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Capítulo 2

"Um preto, um pobre

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"Um preto, um pobre

Uma estudante, uma mulher sozinha

Blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais

Garotas dentro da noite, revólver: Cheira cachorro

Os humilhados do parque com os seus jornais"

(Belchior, Alucinação 1976)

Não passava nem perto da vida que Ymir desejava ter com História, mas aceitava o fato de não haver outra opção. Já era difícil viver numa sociedade na qual ser mulher, além de seus 30 anos, e não ser casada, era um completo escândalo. Muitos a "elogiavam" por, pelo menos, não estar nos becos imundos se prostituindo. O elogia, que na verdade não passava de uma ofensa velada, a deixava à beira de um assassinato.

Sua mãe era prostituta, porém, este era um fato que ninguém sonhava em saber. Ymir selava seu passado a sete chaves, e nem mesmo História o conhecia por inteiro. Com a morte da mãe, a morena se viu órfã aos 13 anos, quando conheceu a melhor amiga, e posteriormente amante, em um evento beneficente que a família de História dava anualmente para a comunidade pobre de Paris. Fizerem amizade às escondidas, já que o senhor Reiss desaprovava veementemente a relação das duas.

Trocavam livros, figurinhas, desenhos e cartas. O primeiro beijo veio quando ambas estavam descansando, pós almoço, num bosque afastado. Sob uma árvore milenar, com raízes tão grossas e profundas, que sua estatura um dia chegaria aos céus, as moças, já no calor da puberdade, decidiriam treinar como seria beijar rapazes. Algo, aparentemente, ingênuo, mas que foi o estopim para uma paixão desenfreada entre duas almas incompreendidas.

História entrara na faculdade de Artes, uma revolução, não apenas em sua vida, como na sociedade também. Ainda que os cursos oferecidos não fosse nem de longe no nível que os ofertados em universidades para homens, ela se contentou com o grande avanço. 

Ymir ficou feliz por sua amada. Comemoraram bebendo vinho barato no apartamento que a morena alugava mensalmente com seu misero salário na fábrica.

Ao contrário de História, Ymir não teve boa educação, mal sabia escrever seu próprio nome. Conseguiu o emprego a muita custa, depois de provar ao vivo e à cores que era tão forte e competente quanto qualquer homem da companhia. No início, a moça era confundida com um homem, o que lhe era muito cômodo, não precisava lidar com assédios ou piadas mal intencionadas, mas com o tempo o disfarce caiu por terra, tornando, muitas vezes, sua vida um inferno. Somente após dois anos de casa, conseguiu o respeito dos rapazes. Só há um jeito de se obter tal feito: quebrando o nariz de um homem duas vezes maior e mais forte que você! Foi o que a mulher fez. O soco lhe causou um hematoma, que durou meses em sua mão, mas a satisfação de quebrar a cara do porco imundo que passara-lhe a mão nas nádegas valia o esforço.

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⏰ Última atualização: Aug 13, 2021 ⏰

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