Confortável

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"Kaiser!" ouviu a voz da mulher loira chamá-lo. Respirou fundo, contando mentalmente até o número que fosse possível. "Você fez as pesquisas que eu te pedi?" Sabia que Letícia não era uma pessoa ruim, mas sua voz sempre soava naturalmente rude.

"Mandei todas pro seu e-mail" respondeu simplesmente, cansado. A rotina de trabalho estava o desgastando mais que o normal nesses últimos dias. Ela acenou em resposta, encaminhando-se à sua estação de trabalho, enquanto o outro voltava a se concentrar no que fazia anteriormente.

Atolado de trabalho, era como estava. Parecia que desde o fim da última missão, as coisas na ordem estavam ainda mais caóticas, e ocultistas começavam a sair dos bueiros, às vezes até literalmente. O trabalho triplicou, e César (ou Kaiser, como preferia ser chamado quando estava entre os outros colegas) encontrava-se uma pilha de nervos depois de todos os acontecimentos mais recentes, somados ao estresse dos dias agitados e as noites mal dormidas.

Precisava relaxar logo, ou ficaria louco.

Deu um pequeno pulo na cadeira quando sentiu dedos gelados cobrirem-lhe os olhos, sentindo um arrepio por toda a extensão de suas costas. A criofobia, mesmo que superada, ainda havia deixado suas sequelas.

Passado o susto, rapidamente se acalmou, já tendo uma ideia de quem estava por trás daquele joguinho infantil de adivinhação. Sorriu, zombeteiro, colocando as próprias mãos sobre as que estavam em seu rosto, apalpando-as suavemente. Notou, agora, o quão próximos estavam, a respiração do outro batendo sobre os seus cabelos, o ar quentinho passando uma sensação acolhedora que acalmava seu coração e desviava sua atenção das falanges frias, derretendo-se sobre a sua cadeira.

"Nossa, mas quem será o dono de tais mãos tão macias?" Questionou teatralmente, elevando levemente o tom de voz para fazer graça, arrancando uma risadinha contida dele. "Hum... Já sei, é o Samuel!"

"Errou. Tente de novo" respondeu com diversão, sem se importar em esconder a voz. Já era um costume dos dois fazerem esse tipo de brincadeirinha boba para se distraírem.

"Humm, agora complicou..." disse pensativo, parecendo genuinamente pensar em uma nova sugestão.

"É só pensar mais um pouco, vai. Quem é que faz o melhor bolo de morango que você já comeu?" instigou, ansioso pela sua resposta.

"É a Ivete!" bradou o mais velho, quase caindo na gargalhada quando sentiu as mãos lhe abandonarem para em seguida desferirem-lhe tapinhas nos ombros, em falsa indignação. "Haha- ai, para... p-para, Joui. Desculpa! Desculpa!" pedia enquanto tentava se esquivar das agressões.

"Não fala mais comigo, seu falso!" reclamou o japonês, manhoso, cruzando os braços e fechando a cara. César achava-o simplesmente adorável fazendo isso.

"Para de manha, Joui..." levantou-se, indo na direção do outro lentamente, e ele não tentou se esquivar. "Você sabe que o seu bolo é o melhor" abraçou-o por trás, descansando o rosto nas costas largas do mais novo, aconchegando-se no moletom macio.

Jouki não conseguiu manter a pose por muito tempo, não conseguia com seu César. Sorriu de lado, virando-se para abraçá-lo de frente, fazendo-o repousar o rosto em seu peito, enquanto apoiava a sua no topo de sua cabeça, apreciando o cheiro dos fios, aparentemente, recém lavados.

"Senti sua falta, César" sussurrou, quase como um segredo, apertando-o em seus braços, sentindo-o fazer o mesmo em retribuição, quase como se tivesse medo de que fosse embora.

"Também senti a sua, Joui" acariciou o braço que contornava sua cintura, parecendo flutuar no colo de seu amado. Sua voz era tão suave, era como se parte de seu estresse tivesse ido embora apenas com a presença do mais jovem ali, naquele momento tão leve que estavam tendo depois de dias sem se ver. Joui também estava cheio de afazeres, mas, ao contrário de Kaiser, ele preferia o trabalho de campo.

Relaxar - Joesar auOnde histórias criam vida. Descubra agora