(he wants help)

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Somebody (somebody)

Oh, somebody (please)

Can anybody find me somebody to love?

Somebody To Love

Sirius sussurrava as letras de Somebody To Love enquanto dedilhava seu piano. Ele sempre havia amado aquela música e até pouco tempo atrás ela era quase era como um mantra para ele, a trilha sonora dos tão incertos 20 e poucos anos de idade.

Por muito tempo, Sirius só queria ter alguém para amar, por mais meloso que isso soasse. E admitir aquilo não havia sido fácil. Admitir que queria a atenção de alguém, qualquer tipo de afeto, era dar espaço para uma vulnerabilidade que ele havia crescido aprendendo a negar.

Ser um Black não dava espaço para afeto. Seus pais eram extremamente distantes dos filhos, como se tê-los fosse mais uma obrigação de passar o nome adiante, do que a ideia utópica deles serem frutos do amor dos dois.

Portanto, assim que saiu de casa, suas memórias mais vívidas eram das noites que havia passado em camas alheias. Ele queria saber o que era esse amor que movia mundos, que inspirava músicas, que protagonizava filmes. Se viu dizendo as três palavras sem nem mesmo saber o que elas significavam. Sem ao menos estar sentindo de fato aquilo, mesmo querendo muito. Gostava da sensação de saber que estava fazendo outras pessoas se sentirem bem, de ter sua presença apreciada.

Não era sobre amor, era sobre ego.

Até que um dia ele parou.

Parou de sair como saía antes, cortou certas pessoas de sua vida. Mas nada melhorou, até depois de muitos dias acordando e odiando o que via, questionando o que havia de errado com ele. Despejava todas suas frustrações no trabalho e nas noites que saía para tocar. Não falava sobre o assunto, despejava tudo através da música.

Mas ainda assim não havia um alívio.

Ele parecia estar sempre buscando por alguém. Como se estivesse faltando alguém para ele conhecer, para ele ter no seu dia.

Sirius Black não acreditava em muita coisa, mas acreditava no amor e que algumas pessoas estavam simplesmente destinadas a se encontrarem. Talvez fosse algo relacionado com outras vidas, talvez fossem almas gêmeas? Almas irmãs?

Apesar de não saber muito sobre o assunto, vez ou outra se pegava pensando sobre isso, enquanto sentado do balcão de sua loja observava as pessoas passarem do outro lado da vitrine. Trabalhar no comércio dava muito espaço para imaginação.

Não acreditava que as pessoas estavam destinadas a se relacionarem romanticamente, mesmo que tivessem esse tipo de conexão, mesmo que se amassem.

James Potter, por exemplo, Sirius sentia que deveria ter sido deu irmão, pai, primo, em uma realidade paralela, pois o sentimento que nutria era mais forte dos que os laços sanguíneos que ele tinha nessa vida. James era sua família. James foi quem o ajudou a vender os primeiros instrumentos de sua loja, quem o ajudou a não enlouquecer depois do colégio, quem sempre esteve ao seu lado quando ele escolheu se afastar do grupo de pessoas que ele recusava a chamar de família.

Já Marlene, bem, talvez ela sim, houvesse sido sua amante em outra vida. Talvez ela não tivesse os cabelos loiros, mas ainda os mesmos olhos curiosos capazes de ver através dele. Desde que se conheceram, durante uma madrugada, música alta e muitas bebidas, Sirius jamais conseguiu esconder nada dela. Sirius a amava, amava o sorriso bobo dela depois de dois drinks, como ela sempre oferecia que ele ficasse mais um pouco, mesmo que para dormir no sofá. Ele amava mais ainda como o amor deles havia se transformado ao longo dos anos, de pura luxúria e atração, para uma amizade que ele sentia que poderia resistir a tudo.

Somebody To Love | WOLFSTAROnde histórias criam vida. Descubra agora