Instinto

1

Eu estava a andar pela parte clara da floresta naquela tarde de outono, não tinha nada para fazer naquele dia e queria algo que me prendesse de um jeito para que saisse de todo aquele mar de nada que minha vida estava. Então aproveitando que não tinha nada para fazer e que precisava caçar — mas por está sempre com preguiça não fazia— andando olhando para as poucas flores que ainda não tinham murchado por causa do próximo inverno, e para as grandes arvores que também continham folhas murchas, eu viu algo se mexendo em meio a todo aquele verde escuro quase negro. Pensei se devia mesmo me aproximar, poderia ser perigoso, mas a curiosidade me dizia que sim, que eu devia andar até aquilo que se mexia e ver o que era.

Eu morava em uma pequena casa que ficava na entrada da floresta. Ninguém queria morar nela porquê por ser muito perto dali, era perigoso. Mas eu não tinha onde morar.

Quando eu tinha minha mãe, por mais que a gente fosse muito pobres e não tivéssemos dinheiro o suficiente para alugar uma casa melhor em um lugar melhor, éramos felizes em nossa antiga casa. Mas aonde eu morava naquele momento, depois que minha mãe morreu, por não ter o suficiente para continuar naquela casa tive que me mudar para a casa ao lado da floresta.  Não era de tudo tão ruim, o aluguel era mais barato contribuindo para eu ter mais dinheiro e poder comprar o que precisasse. Em uma cidade onde tudo é repleto de arvores e que a dificuldade de conseguir sair dali era muita, eu tinha que aceitar o que vinhece, e era por esse — e outro — motivo que eu estava no meio daquela imensidão verde escura a procura de algo para caçar,  e poder ter um alimento digno em minha mesa.

Ao me aproximar o suficiente daquela coisa — que eu imaginei ser algum animal — vi um um cervo. É, eu estava certo!

— Não é lá grande coisa, mas... Disse ao ver que ele não era tão grande, talvez fosse um filhote e por um momento senti pena de o matar, mas mesmo assim fui atrás dele.

Em um movimento rápido tentei pega-lo, sem sucesso. O animal sumiu pela floresta e eu não fui atrás pelo simples — mas importante — motivo de não querer me perder por ali. Era algo que com toda certeza poderia acontecer comigo.

Respirei fundo voltando a minha caminhada, indo em outra direção, ao andar um pouco mais vi que a floresta naquele lugar um pouco mais afastado, era muito mais fechada do quê por outros caminhos.

Vou ou não vou? — Pensei já andando devagar para o lugar escuro.

— Não deve ser nada perigoso, eu sou um homem e não devo ter medo de nada — Disse para mim mesmo tentando criar um pouco de coragem em meio a todo o medo que começava a nascer dentro de mim. — Eu não irei me perder, irei rápido e prestarei atenção por onde ando.

A caminhada foi bem mais longa do que eu imaginei que séria. Talvez pelo medo não andei mais rápido, mas precisava ir até o meio escuro, que eu tinha certeza que muitos dos caçadores de animais já deviam ter entrado. Partindo em busca de algum alimento tendo em mãos apenas uma faca que foi um dos poucos objetos que pude pegar de minha antiga casa, me mantive antento a cada barulho procurando por tudo que pudesse matar.

Ao andar um pouco mais — não muito pois não queria me perder. — vi uma montanha, não muito alta, e la em cima uma caverna.

— Será que pode ter algo ali? — Perguntei a mim mesmo. Eu estava andando a algum tempo e por mais que tenha entrado naquela parte escura da floresta, onde vi a caverna era mais claro por não ter árvores ao redor.

Andei saindo do mato escuro e me aproximei da montanha. Água descia por uma parte que era de pedras deslizando e sumindo entre as pequenas e verdes plantas do chão, que me impedia de ver o mesmo. A água parecia que vinha da caverna, mas não conseguia ver por ser um pouco alto. Mas não era nada difícil de subir e ir até a mesma pelo que pude ver lá de baixo.