CAPÍTULO UM

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"I used to think I had it allSomehow I fell back into habits that tear me apartI never got to say I'm sorryBut I can't sleep alone tonight"

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"I used to think I had it allSomehow I fell back into habits that tear me apartI never got to say I'm sorryBut I can't sleep alone tonight"

ihateit, Underoath

     — É quase meia noite, Eastwood. O teu turno acabou há duas horas, por que não vais para casa?

     — Só quero ajudar, River. Hoje é sexta-feira, a noite mais agitada da semana. — declaro dando um gole no meu café; é o terceiro desde que cheguei ao trabalho, há oito horas.

     — Halley, só esta semana trabalhaste quase o equivalente a um mês. — River suspira e eu sei o que está prestes a sair da sua boca. — Assim que sais das aulas vens para aqui e vice versa. Não é saudável.

     Reviro os olhos cansada de ouvir o mesmo discurso há um mês.

     — Poupa-me a conversa, Rivs. Poupa-nos a conversa. — pego no pano que está na sua mão começando a limpar o balcão e os copos. — Eu agradeço a tua preocupação, de verdade, mas eu estou bem, bem demais até! O trabalho corre bem, as minhas notas estão boas, não tenho com o que me queixar.

     — Evitar viver não é estar bem Halley. Ignorar a morte dele não é estar bem. — assim que as palavras escapam da boca de River ambos ficamos tensos. Ele sabe que acabou de derramar água escaldante no gelo. Sabe que o que disse acabou de quebrar o último pedaço de mim que se mantinha intacto entre escudos e muralhas. Encaro o balcão de mármore preto à minha frente. Está polido e brilhante refletindo o meu semblante abatido. Dois meses se passaram desde o funeral de Taylor e eu não podia estar mais na merda. Durante as primeiras duas semanas permiti-me chorar todas as noites até adormecer, numa forma de libertar toda a dor que o meu coração carregava. Eu pensei que se me deixasse sentir, eventualmente as lágrimas cessariam de uma vez por todas e eu conseguiria conviver com o buraco no meu peito, mas à medida que os dias iam passando eu percebi que por mais que eu quisesse não ficaria desidratada e que o choro viria cada vez mais forte. O luto é algo difícil de lidar e talvez seja por isso que faz um mês que estou por detrás do balcão de um bar a lidar com homens bêbados e a servir mesas, pronta para passar o resto dos meus dias a ignorar a dor dilacerante no meu peito.

     Ficar em Phoenix talvez não tenha sido a minha melhor ideia, mas com certeza também não foi a pior. Gastei todo o dinheiro, que demorei anos a poupar, para pagar uma boa parte da universidade ao que fiquei apenas com dólares suficientes para sobreviver a um mês comendo fast food. Agora que esse dinheiro acabou estou desesperada.

     — Eastwood, preciso de ti nas mesas! — Lya, a mulher ruiva com quem trabalho coloca-se à minha frente e inclinando-se por cima do balcão. Na sua mão direita está um pano preto e um bloco de notas que me estende, forçando um sorriso. — Hoje está um horror de tanta gente e com a baixa médica da Stacy estamos com falta se staff.

     Solto um sorriso de volta para Lya fazendo o mesmo esforço que ela para ser sincero; ou seja, nenhum.

     — Veste o avental e vamos. — encolhe os ombros, estendendo-me o pano preto.

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⏰ Última atualização: Oct 18, 2022 ⏰

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