Choro de bebê

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Os anos 40 eram realmente maravilhosos, mais especificamente o ano de 1942. Nova Iorque estava tão movimentada quanto no dia primeiro de setembro de trinta e nove, quando as tropas alemãs invadiram a Polônia, marcando o início da segunda grande guerra. Porém, ao invés de comunicados nos noticiários ou interrupção de talk shows com discursos do presidente Roosevelt sobre o começo da Guerra, hoje as mulheres estavam saindo para trabalhar, seus bebês nos braços e suas crianças correndo na frente

As matriarcas reclamando de seus homens, estes que - aqueles que não estavam servindo ou doentes - estavam tentando procurar empregos decentes para seus traumas ou coçando o saco e jogando garrafas nas paredes e mandando suas cônjuges fazerem algo sobre aquilo, tudo isso enquanto caminhavam até a estação

Joseph sempre gostou daquele tipo de ritmo no começo da manhã, pessoas gritando e o cheiro de pólvora emaranhando do maquinário. Ele era um homem alto, musculoso e que já viveu lutas intensas que estava esperando o trem para ir para o trabalho, quase ninguém entendia o porquê dele estar sendo deixado de lado em meio a Guerra, mas por causa de seu braço mecânico, o exército o dispensou por problemas físicos e Joestar não gostou muito disso

Ele queria servir, queria lutar por sua pátria, mas por uma única mão o moreno não conseguiu fazer o que seu pai fez. Foi difícil, mas no final, sua esposa o induziu ao contrário. Joseph precisava ficar, tinha uma vida sendo construída, naquele tempo, a mobiliária estava começando a se firmar e o dinheiro estava entrando aos poucos, estavam ganhando o mundo dos móveis com o nome Joestar. Estava prestes a conhecer o filho, não poderia simplesmente estar na Europa lutando contra alemães e estar a mercê da sensação de morrer a qualquer momento

- Vamos para mais um dia! - Disse o moreno assim que aquele monstro de metal parou na estação, um monte de gente saiu e um monte de gente entrou, todos se esbarrando e xingando. Joseph riu, realmente adorava aquele tipo de lugar

Passou exatamente uma hora prensado no meio de corpos alheios antes de finalmente descer na sua estação e rumar até o escritório, sua mente vagando até a mulher, imaginando que tipo de coisas ela deveria estar fazendo com a pequena criança. A menina nasceu um pouco cedo, então os dois tinham cuidados redobrados com tudo relacionado a saúde dela, acordando o tempo todo e sempre alerta para qualquer anomalia

- Joseph... Ela está acordada de novo... - A mulher se revirou na cama, pronta para se levantar e ir até o berço da pequena Holly que chorava alto, fazendo um pulmões doerem apenas por respirar um pouco de ar

- Oh no... - O homem suspirou arrastado enquanto a segurava na cama com os braços pela cintura dela - Fique aqui, eu vou lá... Descanse, você merece. - Falou sonolento dando um beijo estalado no pescoço da esposa

Ele tirou as cobertas de cima do corpo e se dirigiu até o quarto ao lado, onde Holly não dava sinal nenhum de descanso. Depois de um tempo ela dormia pelo cansaço, mas recentemente ela tinha ganhado um pouco mais de estamina, fazendo os poucos minutos de choro se transformarem em algumas horas de tortura para a vizinhança de alta classe

- Hey Holly, my sweet. O papai está aqui, calma calma, eu estou aqui. - Ele segurou a bebê delicadamente e a apoiou no ombro direito, ninando a pequena com um leve cantarolar

Holly se acalmou um pouco, conseguiu recuperar o ritmo tranquilo da respiração e não chorava tão alto, mas ainda choramingava, fazendo Joseph ir para o quarto confuso

- Eu não sei o que está acontecendo, querida... Ela parou de chorar, mas fica fazendo esse barulho. - Ele se aproximou se agachando ao lado da cama, ainda balançando a menininha com a mão metálica

- Ela quer um pouco de carinho Jojo... - A mulher se espreguiçou um pouco, tirando uma das mãos de debaixo do cobertor para acariciar os cabelos da filha - Deite-se com ela aqui... - Falou se virando para o lado onde o mais alto costumava dormir, fechando os olhos cansada

O britânico se levantou do chão e seguiu até o seu lado na cama, colocou a bebê delicadamente no meio dos dois e se deitou tomando todo o cuidado do mundo. Se cobriu e fez carinho no rosto da esposa e deu um beijo em Holly

- Vocês são as duas mulheres mais preciosas na minha vida. - Ele falou abraçando a cintura alheia por debaixo das cobertas, trazendo o corpo da menor para mais perto. Holly se agarrando nos travesseiros e nos cabelos morenos dos pais

- Eu tenho sorte de ter te encontrado Jojo... - Fez um carinho no braço direito dele, logo levando a mão até o ombro e depois para o pescoço dele - Você foi uma luz na minha vida! - Falou sorrindo sonolenta enquanto levantava um pouco o rosto para lhe selar a bochecha

- Eu te amo muito! - Sorriu virando a cabeça para receber o selar, dando uma risada baixinha - Olha, ela já dormiu, que menina mais espertinha, puxou o pai... - Aproximou o rosto da barriguinha da filha e passou o nariz de leve ali - Você puxou o papai, você é inteligente como o papai! - Sussurrou com um sorriso bobo nos lábios, segurando delicadamente o corpinho gordinho da neném

- Durma Joseph, amanhã você tem uma reunião importante... Depois disso você terá um dia inteiro com sua filha. - A mulher falou batendo a mão esquerda no ombro direito dele, aconchegando a menina perto da pescoço dela, para que ela tivesse algum apoio enquanto dormia

- Okay… - O homem falou arrastado novamente antes de trazê-la para perto novamente e dar um beijo na testa de cada uma das garotas que se encontravam ali

Os três dormiram juntos daquele momento em diante, Holly não acordou nem uma vez e os dois puderam finalmente dormir algumas horas merecidas. No final Joseph acordou primeiro, mas não quis acordar suas damas, então resolveu fazer um café da manhã para a esposa, deixando um bilhete para a mesma. Correu para a estação e ficou ali em pé espremido, ansioso para a reunião

Assim que se viu na estação que sempre descia ele saiu correndo para ir ao escritório, algumas pessoas paravam e murmuravam coisas sobre o seu tamanho em altura e largura. Realmente aqueles um metro e moventa a cinco eram muita coisa até para os americanos da época

- Oh my god! - Escancarou a porta do seu pequeno escritório e sentou em sua mesa, colocou a pasta ali em cima e respirou um pouco, esperando a secretária trazer um pouco de chá preto para ele - Cheguei bem a tempo! - Falou com um sorriso convencido enquanto se levantava e olhava para as janelas do prédio, observando aquela Nova Iorque maravilhosa sob o sol da manhã

O telefone tocou e Joseph se assustou um pouco, dando um pulo para longe do objeto. Sua secretária adentrou a sala, com um bule e uma xícara em uma bandeja de prata. Colocando as coisas com precisão na mesa, logo saindo, sem fazer qualquer tipo de comentário

- Mobiliária Joestar, senhor Joestar falando. - Disse do jeito mais sério possível enquanto segurava o peito para acalmar o coração do susto repentino

- Obrigada pelo café Jojo! - Ouviu a voz animada da esposa do outro lado da linha - Olha, tem uma pessoa querendo te dizer uma coisa! - Ela falou e Joseph poderia jurar poder ver o sorriso gigante no rosto dela

- Papá... Jojo... - Uma vozinha fina e um tanto desestabilizada encheu os tímpanos do mais velho que desabou na cadeira com um rosto pálido e sorriso rasgando a cara

- Ela falou meu nome! Você ouviu, querida? Ela falou meu nome! - Ele gritava animado, gargalhando alto e perdendo o foco de tudo que tinha na sala

- Sim querido, ela disse o seu nome! - A mulher ria como uma criança ouvindo as reações exageradas do amado

Joseph estava radiante, queria correr até em casa e segurar a esposa nos braços, rodopiar com ela e gritar para o mundo que sua filha Holly tinha dito seu nome como primeira palavra. Os anos 40 eram realmente maravilhosos

1942 (Imagine Joseph Joestar)Onde histórias criam vida. Descubra agora