Capítulo 25

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Taehyung se olhava no espelho e se sentia um senhor de meia idade com aquelas roupas emprestadas do pai de Jimin. Mas pelo menos, as cuecas eram novas. 

Ele não podia reclamar, os Park o acolheu sem nem questionar, enquanto seu próprio pai lhe virou as costas. Ele sempre soube que seu pai não o apoiaria, só não imaginou que nem o queriam como filho mais depois de descobrir que ele gosta de garotos. Cadê o amor incondicional?

Pelo reflexo do espelho, pode ver os pais de Jimin o encarando da porta.

- Hey, ficou bom em você, filho. - disse o pai de Jimin o medindo de cima a baixo. 

- Não faz muito o meu estilo, mas tudo bem. - disse Taehyung um pouco sem jeito.

- Que pena que as roupas de Jimin não servem em você. Mas amanhã é sábado, vamos ao shopping comprar umas roupas novas á você. - completou a mãe de Jimin.

- Não, precisa, essas roupas são ótimas. - Taehyung se sentia mal em faze-los gastar um dinheiro que nem tava no orçamento.

- Eu sei. - sorriu a mulher arrumando os cabelos do rapaz. - Mas eu quero fazer mesmo assim. Encare como um agradecimento por cuidar do meu Jimin.

Taehyung sorriu, e assentiu. 

- Tudo bem, mas eu fiz isso porque eu o amo. - disse Kim e a mulher sorriu mais ainda. 

A mulher o abraçou, ela estava tão grata de saber que o filho era amado por alguém que ele também amava. Hoje em dia isso era tão raro. 

...

Jimin estava deitado na cama, enquanto Taehyung estava em um colchão. Kim suspirava, estava inquieto. Park tentou ignorar, pois estava com sono e já era tarde, mas era quase impossível.

- Ok. O que está te incomodando? - perguntou Jimin já sem paciência.

- Nada, é que... não sei.

- Vai, fala, poem pra fora. 

Taehyung se sentou no colchão para poder olhar para Jimin, que estava virado para ele.

- É que seus pais te apoiam tanto. - começou Kim. - Os meus poderiam ser um pouco assim também. 

- Eu acho que eles vão acabar aceitando. - disse Jimin um pouco culpado. 

- Duvido. Minha mãe acho que até que sim, mas meu pai não. 

- E se o seus pais fossem iguais aos meus e os meus iguais aos seus, o que você acha disso? Gostaria que fosse assim? 

- Que? Como assim? - questionou Taehyung.

- Sabe, seus pais mega liberais, compreensíveis, com você podendo se assumir. Você queria que fosse assim? - perguntou Jimin impaciente.

Taehyung fez uma pausa e Jimin ficou mais impaciente. Até que por fim Taehyung respondeu.

- Não.

- Não? - Jimin estava confuso. 

- Não. Porque se fosse assim, eu não seria eu, e você não seria você. Talvez nem nos apaixonássemos. Ou simplesmente não desse certo. - respondeu Taehyung. 

- Mas você poderia ficar com quem você quisesse, podia fazer o que fosse que seus pais te apoiaria. - Jimin insistiu.

Taehyung se levantou e sentou ao lado de Jimin.

- Eu quero que meus pais me apoiem? Claro. Mas eu ainda assim prefiro tudo o que passei pra chegar até aqui. Porque isso tudo sou eu. E isso tudo é você. - respondeu Taehyung. 

Jimin deu um beijo calmo nos lábios de Taehyung.

- Eu te amo. - disse Jimin.

- Eu também te amo. - respondeu Taehyung.

Jimin se deitou e deu espaço para que Taehyung se deitasse junto com ele. E Kim assim fez, dormindo de conchinha.

...

Jimin estava em uma rua deserta e escura. Estava confuso. E como um imã, seus olhos se dirigiram para o pequeno estabelecimento, com luzes mal iluminadas.

"Cigana Lola: desvenda seu futuro, traz o amor da sua vida de volta e muito mais"

A sensação de deja vu quase o corroeu por dentro. Assim que passou pela cortina vermelha, uma velha, cega de um olho, o esperava, com cartas postas a mesa.

- Olá, Park Jimin.- disse ou não disse o nome de Jimin, sua cabeça doía tanto.

- Eu já vivi isso.- Sentou na cadeira a frente a senhora. 

Ela assentiu e puxou a mão de Park, analisou as linhas.

- Péssimo.- Resmungou franzindo a testa.

- O que?- Se assustou o rapaz.

- Você não tem muito o costume de usar hidratante para as mãos, né?- brincou e Jimin xingou a mentalmente.- Me conte um pouco do seu passado, meu rapaz.- Pediu.

- Mas não é a senhora que devia saber?

- Se soubesse não perguntaria, ande, comece, já está tarde.- Retrucou.

- Tarde para o que? - perguntou confuso. 

- Só tem uma maneira de se perdoar alguém.- Ela se levantou e buscou um frasco em sua prateleira empoeirada.- Estando no lugar do outro.

- Não! Eu passei no teste! - gritava Jimin. 

E a velha ia o enxotando sem nem lhe escutar.

- Por favor, me escuta! - gritava Jimin. - O que eu faço com isso?

- Não seja tolo, só tome e volte pra sua vida. - respondeu ela. 

- Mas eu não quero voltar! - Jimin estava desesperado.

- Terminei meus serviços com você, até nunca mais. 

A velha fechou a porta e o seu estabelecimento sumiu como se fosse um feitiço, o deixando de novo no breu da rua vazia. 

Jimin só conseguia imaginar em que grau de azar ele estava que o fazia sentir vontade de socar uma senhora de idade por ter o sacaneado tanto. Porque se apaixonar por um Taehyung e não poder ficar com ele já é triste, mas fazer isso duas vezes com dois Taehyung completamente diferente do outro, é de um nível de crueldade imensurável. 

Park gritou de ódio aos quatro ventos, mas ninguém parecia escutá-lo.

- Deus, Universo, Buda... Sei lá quem tá ai. O que você quer de mim? - berrou Jimin.

Sem resposta, o rapaz se sentou na sarjeta e começou a pensar. Não era justo ele ficar com o Taehyung do passado. Park não fez por merecer, nunca abriu mão de nada pra ficar com ele. Pelo contrário, deixou que batessem nele. Aquele Taehyung merecia se casar com outro. Aquele Taehyung não era o seu Taehyung. 

Jimin não merecia aquela realidade, mas se tivesse que voltar a ela, não mudaria o fato de Taehyung casar-se com Jungkook. Isso era o mais justo. 

- Eu só quero que o Taehyung seja feliz, mesmo que não seja comigo.

Jimin virou o frasco e fechou os olhos. 

E escutou aplausos. 

- Nossa, até quem fim, parabéns. - era Lola.

- A senhora não tinha ido embora? - perguntou Jimin se levantando.

- Fazia parte do teste. E você passou, parabéns. - a mulher sorria e Jimin ficava cada vez mais confuso. - Você abriu mão do seu amor para o bem estar dele. 

- Ah que bom que escolhi certo então. - sorriu Jimin. - Agora o que eu ganho?

- Eu iria falar para você escolher onde queria voltar, mas pelo jeito, o seu coração sabe bem a quem e a qual realidade pertence. - a mulher sorriu. - Agora, é adeus Park Jimin. 

E Jimin dormiu. 

X.x

E agora? Ele volta para qual Taehyung? 


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