MUTUAL
PILOTO
O templo do Deus da Floresta, Sakuya, era repleto de sinais de sakura pelos pilares perto das escadas de entrada, isso simbolizava que ele tinha muita representação por toda região; os moderadores que residiam pelas fronteiras do Monte Fuji passavam por ali para rezar por boas colheitas, e muitos eram atendidos.
“Quem imaginaria que fosse um yokai”, o loiro falou sozinho frente ao poço que ficava dentro do templo, rodeado por inúmeras folhas esverdeadas da primavera.
Ao firmar alguns vetores, se assegurou de não estar sendo vigiado. Sakura era um sinal de vida pós-morte, isso do ponto de vista dos orientais, mas era sobretudo o sinal da casa de Sakuya, e ele sabia muito bem que aquilo poderia causar, talvez, um mal entendido. Não sabia se aquilo era correto, o que provavelmente não era, mas coisas erradas acontecem todos os dias — ao menos era o que pensava.
Para sua surpresa, as rochas, que foram enraizadas pelas pequenas plantas do templo, não eram só uma aparência decorativa, escondiam uma enorme força espiritual. Muito maior do que os vetores aguentavam. Seus lábios um pouco secos se abriram em um sorriso psicopata.
“Desgraçado.” Riu, mas logo parou ao sentir uma sensação desagradável e um toque estranho.
“Sabe o que é mais engraçado?”
Seu olhar correu rápido ao detentor disso, costumeiramente trajado por um branco que cegaria qualquer um ao alto sol da manhã. Sua garganta secou ao tê-lo agachado sobre sua frente, em cima do poço, o olhando com a mão esquerda sobre a parte mais esbranquiçada de seu loiro opaco.
Então depois de finalmente piscar, ele ditou: “Eu nunca disse que você tinha autorização para vir aqui, Choi San”.
“Eu ouvi algumas histórias, queria comprovar se eram somente rumores.”
Costumeiramente, nos finais de mês, era comum ver várias crianças juntas a suas famílias indo oferecer cestas com bolos e outros alimentos derivados de suas plantações para o espírito do Deus, assim mostrando que mereciam continuar com as épocas fartas de colheita, todavia não estava acontecendo isso durante aquele ano. Naquele ano, inúmeras famílias começaram a desaparecer ao entrarem nas redondezas do Monte, o que afastava os adoradores de Sakuya de seu templo, afinal, suas vidas ainda eram importantes para correrem esse risco.
Alguns dos moradores que voltavam vivos diziam que um redemoinho rodava pelas árvores de bambu e colidiram repentinamente contra eles, deixando vários cortes pelo corpo, mas sem sangramento. Raramente eram ouvidos por alguém, contudo esses boatos começaram a se espalhar pelos cantos e foi dito que um possível demônio estava rondando Fuji. As más línguas comentavam que provavelmente Sakuya estava cansado de ajudá-los; outras que pensavam que quem morreu tivesse cometido algo contra o Deus.
“Kamaitachi, não é?” perguntou saindo de perto do toque alheio.
Sakuya recolheu a mão e se levantou, pulando da estrutura do poço, fechando os olhos. Quando seus pés tocaram o chão de pedra rústica.
“Eu amo a natureza das histórias, você nunca sabe se são totalmente verdadeiras, fatos misturados com invenções”, quando seus olhos abriram e ele completou: “ou se realmente são reais”¹, Choi San, o homem de 21 anos, percebeu que aquilo era sim errado, e não um errado ʽbomʼ.
Sakuya o olhava com o vermelho profundo engolindo sua alma a cada segundo. Seu cabelo sobressaído no rosto e a feição nada amigável davam a entender que Choi San não estava errado, e sim muito ferrado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MUTUAL • jwy + chs
Fantasy[WOOSAN] [JWY + CS] [MITOLOGIA JAPONESA] [LONG!FIC] O mundo espiritual é restrito a seres humanos, mas existem exceções; pessoas com um pé na margem de "lá" que podem ver, sentir e até se comunicar com espíritos. Exorcistas são pessoas que trabalha...