Soo YoungTóquio 2018 - 03:30 AM
- Jason!! - meu primo mal atende o telefone. - Jason eu tive outro pesadelo. - A noite de primavera parece ser sufocante, o suor desce pela testa.
- Soo, cara você quer que eu vá para seu apartamento? - sua voz está assustada, quase posso ouvir os batimentos do seu coração.
- Não!! Eu só queria falar com alguém. - Respiro fundo e deixo Anne dormindo enquanto vou para a cozinha. - Os pesadelos estão frequentes, e são as mesmas imagens. - Sinto aquela sensação de angústia tomar conta do meu ser, ouço o suspiro de Jason do outro lado.
- Cara eu já te disse que você deveria ter ido ao Psicólogo, isso não te faz bem, seus pesadelos devem ser por causa da data que se aproxima. - Coloco o copo de água em cima da pia, e vejo o calendário na parede, meus olhos focam na data 17 de julho.
- Já vai fazer 10 anos. - Sussurro, e Jason me interrompe.
- Você está cansado, deveria tirar férias, deixa a negociação do escritório Market and Publish comigo, isso vai te dar um descanso a mais. - Ele tinha razão, a negociação com o escritório de publicidade americano estava me consumindo, porém eu não poderia deixar essa responsabilidade para Jason.
- Não posso sair agora, pelo menos nesse primeiro momento quero estar presente. - Ele suspira em tom de derrota.
- Certo Soo, agora vá descansar, não pense no acidente, já faz muito tempo e nada do que aconteceu foi culpa sua.
Desligo o telefone e volto para o quarto, Anne continua dormindo, alguns raios solares invade meu quarto como se dissesse que o dia iria ser tranquilo e com muita dificuldade consigo tirar um cochilo.
(...)
- Soo! - sinto Anne balançar meus ombros. - Você está me escutando? - desperto dos meus pensamentos.
- Sim querida! - volto a comer nossa refeição.
- Papai disse que quer jantar com você essa semana! - uma fisgada surge na minha cabeça, isso é sinal de que meu sogro vai cobrar novamente uma resposta sobre a proposta para aceitar o cargo de Presidente da Indústria musical dele. - Não faz essa cara Soo, papai te adora e ele só está pensando no nosso casamento. - Ela exibe sua aliança de noivado
Solto um sorriso, Anne fez faculdade comigo, ela se tornou amiga e por fim minha noiva.
- Eu sei que o seu pai quer o melhor para você, mas eu não vou largar minha empresa para ceder aos gostos dele, okay? - ela tenta me convencer, mas não dou brechas.
- Vai demorar para chegar em casa hoje? - estou saindo de casa quando Anne pergunta.
- Não sei querida, estou esperando Jason me trazer as propostas de uma possível fusão com um escritório dos EUA. - Vejo ela franzir a testa. - Por quê? Achei que hoje ficaria com sua mãe. - Ela nega.
- Eu queria assistir algo com você hoje, tenho que viajar amanhã. - Caminho de volta para ela e a abraço.
- Não posso prometer que vou chegar cedo, as negociações não são fáceis. - Deixo um beijo simples. - Que filme você quer assistir? - ela pula até a estante e pega um livro meu.
- Eu quero assistir ao filme desse livro. - Ela me mostra Alice no país das maravilhas é inevitável segurar o coração.
- NÃO! - a voz sai forte demais, tento disfarçar. - Não vou conseguir chegar a tempo, já que você viaja amanhã é melhor você ir ver a sua mãe. - Ela me chama, mas eu bato a porta e corro para o carro.
Meu celular começa a tocar e eu sei que ela está tentando conversar, sei que minha explosão a deixo chateada, mas não posso assistir esse filme.
- Posso saber o motivo da sua noiva me ligar chorando perguntando se você chegou. - Jason invade meu escritório enquanto analiso a proposta da Market and Publish. - Soo você deveria tirar férias. - Meus olhos voltam para os papéis.
- A nova proposta da empresa americana é interessante. - Tento mudar de assunto.
- Mudar de assunto, não vai te livrar de me dar respostas. - Ele puxa os papéis de mim e senta na minha frente. - Vamos logo, fale-me. - não consigo segurar.
- O Sr Park está me cobrando uma resposta para a proposta dele. - Jason tenta falar, mas eu continuo. - Ela pediu para assistir Alice no país das maravilhas - agora ele entende. - Eu sei Jason, ela não sabe do meu passado, eu não posso assistir esse filme, não com ela. - Jason levanta
- Mas Soo, isso já faz 10 anos, você tem que seguir sua vida. - Tento respirar fundo.
- Eu estou tentando Jason, eu vou casar com Anne, mas é que hoje está sendo difícil. - Caminho para a janela da minha sala, algumas Sakuras estão florescendo. - Deixa só eu terminar essa fusão com a empresa americana e eu juro que tiro férias. - Jason está ao meu lado.
- Eu não falo para o seu mal, é que estou realmente preocupado com você. - ele me abraça no seu típico abraço de homem forte e peço para reunir os funcionários para a reunião.
Passamos o dia em reunião, Anne me enviou uma mensagem avisando que ficaria com a mãe e que retornaria em duas semanas, meu coração fica dividido entre a culpa e o alivio.
- Sr. Soo a primeira reunião irá acontecer dia 19/07 aqui em Tóquio. - O secretário Irie me avisa. - Eles estão mandando o Vice-presidente o Sr Ruppert e sua noiva que é responsável pelo setor de relações internacionais e secretária pessoal Srta. Thompson. - Jason pega as anotações de Irie e começa a traçar o plano.
- Temos exatamente 4 dias para a reunião, o Sr Soo irá recebê-los no aeroporto? - digo que não, nesses próximos 4 dias eu irei me manter afastado de algumas coisas.
- Vou deixar Jason responsável pelo recebimento dos nossos convidados, eu os verei no dia da reunião.
A casa sem Anne fica silenciosa, mas mesmo assim fico mais q vontade, e eu me sentia culpado por esse sentimento, mas fora Anne que insistiu em que morássemos juntos logo após o noivado, ela nunca se importou com meu passado e pouco sabe sobre ele. Pego o exemplar de Alice no país das maravilhas, e lembranças do passado me invadem a mente Seu nome deveria ser Alice.
- Ah Hannah, por que não consegui encontrar você? - Já tinha se passado 10 do nosso último encontro, sem nenhum contato, sem nenhuma ligação, eu até tentei localiza-la, mas jamais a encontrei. Jogo o livro de volta na estante e tento enterrar q lembrança da Casa da Árvore no fundo das memórias.
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A Casa na Árvore
RomanceVocê ainda amaria alguém que estivesse destinada a esquecer? Só havia três coisas sagradas na vida: a infância, o amor e a doença. Tudo se podia atraiçoar no mundo, menos uma criança, o ser que nos ama e um enfermo. Em todos esses casos a pessoa est...