capítulo único

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1.   Marcus Flint

Marcus odiava estudar.

Ele odiava saber que estava falhando em praticamente todas as aulas dele e que iria indiscutivelmente acabar repetindo, se não esse ano então em outro. Ele odiava os rumores que tinham por aí que ele era parte troll, odiava se olhar no espelho e ser obrigado a pensar no quanto ele parecia sim com um troll. Ele odiava como a grama do campo de Quadribol sempre o fazia coçar toda vez que ele acabava de treinar e o fazer ficar cheio de manchas vermelhas feias pelo corpo. Ele odiava o sol e e professores e os pais dele e o sorriso estúpido de Oliver Wood. Em geral, ele odiava um montão de coisas.

Ele era uma pessoa muito odiosa e raivosa e ninguém iria tentar negar, sabendo quantas vezes ele já tinha entrado em brigas ou simplesmente socado alguém e saído andando. As juntas dos dedos dele eram cheias de cicatrizes por causa disso, uma prova que todos podiam ver, que todos podiam olhar e julgar e temer.

Marcus não odiava Draco Malfoy.

O menino tinha conseguido Nimbus 2001 para todo o time deles e, tipo, ele tinha só doze anos. É claro que Marcus não conseguiria o odiar. Até ele sabia que isso seria infantil da sua parte. O problema é que – bem, o problema é que Draco era tão irritante. Completamente insuportável. Marcus tinha sonhos em poder o chutar para longe como se a cabeça dele fosse uma bola.

Como agora.

O quão mais feliz Marcus estaria se só pudesse dar um peteleco em Draco? Muito, muito mais feliz. Mais feliz do que ele tinha estado durante toda a vida dele, talvez. Ele provavelmente iria sorrir como um louco, e todo mundo sabia o quão raros eram os sorrisos de Marcus. Os outros meninos no time dele até faziam apostas para ver quem iria conseguir o fazer rir, o que resultava em muitos trocadilhos ruins e a careta de Marcus só crescendo enquanto ele cruzava os braços e os encarava de cima. Mas dar um peteleco em Draco o deixaria feliz e sorridente por dias. Ele tinha certeza disso.

Ao invés disso, ele tinha que ficar calado e o ouvir, porque Marcus era idiota, mas ele não era burro, e ele sabia que deveria temer Lucius Malfoy e ser moderadamente educado com Draco, não importa o que estivesse realmente pensando.

"Eu só acho que seria uma boa estratégia," Draco estava falando e falando e falando sem parar, tendo até ficado no vestiário enquanto Marcus arrumava as coisas depois do resto do time já ter voltado pro castelo. Ele, é claro, não levantou nem um único dedinho delicado para ajudar. "Você deveria me ouvir, sabia? E você deveria seguir a minha estratégia, eu estou te falando. Seria ótimo."

Marcus rangeu o dente, acabando de fechar a caixa com todas as bolas de Quadribol e se voltando para Draco. Só a mão de Marcus era do tamanho da cara do menino, mas Draco levantou uma sobrancelha, teimoso e impaciente enquanto esperava que Marcus concordasse com ele.

"Não," Marcus disse simplesmente, e então começou a sair do vestiário. Draco o seguiu como o cachorro mais infernal do mundo com as latidas mais finas e mais irritantes conhecidas pelo ouvido humano.

"Isso é tão injusto!" exclamou. "Você sempre escuta quando o Pucey sugere novas jogadas e quer saber, eu cansei de sofrer calado." Como se qualquer Malfoy soubesse como era sofrer, imagine então sofrer sem passar o tempo todo reclamando alto. Sério, Draco não saberia o significado de silêncio nem se Marcus jogasse um dicionário na cara dele. "Eu acho que você tem jogadores preferidos! Meu pai vai ficar sabendo disso, ouviu Flint?"

Marcus revirou os olhos.

"Olha, Malfoy, objetivamente, isso não é verdade," disse com muita seriedade na voz, parando para olhar o menino nos olhos. "Eu gosto do Adrian e de todos vocês que não são o Adrian igualmente."

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