelmente, nós contamos nossas aflições, nossos medos, segredos, frustrações entre outras várias coisas. Nós não queremos mais julgamentos, de onde nós vemos temos isso, só queremos alguém para poder falar: - Isso daqui é uma desgraça, ou falar algo que não seja o que esses figurantes chamam de "Politicamente correto".
Nunca fui à casa dele, nem ela foi à minha. E mais: nem conhecemos os amigos e amigas um do outro. Ele me fala de alguns amigos seus e eu faço o mesmo sobre os meus, mas são turmas diferentes, que nunca se encontram e talvez tenham pouco a se dizer quando se encontrarem. Somos opostos em muitos aspectos, nossos amigos são mais uma prova, enquanto os meus botam fogo no circo, os dele ajudam a apagar. Enquanto os meus estão indo para detenção, os deles estão estudando o que vai ser passado na próxima semana. Enquanto os meus entram na Americanas para roubar bolacha, os dele estão dando a frente para a velhinha. Opostos, saca?
Bons amigos, ele e eu. Talvez um pouco solitários.
De repente ele me contou, enquanto almoçávamos num restaurante que eu havia achado, que há anos ele tinha alguns amigos imaginários. Com esse segredo eu quebrei nosso acordo mudo de nunca julgar, dei uma gargalhada tão alta que as pessoas das mesas próximas se voltaram para ver o que acontecia.
- Amigos imaginários! Sério Shouto? Que bobagem – eu disse, enquanto desabava a rir.
Ele não riu. Permaneceu sério, como se estivesse prestes a dizer algo importante.
- Mas eles existem! – explicou, tentando manter a serenidade que minha risada não deixava – Você, por exemplo, é um deles.
Então eu ri ainda mais alto, uma gargalhada que não conseguia parar – e o olhar dele para mim era de um desapontamento profundo, de uma amizade que de repente se terminava.
E eu só fazia gargalhar daquela grande bobagem.
Mas quando olhei para as minhas mãos e percebi que elas começavam a desaparecer, parei de rir.
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Gostaria que vocês lessem imaginando que o Bakugou é, e ao mesmo tempo não é, o Shouto. Shouto se sente preso nessa sociedade, Bakugou manda a sociedade ir se fude. Shouto se vê em Bakugou, suas famílias (a do Bakugou ficcional) são uma merda.
Os amigos do Bakugou foram criados pelo Shouto juntamente com o Bakugou, representam como ele queria uma gente maluquinha na sua vida, não o seu grupo que sabem dos seus problemas e o tentam manter na "linha".
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Que bobagem Shouto!
FantasyAlmoçamos juntos em um restaurante, às vezes tomamos um café; em raras ocasiões acertamos nossas agendas para o cinema ou happy hour - daí a pouco já estamos cada qual em sua casa. Não mais que isso, já se faz anos, mas estes encontros quase regular...