Prólogo

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Prólogo

Seis meses antes

O tintilar das garrafas chamou minha atenção. Era bom ter cervejas geladas depois de tanto tempo no deserto. Apesar do impressionante brilho dourado das areias sob o sol flamejante, aquilo era o inferno. Literalmente. A beleza do pôr do sol era tirada pelo som de misseis, ou melhor, de toda arma com um pouco, ou muita, pólvora dentro.

Isto era um fato que acrescentava a muitos outros daquele grande e enlouquecedor, tormento. A guerra não era bonita e muitas vezes nem sabíamos o porquê estamos lutando, e ainda assim, colocamos nossas habilidades a prova para proteger alguém ou algo. Quem? Ou o que? Bem, eu não queria pensar muito a respeito disto. Meu pai sempre dizia que tem dois lados, duas histórias, mas quando se veste um uniforme você escolhe um deles.

E eu vesti aquele uniforme tantas vezes que jamais poderia contar, alistei-me por quatro vezes e o que resultou em longos anos longe de casa.

Agora, rodeado pelo o que restava do meu esquadrão, em um bar que pertencia ao meu capitão, à única coisa que realmente desejava era um pouco de tranquilidade. A cidade era muito barulhenta, o que se tornou estranhamente perturbador para mim.

— Em que mundo está Grover? — Allen chamou minha atenção. — Nunca o vi deixando uma cerveja esquentar.

Sorri de lado e tomei um longo gole do liquido, que por sinal ainda estava gelado. Allen, ou melhor, Chisthopher Allen era um grande observador. Todos nós somos, mas ele tinha um dom especial. Sua especialização em medicina o dava um olhar muito critico sobre todos, e era por causa da sua perspicácia que ainda estávamos vivos.

Embora eu soubesse que ele ainda sentia muito por não ter salvado Butler. Foi uma perda dolorida para o nosso esquadrão, de seis sobraram cinco, o que era um bom resultado desde que muitos grupos foram dizimados na guerra. Porém, perder o jovem Butler doeu tanto quanto se me arrancassem um braço ou perna.

— Somente pensando. — Forcei-me a responder.

— Não gaste tanto seus neurônios. — JJ me provocou. — Você não tem tantos assim para desperdiça-los.

— Ela está certa — concordou Rogers.

Uma onda de gargalhadas encheu o bar vazio. Tínhamos trabalhado duro na última semana para deixar o lugar pronto. Gabe sempre dizia que teria um lugar para relaxar assim que saísse do exército, e foi o que aconteceu. Ele não pensou duas vezes em comprar o bar e nós o ajudamos a reformar.

Agora o safado ficaria aqui, vendendo cerveja e assistindo futebol. Devo admitir que a ideia fosse boa, mas eu ainda preferia um lugar mais calmo. Sem confusão, sem barulho, sem o ar tão carregado do deserto.

— Ao recomeço — Gabe elevou sua garrafa.

Erguemos as nossos garrafas e brindamos ao futuro, que tirando para o capitão, era desconhecido por todos nós.

— Ao recomeço — repetimos animados.

— As mulheres — disse Rogers. — A todas elas que irão para minha cama.

— Seu nojento — reclamou JJ com um sorriso, mostrando que não o criticava por querer sua cota de diversão.

— Nem adianta insistir JJ, você perdeu sua chance anos atrás — a provocou.

— Você é tão iludido — Ela gargalhou. — Nem que você fosse o último homem do mundo.

— Assim você fere meu coração — retrucou ele.

— Você tem um ego tão frágil — zombou ela.

— É por brigas como essa que eu bebo — comentou Gabe. — Como eu os aguentei por tantos anos?

Ouve resmungos ao redor.

— Você bebe por qualquer motivo — disse Allen.

Gabe simplesmente o ignorou, não que Allen tivesse mentido, mas porque todos nós bebemos por qualquer motivo. Afinal, quando se tá em guerra o dia que se passou sempre será melhor do que o de amanhã. Pois hoje ainda estamos vivos, mas não temos certeza sobre o dia seguinte.

— O que vão fazer? — perguntou Gabe, mesmo sabendo a resposta de todos.

— Eu vou procurar algo para bater — disse Rogers.

— Continuarei na medicina — Allen deu de ombros.

— Eu vou curtir a preguiça — comentou JJ colocando os pés sobre uma cadeira.

Todos viraram seus rostos em minha direção, sorri despreocupado. Nunca falava muito dos meus planos, eu não sou o que chamariam de "um grande falador", mas eles sabiam o que eu faria.

Gabe sempre nos incentivava a falar para que não nos enlouquecêssemos como ele mesmo dizia. Ou matasse um ao outro, sempre havia um ponto entre o precipício e a loucura que habitava todos nós.

— Vou para o interior — comentei para satisfazer a necessidades deles de conversar.

A casa dos meus pais era o meu destino. Aquele era o lugar que precisava, calmo e com uma boa quantidade de trabalho para fazer.

Ocupar minha mente era o que manteria os demônios longe.

— Se não me ligar, pelo menos uma vez por semana, eu vou atrás de você — ameaçou Gabe. — Não me teste.

Acenei concordando, Gabe era como uma galinha protegendo seus pintinhos que no caso era o nosso esquadrão. Chamávamos de Esquadrão Lobo, nossa pequena família de soldados que seguíamos a liderança de Gabe sem hesitar. O aceitamos, não somente porque nos foi ordenado, mas por ele ser um líder exemplar. Ganhou nosso respeito.

Nosso Esquadrão Lobo agia com respeito, se protegiam, tínhamos as próprias regras, fazíamos o que era necessário e aprendemos muitos com nossos próprios erros. Isto, fez de nós, hoje cinco pessoas, uma pequena e muito valiosa família.

Boa tarde! Uma pequena introdução do que vem por aí!

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Um beijo e um cheiro.... volto em breve

com carinho, Erika Martins!

SNIPER - Protegendo o Inimigo, livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora