Nossa história

Único; não é mais a minha história

Era uma vez, um garoto de cabelos negros como ébano, pele branca como a neve e lábios vermelhos como o sangue. Talvez você já tenha ouvido isso em algum lugar, mas não é dela que iremos falar dessa vez.

Qian Kun, filho da Branca de Neve, com seus fios negros perfeitamente arrumados em sua cabeça junto com a coroa de ouro, sua camisa branca com detalhes em dourado que cobria a camiseta vermelha e uma calça preta estranhamente justa, estava frustrado. Mudar a mente de vários Rebels — e também alguns Royals — que simplesmente recusavam o seu destino não era tão fácil quanto sua mãe fez parecer. Ele queria gritar com o lado dos Rebels do reifeitório, falar o que ele achava certo.

— É só assinar um livro e aceitar o destino que vocês tem que seguir! Qual é a dificuldade nisso? — perguntou pela enésima vez. Sua voz, perfeita voz, já estava se esgotando de tanto que ele a usava em um tom alto enquanto discutia com Ten, o filho da Alice. — Nós só temos uma missão agora.

— Acontece, senhor perfeito, que nem todo mundo quer aceitar o destino que tem! Entenda isso — Ten gritou de volta. Por mais que fosse um Royal, totalmente contra sua escolha, odiava todos os seus colegas que também eram Royals. Em seu ponto de vista, Rebels sempre serão mais legais.

— Mas nós temos que aceitar, Ten! Meus deuses, você é um Royal!

— E o que isso interfere? Não significa que eu realmente aceite meu destino.

Já Johnny, filho da Rainha Má, obviamente do lado dos Rebels do reifeitório, estava odiando aquela discussão toda. Tudo bem, não era novidade para ninguém que ele não queria, de jeito nenhum, assinar o Livro das Lendas e aceitar seu destino sendo mau, mas não suportava nada naquela discussão toda. A coroa metálica — esta que ele se recusava a usar — dançava em seus dedos, rodando e rodando. Suas pedras roxas brilhavam com a luz do Sol que batia ali, causando um leve incômodo nos olhos do Suh, que largou o objeto circular sobre a mesa e tirou seu celular do bolso.

Nada de muito importante passava na tela, apenas algumas postagens do filho da Cachinhos Dourados, Jisung, no jornal da escola, onde apenas compartilhava algumas notícias que corriam por Ever After, alguns programas aleatórios e, o que Johnny mais adorava, o Love Advice, programa de N. A. Cupido — filho de Eros — onde ele ajuda os outros a encontrar o amor. Um episódio passava em seu celular quando Nakamoto Yuta, filho da Rainha de Copas, sussurrou algo para si:

— É esse aí que quer te forçar a seguir a merda do seu destino?

Johnny suspirou pesadamente, pausando o episódio de Love Advice e passou a mão pelos fios de cabelo negros com algumas mechas roxas perdidas.

— Ia dividir quarto com o Doyoung esse ano e o Kun fez questão de pedir para o diretor Grimm para ficar comigo — aquela, sem dúvidas, tinha sido a pior parte do início do ano de Johnny. Queria ficar com seu melhor amigo, mas Kun era chato, na visão do Rebel. Suh bloqueou o celular e o colocou na mesa, suspirando. — Egocêntrico, extremamente egocêntrico e egoísta. Não gosto desse cara e não vou assinar o livro só por causa dele.

Aquilo era um fato. Johnny realmente não se importava se sua assinatura ia ou não afetar no "felizes para sempre" do Qian. Ser mau, seguir os passos da Rainha Má não era algo que ele queria. Queria ser livre, poder seguir seu próprio destino sem ter algo o pressionando.

Cutucou de leve o ombro do Nakamoto em um pedido silencioso para que ambos saíssem dali. O dia mal havia começado e Johnny, definitivamente, não queria que nada afetasse no que podia ser bom. Pegou a coroa prata e a colocou sobre sua cabeça, agradecendo que ela não era tão pesada assim — caso contrário, teria uma provável dor de cabeça fortíssima.