薬 - Capitulo único

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Remédio 🦋

O garoto de cabelos avermelhados, que até então estava ocupado estudando, se assustou quando ouviu a porta de sua sala abrir e bater com força, fazendo um alto barulho, e observou espantado um furacão em miniatura passar por ela.

— TANJIRO! — Era estranho ouvir a garota gritar, ela não costumava o fazer. Bom... para tudo existe uma primeira vez.

— Do que precisa, Kanao? — sorriu preocupado enquanto assistia a mesma andar inquieta de um lado para o outro.

E então ela parou. Mordiscando a unha foi até ele e se sentou na cadeira a sua frente. Os olhos de Kanao fitaram intensamente os de Tanjiro, que naquele momento temeu que ela pudesse até mesmo ler seus pensamentos mais profundos.

— Tem algo errado. — Isso ele já havia notado apenas olhando para seu rosto contorcido em... desespero?

Ok, estava começando a assusta-ló. E se fosse algo realmente muito grave?

— Calma, me explica o que aconteceu.

— Aoi tá me ignorando desdê hoje de manhã! — sua voz era chorosa.

O Kamado teve que juntar todas as suas forças para não rir e acabar magoando mais a menina, que já estava deprimida.

Quando se conheceram, Kanao era... hm... fria? Devido seu passado conturbado antes de ser adotada pela família Kocho, onde constantemente sofria abuso físico e psicológico de seus progenitores, ela havia de certa forma trancado todas as emoções, e por isso não costumava sorrir muito, além de nunca derramar uma lágrima sequer! Após o garoto entrar em sua vida, ele tentou de todas as maneiras fazer com que ela parecesse um pouco mais humana, e finalmente havia começado a resultar, mas bem, Tajiro não é um profissional.

Ambos acabaram construindo uma forte amizade, e fora todas suas seis irmãs, ele era a pessoa em que a jovem Tsuyuri mais confiava. Sempre que precisava pedia por sua ajuda, e agora não foi diferente. Para sua sorte ele ainda estava na escola. Tanjiro – um garoto extremamente gentil – passou toda a aula ajudando Zenitsu, e acabou esquecendo de fazer sua própria lição. Após um longo sermão, o professor mandou que ele ficasse depois da aula copiando toda a matéria, e assim ele fez até Kanao aparecer.

Achava hilário que, a garota que não conseguia chorar, estivesse tão aflita por ser ignorada por sua irmã. Mas claro, não contaria isso a ela, caso contrário ela possivelmente ficaria brava.

— A Aoi é meio temperamental, mas ela não ignoraria alguém sem motivos. Vocês brigaram ou algo assim?

— Ela deve ter se magoado muito comigo. — abaixou a cabeça e desviou o olhar para suas mãos, que se mexiam inquietas em seu colo.

— Por?

— Eu quebrei uma das presilhas de borboleta de cabelo dela ontem, só que foi sem querer! Ela ficou tão mal que eu não consegui falar nem um "A" pra me desculpar. Depois ela ficou muito vermelha e começou a me xingar, e no calor do momento eu acabei xingando ela também... — soltou tudo de uma vez.

— Eu acho que ela tá esperando você ir se desculpar. — Tanjiro colocou o cotovelo sobre a mesa e apoiou o rosto na mão.

Kanao o encarava com dúvida, e ele tentou instiga-lá com o olhar. Sabia que ela entenderia.

— Eu não consigo! Aquela presilha foi a Kanae que deu, e ela só vai voltar pra casa em meses, ou até anos! Minha consciência pesa, eu deveria ter sido mais cuidadosa...

— Escuta, Kanao — Tanjiro lentamente começou a juntar seu material e os colocar dentro da mochila, havia terminado de copiar o necessário. — Você não precisa ficar tão mal por causa disso. Irmãos costumam brigar o tempo todo.

Remédio | TankanaOnde histórias criam vida. Descubra agora