Before the day ends - Dofia

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Narrator's point of view

Apenas o sobretudo de Sofia cobria a nudez absoluta das duas mulheres deitadas naquele tapete velho em frente à lareira, depois de se entregarem plenamente aquele sentimento louco que as consumia, Dove repousava tranquila sob o peito da mais velha, enquanto a mesma lhe acariciava os longos fios loiros. Nada precisou ser dito por longos minutos, ambas estavam perdidas em seus próprios pensamentos.

Sofia não esquecia os detalhes do seu sonho, melhor dizendo, daquele pesadelo horrível, e não conseguia evitar os paralelos em sua mente de tudo que vinha acontecendo e do que viria a seguir, a morena estava dando tudo de si na luta silenciosa com sua mente para pensar numa maneira de evitar aquilo, mas estava cada vez mais convencida de que as palavras do taxista que ainda rodavam seus pensamentos eram mais que um presságio, eram um aviso.

Dove não sabia o que tinha de errado com a namorada, no início do dia achou que fosse nervosismo pela reunião, mas a mesma fora um sucesso e ela não entendia o que poderia haver de errado para que Sofia viesse agindo com tal estranheza, mas a loira estranhamente estava gostando daquilo, da atenção, do cuidado, até da paranóia, porque jamais havia recebido tanto em tão pouco tempo da outra, e não quis questionar muito, apenas abraçou o momento.

...

– Sofi, a chuva passou, quer ir até o topo da montanha agora? — perguntou ainda deitada, ouvindo as batidas rítmicas do coração de Sofia como se fossem uma de suas partituras

– Não, não tem nada lá... — Sofia suspirou — quero te levar a um lugar

– Hm, tudo bem então

– Mais cinco minutos?

– Mais cinco minutos — a morena deixou um beijo casto no topo da cabeça da namorada

Ficaram em silêncio mais um tempinho, e depois de recuperadas, elas se vestiram, organizaram e deixaram a cabana. De mãos dadas o tempo inteiro, o casal caminhou pelas ruas principais da pequena cidade, Sofia foi mostrando lugares específicos de sua infância e memórias boas que tinha do lugar foram compartilhadas com sua namorada que ouvia tudo maravilhada. Após uma longa e exploradora caminhada, Sofia levou Dove até um pub no centro, calmo e extremamente aconchegante. A morena pediu um prato conhecido por ela para as duas e almoçaram num clima leve, mas Dove não pode deixar de notar que vez ou outra Sofia enxugava as próprias lágrimas, mas percebendo que a morena sempre tentava disfarçar, a garota resolveu respeitar o espaço dela.

Assim que terminaram a sobremesa, Sofia levantou-se e pediu para que Dove a seguisse, para o bar do mesmo pub, sentaram-se no banco e pediram dois bons chopp's, Sofia encarou por muito tempo uma das fotos no mural atrás do barman, Dove observou em silêncio. Segurando a mão da namorada a morena começou:

– Vê aquela foto? — Haviam dois homens nela posando para a foto com grandes canecas de chopp, aparentemente o mesmo que estavam bebendo

– Sim... — Dove concordou encarando a foto também

– O da direita é o meu pai — disse simples

– Sério? — a loira prestou mais atenção na fotografia — ele é bem charmoso, na verdade ele é muito lindo, acho que você puxou a sua mãe então — a garota provocou e as duas riram

– Ah, para com isso! — Sofia tomou um grande gole de sua bebida — ele vinha muito aqui, e costumava me trazer sempre, comíamos a mesma coisa, toda vez! A mesma refeição que fizemos hoje, quando acabávamos, ele tomava um chopp e eu um copo enorme de refrigerante enquanto jogávamos sinuca, eu esperava ansiosa pelo fim de semana, ele era demais