prólogo

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  Os gritos de histéria e batidas infernais na porta do seu pequeno e úmido quarto lhe avisam que mais um dia começou. Decidido a ignorar o surto de seu pai, levantou-se e foi a "suíte" do cômodo.

  Abriu a torneira e lavou seu rosto com calma, ao se olhar no espelho era visível as olheiras marcadas e alguns hematomas da surra que levou ontem a noite, tocou seu rosto suavemente enquanto os flashbacks lhe lembravam do quão miserável era. Suspirou alto, e encarou seu reflexo no espelho, ódio crescia em seu peito, ódio pelo mundo, ódio de seu maldito pai, ódio de seus familiares que apenas fingiam serem bons samaritanos, sempre com as palavras vazias em condolências a si.
Não entendia por que Deus o fazia sofrer tanto, " o que eu fiz Deus para estar vivendo assim? Por favor me perdoe e traga minha luz novamente!" Era o que dizia todas a noites, antes de se drogar com remédios baratos para insônia.

   As lindas e calorosas memórias da sua amada mãe, ainda eram vividas e felizes, ela era o seu feixe de luz, nem sempre seu pai fora esse homem cruel, quando sua mãe estava viva eles eram uma família de verdade, Kim taehyung era o menino mais feliz desse mundo e não sabia. Hoje ele sabe o quanto era feliz e lamenta por não ter aproveitado mais daqueles doces momentos, porém sabemos que a morte de alguém tão querido não é algo esperado, tão pouco imaginado, por isso ame enquanto há tempo a vida é um trem onde não sabemos quando iremos desembarcar.

    As batidas e os gritos finalmente pararam, Kim fez suas higienes matinais rapidamente e foi buscar um moletom para o acalentar de um domingo frio.
   Seu celular na cômoda tocava, era a ligação de um número desconhecido, ele estranhou, quase ninguém o ligava já que não tinha amigos, apenas o seu chefe tinha seu número e alguns familiares.

   — bom dia, quem fala? — disse com a voz quebrada.

   — seu pai não é tão educado quanto você, que engraçado! — a voz do outro lado disse risonho — não podemos esperar muito de viciados! — completou.

— o que disse? Viciado? Isso só pode ser um trote, faça me favor e não ligue-me nunca mais!

— acho melhor não desligar esse telefone, Kim taehyung. Dois dos meus homens estão nesse momento indo pra sua casa buscar seu pai, se você colaborar talvez ele só leve uma surra, tudo agora depende de você. — disse com a voz baixa e grossa, um sentimento de angústia e medo crescia em seu peito ” mas em que porra, seu pai havia se metido e aparentemente o levado junto para o buraco?!"

— o que diabos esse idota fez?!— o ômega gritou tremendo de raiva.

— ara, ara. Calma garoto, apenas pague a dívida, seu pai a pôs no seu nome, lembro de me dizer que você venderia até o próprio o corpo pra salvar o rabo dele. — riu. — 10 mil dólares é o preço da dívida.

— Deus! Eu não tenho nada haver com isso, e não tenho dinheiro algum!

— estou começando a ficar com um pouco de dó de você, menino. — o tom irônico se possou na sua derme, tae não gostou daquilo — pra sua sorte hoje, acordei em um bom dia, vamos fazer um acordo? Trabalhe pra mim e quite a dívida.

— eu já disse, não irei pagar dívida alguma tampouco trabalhar para um traficante! Se quiser me matar ou matar aquele velho maldito, apenas faça!

— para um ômega você é bem corajoso...— disse de maneira fria — não ache que apenas a cabeça de seu pai e a sua vão rolar, se precisar eu mato cada um dos Kim's até que paguem essa maldita dívida, que por sinal passou a ser 50 mil dólares.

— seu filho da puta! — berrou abismado, apesar de odiar cada um de seus parentes, não podia deixar mais alguém morrer por causa do seu pai. — okay, eu aceito trabalhar pra' você.

Ao abrir a porta do quarto deu de cara com o seu pai sentando no sofá com um copo de cerveja em suas mãos rindo alto de um programa na TV, taehyung enlouquecudo de ódio foi até a mesinha de canto pegou o vaso de decoração e jogou no seu progenitor, que o olhou abismado.

— como você pode fazer isso comigo? Seu maldito desgraçado! — disse o segurando pelo colarinho, com a lágrimas descendo pela sua face. Era a primeira vez na vida que ele enfrentou o pai, e quanto mais olhava para o rosto do mais velho estático não sabia do por que ainda continuar vivendo daquela forma, tudo que ele mais queria naquele momento é poder fugir, mas ainda matinha em seu coração esperança de que seu pai iria se arrepender do que fez e lhe tratar nem que seja uma vez como gente. — como você ousa se chamado de pai? Você me fez de moeda de troca na porra da sua dívida, Eu te odeio tanto! — lágrimas transbordavam e a dor em seu peito só aumentava. — a partir de hoje, não me considere mais seu filho, irei pagar essa maldita divida, mas não será para salvar o seu rabo, e sim as outras vidas em que você pôs em jogo.  — seu pai até aquele momento não havia dito uma palavra, sua testa escorria um pouco de sangue.

— taehyung...— disse o alfa — me perdoe.

— nunca. — soltou o colarinho do mais velho, o olhou por uma última vez e saiu de casa apenas com a roupa do corpo prometendo nunca mais pisar sequer um pé naquela casa.

Continua...

    

o sangue corre frioOnde histórias criam vida. Descubra agora