Johnny amava seu melhor amigo.
E já fazia algum tempo desde que percebera as mãos suadas, os sorrisos enormes e desengonçados que o garoto o proporcionava.Estava cada vez mais difícil de ignorar.
Principalmente quando o mesmo estava sentado em seu colo, as mãos abaixo das do americano, sorrindo ansioso tentando aprender algum acorde da guitarra.Seu cheiro estava levando Johnny a loucura. Eles estavam próximos demais pra sanidade do Johnny, que sentia o corpo do mais novo sobre o seu, quente e aconchegante. Suas mãos desajustadas e pequenas tentando encontrar algum rumo diante das mãos fortes e certeiras do moreno.
Ele amava cada detalhe do coreano. O seu sorriso gengival que o mostrava que a felicidade podia ser encontrada nas coisas mais pequenas, seu jeitinho excêntrico, seus gestos exagerados toda vez que Doyoung o contava sobre algo que amava, com tanta paixão que o próprio amor de Johnny se afetava, e se tornava cada vez mais intenso e difícil de ignorar.
Johnny amava a bondade verdadeira que encontrava no mais novo. Toda a dedicação para ajudá-lo quando não encontrava o caminho de volta pra casa. E Doyoung se tornava sua casa. Mais do que isso, Doyoung era o seu lar. Era o lugar que o fazia sentir o verdadeiro amor e conforto nos seus braços que o mostravam tanto, mais do que qualquer palavra poderia.
Johnny amava como Doyoung falava tanto com ações. Com pequenos atos do dia a dia que o coreano tornava especial.
E então percebeu que suas mãos talvez tivessem vontade própria, que talvez seu cérebro tivesse deixado seu coração ansioso guiar todas as partes de seu corpo, que o puxava inteiramente ao corpo do garoto.
Quando percebeu, já era tarde demais, ele havia colocado a guitarra em uma mesa próxima, sem se levantar, reparando no olhar confuso de Doyoung.
— Preciso te contar uma coisa, Dodo. — Johnny disse, olhando para o garoto que se aconchegava em seu colo, com um olhar tão intenso e nervoso que preocupava o mais novo.
— Tudo bem, sabe que pode me dizer qualquer coisa, não é?Johnny sentiu seu corpo todo se arrepiar diante do toque inocente do coreano. Suas mãos juntas faziam questão de implorar ao mais velho que juntasse as partes que restavam. Seus corpos, suas almas, suas vidas. Queria tudo isso conectado, junto.
— Existem algumas coisas na nossa vida que não podemos simplesmente ignorar ou deixar passar. Sentimentos que modificam nossos dias, nossa maneira de enxergar o mundo, entende?
— Sim, eu entendo, só não sei aonde você quer chegar com todas essas palavras bonitas.Johnny respirou fundo. Ele precisava fazer isso para acalmar o próprio coração. Lidaria com a rejeição mais tarde, fazendo questão de passar pela dor de um amor não correspondido. Era a única forma de deixar sua alma em paz, sabendo que foi sincero com a pessoa que mais amava.
— Eu gosto de você, Doyoung. Gosto tanto que as vezes se torna dolorido porque eu sei que talvez você não goste de mim da mesma forma. Mas eu não posso controlar isso, não posso controlar tudo o que sinto por você. São tantas coisas e tantas palavras que gostaria de te dizer mas não encontro as certas, então: eu te amo. Espero que essas três sejam suficientes pra te mostrar essa enorme bagunça dentro de mim.
Doyoung sorriu. De uma forma que Johnny jamais havia visto antes. Ele estava agora virado para Johnny, ainda sentado em seu colo. Seus braços sensíveis e amáveis ao redor dos ombros firmes do americano. Doyoung sentiu a mais pura felicidade, sentiu aquele peso em sua alma se desfazendo, sentiu vontade de se levantar e gritar com todas as forças de deus pulmões que havia encontrado o amor. Um tipo de amor que nunca imaginou que encontraria. Que havia encontrado um garoto. Tão gentil e carinhoso que Doyoung achava inacreditável alguém assim existir. Ainda mais inacreditável o amar também.
— Eu te amo, Johnny. Mais do que posso suportar. Eu amo quando você me liga de madrugada porque está sem sono e precisa de companhia, amo quando você expressa cada detalhe de seu sentimentos quando canta ou toca, deixando a música fluir pelo seu corpo da maneira mais linda possível, amo o seu amor, principalmente recebe-lo. Amo seus abraços que me guardam da tempestade desse mundo, amo as suas palavras vibrantes, amo o seu cheirinho, amo suas mãos que são sempre cuidadosas ao me tocar, ao tocar até mesmo o meu interior. Eu amo você, Johnny. Amo tanto...
Lágrimas abrigavam o rosto do americano, quentes, acolhendo toda a emoção que estava pulsando dentro dos dois. Johnny estava grato por sentir que pertencia a algum lugar, por sentir seu coração bater mais forte por aquele garotinho gentil e quieto que morava em seus pensamentos.
E então, Doyoung se aproximou. Sua respiração anestesiando o mais velho, seus cabelos bagunçados se misturando aos dele, tantas coisas ditas sem palavras, tantas emoções transparentes entre os dois. E no momento em que seus lábios se tocaram, Doyoung soube que aquilo era certo. Os dois. A união de seus corações, corpos e almas, aquele fio vermelho que certamente os ligava, suas mãos no cabelo do mais velho, as carícias do mesmo em sua cintura, o sabor doce dos seus lábios perfeitamente perfeitos, que se apoderavam dos seus, sua língua explorando cada detalhe do coreano, aquecendo sua alma. Tudo aquilo era certo, era o que deveria ser. Era o seu lar.
