Capítulo 1

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Hinata 

O aroma que agora entrava pelo meu nariz fazia com que o sono desse uma afastada, sentia meus olhos pesados tentando encontrar forças para obrigar os mesmos a abrirem.

Hanabi estava parada a minha frente fazia alguns minutos, me olhava como se estivesse procurando algo a dizer. 

Olhei em volta e percebi que algumas faíscas do sol já faziam forças para adrentar pelas cortinas e invadir o restante do quarto, respirei na intensão de dizer ao meu cérebro que precisávamos decidir de uma vez se iríamos mesmo enfrentar mais um ano. Hanabi ainda olhava atenta a cada passo que eu pensava em dar me fazendo achar graça de sua estranheza logo de manhã.

— Se tem algo a dizer então fale de uma vez, não aprendeu nada nas aulas de etiqueta?— Eu digo já indo em direção a janela para por fim deixar que o sol finalmente iluminasse o ambiente. 

Observei o rosto de hanabi se contrair ao ouvir minhas palavras atentamente, as aulas de etiqueta com certeza era uma coisa que ela nunca iria esquecer. Não que fosse algo ruim de certa forma mas nenhuma de nós duas concordava com todas as coisas que a senhorita Akari dizia.

— Só estava pensando se iria te deixar se atrasar por mais algumas horas. — Ela solta uma gargalhada quando termina a frase.

Meus olhos correram pelo quarto em busca da primeira coisa com ponteiros que eu visse pela frente fazendo com que o sono me deixasse por completo.

Corri em busca de alguma peça que pertencia ao meu uniforme e me atirei para dentro do banheiro, a água quente teria que ficar para o final do dia já que do contrário poderia me relaxar ainda mais. Frente ao espelho eu brigava com os longos fios escuros de cabelo que toda manhã estavam em nós extremamente embolados. As vezes era impossível não pensar na possibilidade em cortar cada parte daquelas mexas.

Hanabi já não estava mais no mesmo ambiente que eu até então.

Corri para a cozinha com o pouco fôlego que agora me restava e sentei a mesa por alguns segundos na tentativa de voltar a respirar normalmente. A senhorita Nora me olhava curiosa mas seus olhos pareciam estar se divertindo com toda a minha confusão.

Nora está em casa desde que nasci e sempre fora responsável pela alimentação de todos aqui, mas apesar disso ela era uma verdadeira figura familiar pra mim já que a mesma acabada me criando de certa forma.

Não tenho muitas lembranças de minha mãe antes dela tomar a brilhante decisão em nos deixar. Não é como se eu carregasse um enorme desprezo sobre ela é só que eu não suportava pensar na ideia de que ela simplesmente nunca se importou em dar uma só notícia. Me lembro de correr nos braços de meu pai e me perguntar se eu havia feito algo que tivesse a deixado triste e ele sorriu e apenas me explicou que o amor dos dois já não era de fato tão recíproco, mas que o dela por nós nunca se quebraria. 

Hoje em dia eu já não acredito mais nisso já que nós últimos anos ela pareceu não se importar em sequer aparecer por aqui.

Tudo oque tenho dela são suas cartas que sempre estão vazias do único sentimento que eu queria que tivesse.

— Senhorita? Está despejando sua geleia — Nora diz ao meu lado me tirando de todos os devaneios.

— Droga! Não tenho tempo pra procurar outro uniforme. — Eu digo passando o guardanapo sobre a mancha na tentativa falha de limpar. — Odeio acordar tarde.

— Tarde? — Nora parecia confusa com as minhas palavras e procurava algo em sua mente para dizer.— Mas ainda não são nem 7 senhorita.

— Como assi...— Olhei o relógio no final do corredor onde ainda marcava 5:50.— HANABI!.

Como se não fosse inesperado ouvi um riso extremamente alto vir do andar de cima. Já deveria ter desconfiado, ela é cheia de pregar essas peças.

Relaxei tentando aproveitar do restante de meu café sem toda aquela euforia de antes.

Algumas coisas estavam organizadas demais e o silêncio que habitava ali era um pouco estranho pra uma manhã de segunda feira, só poderia ter dois motivos pra isso: 

Todos haviam acordado em um bom dia 

Ou...

— Hanabi ainda não está a mesa?

Prendi a respiração quando a voz até então já estava no mesmo ambiente que nós. 

Como um flash vi hanabi aparecer na cozinha vestida e extremamente comportada como nunca.

— Bom dia senhor Hiashi. — Nora agora servia uma xícara de café ao meu pai que estava sério e carrancudo frente a mim.

— Bom dia. — Engoli seco torcendo para que minha presença ali se tornasse invisível.

Não é como se eu odiasse meu pai. E não odiava mesmo, na verdade ele é a pessoa que eu mais amava no mundo.

É só que existia uma grande hierarquia para algumas famílias. Para três na verdade. Pessoas da alta sociedade que carregam o sobrenome que merecia dos melhores respeitos que poderia oferecer.

Existia os uchiha que ficavam em primeiro lugar nessa lista, com a melhor casa do bairro e com seu sobrenome sempre estampado em alguma revista, eles eram conhecidos por serem extremamente educados e inteligentes.

Em segundo vinha minha família, onde meu pai era conhecido por ser o chefe de alguns hotéis espalhados por diversos países, além de administrar a empresa sozinho e criar projetos de viagens.

Em terceiro havia os Haruno. Diferente de nós dois os Haruno eram conhecidos por seu temperamento forte e por seu bom gosto para a comida, não havia quem não soubesse que se meter com algum deles era uma tremenda furada.

Resumindo. Os chefes de família prezavam muito por seus nomes e faziam de tudo para que fosse passado seus conhecimentos a seus filhos. Meu pai queria que eu me concentrasse em administração para que quando o mesmo se aposentasse eu pudesse finalmente tomar conta do império que ele havia construído.

Claro que não foi de todo o agrado dele quando eu questionei sua decisão escolhendo para mim literatura inglesa. Feito isso nenhuma de nossas refeições foram tranquilas desde então.

— Tenho notícias da academia de Konoha. Eles disseram que ficaram felizes pela sua inscrição.

— Quer dizer a sua inscrição? 

— Já conversamos sobre isso.

— Não! O senhor falou e eu escutei, não sei se você saber mas não é assim que pessoas adultas conversam.

— Adultas? Pelo que sei você não passa de uma criança, sempre as minhas custas e com o meu nome.

— Não seria assim se você deixasse que eu estudasse algo que quero.

— isso não está em discussão.

— Claro, minha vida não está aberta a discussões né pai? 

Me levantei bruscamente pegando a bolsa que estava pendurada perto da porta e caminhei em direção a saída.

— A onde vai?

— Pra escola, não é lá que o senhor acha que meu futuro está?

Bati a porta ouvindo alguns sussuros atrás de mim. 

O dia estava lindo, mas meu humor já havia ficado podre.


the fate that dwells in meOnde histórias criam vida. Descubra agora