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Abri meus olhos com dificuldade sentindo a claridade bater em meu rosto me fazendo arder os olhos, pisquei várias vezes para a vista desembaçar. Ouvi um suspiro ao meu lado, virei-me e vi Daniel apoiado a cabeça em suas mãos, sentado em uma poltrona branca.

-onde....- a voz falhou quando a saliva passou por minha garganta me fazendo engasgar.- estou?- terminei a frase com dificuldade.

Daniel rodou os olhos pela sala parecendo procurar a voz até encontrar seus olhos aos meus, ele deu um sorriso parecendo aliviado e algumas lágrimas desceu sobre suas bochechas.

-voce... Acordou.- ele sorriu se ajoelhando do lado da maca, tentei levar minha mão até ele para dá-lhe um peteleco, mas estava em meu braço uma agulha com uma pequena mangueirinha que ia até uma embalagem de plástico não muito duro com um líquido dentro.

-o... Que... És...tou... Fazendo...aqui?- perguntei custando dizer  as palavras.

-voce passou mau na aula de educação física, então te trouxemos para cá, seu pai está furioso, ele acha que você não comeu por causa de suas dietas para ficar mais magro.- revirei meus olhos, meu pai não entendia.

-hum... Quando vou embora?-murmurei o olhando, ele deu de ombros e ouvi uma batida já porta, em seguida uma mulher de jaleco branco entrou.

-boa... Tarde...- ela disse enquanto olha a ficha, ela abaixou a mesma e se surpreendeu ao me ver ali acordado.- bom... Já que o senhor Enzo está acordado acho melhor já dar a notícia.- a olhei confuso, que notícia? Que estou uma grande gostoso? Só se for. ela saiu e logo entrou com meus pais e meu irmão.- bom... Gostaria de... Conversar com todos vocês aqui.- eles a olharam um pouco curiosos, revirei meus olhos suspirando.- bom... Fizemos os exames do senhor Enzo para analisarmos o que ele poderia ter... Fizemos tomografias após uma pequena alteração no sangue, e foi descoberto alguns tumores...

-alguns?- Daniel perguntou e eu dei uma leve risada.

-ja deu de... Brincadeira... Quando poderei me retirar?- disse tentando me levantar, ela me olhou seria e eu engoli em seco.- não está brincando?- ela negou com a cabeça suspirando.- o que?

-bom... Os tumores estão avançando rapidamente, cirurgias não seriam muito eficientes... Já que... São em muitos lugares...

-cala boca!- disse bravo.- em quais lugares! Fala logo! Para de enrolar porra!- eu disse bravo e meu pai me olhou enfurecido.

-fígado... Rim... Cabeça... E estômago.- eu olhei ela surpreso.- e no... Intestino...- eu olhei meus pais, minha mãe estava com ambas mãos no rosto, em uma delas a via um terço, e na outra a aliança de ouro dada pelo meu pai a vinte anos atrás.

Já meu pai estava com os braços cruzados parecendo incrédulo, meu irmão estava encostado na parede também com os braços cruzados com um olhar distante, já Daniel estava ao meu lado com a cabeça baixa, pude ver algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto caindo sobre sua camiseta.

-o que poderíamos fazer?- meu pai disse tomando a iniciativa da conversa.

-bom... Começariamos com a rádio... E depois a quimioterapia...- a médica disse e meu pai concordou.

-nao vou fazer...- disse antes que eles dissessem algo.- isso me faria perder os cabelos, me deixaria completamente destruído, como o vovô e tio John... Então não quero.- disse os olhando.

-seria a única forma de salvar sua vida Enzo- eu neguei revirando os olhos.- bom... Se não se tratar os tumores iram se alastrar mais rápido.- dei de ombros.- ok... Eu deixarei que se resolvam, e então voltarei mais tarde.- minha mãe agradeceu aquela mulher que saiu em seguida.

-meu filho... Faz o tratamento, se Deus quiser a de se curar.- eu olhei a mesma e neguei.

-deus não existe mãe! Se existisse não estaria aqui!- disse bravo, ela negou.

-meu amor...- Daniel disse se ajoelhando perto de mim.- se não fizer esses tratamentos pode correr sérios riscos.

-o problema será meu! Não seu!- disse bravo, ele abaixou a cabeça.

-nao tem que decidir nada! Quem irá pagar sou eu! E você fará todos os tratamentos que forem possíveis!- meu pai disse e eu o olhei.

-nao farei!.- disse bravo.- ficarei horroroso como seu pai ficou! Tenho nojo até hoje daquelas cenas! Você e a mamãe trocando as fraldas sujas daquele velho nojento!.

-nao fale assim!- mamãe disse me reprendendo.- seu avô sofreu muito!..- eu revirei os olhos.- escute seu pai, faça o tratamento, quem sabe será curado.- ela disse enquanto parecia chateada.

Meu irmão estava encostado na parede chateado com algo, ele suspirou arrumando a postura.

-maninho... Precisamos que fique bem... Ou não quer se formar?- olhei para ele.- por favor...- eu suspirei.

-ta bom!.- disse bravo.- já que enchem o meu saco!.... Mas teram de pagar todos os tratamentos para recuperar minha beleza.- meu pai revirou os olhos, Daniel e minha mãe suspiraram aliviados e meu irmão sorriu fazendo carinho na minha cabeça.- quando poderei sair?

-nao sabemos...- meu pai disse e eu suspirei bravo.

-nao servem para nada mesmo em.- disse irritado, meu irmão suspirou levantando.

Ouvi novamente alguém bater na porta, dessa vez quem entrou foi uma enfermeira, ela sorriu para todos nós.

-apenas um acompanhante por vez...- meus pais e meu irmão concordaram saindo.- vamos trocar seu curativo?- ela perguntou sorrindo.

-nao sou criança para me tratar assim.- seu sorriso se fechou e ela concordou.

-desculpe-me...- eu revirei os olhos, apenas pobres pedem desculpas. ela começou a tirar o curativo do meu braço esquerdo, pude ver um enorme machucado.

-o que é isso?- perguntei olhando ela.- quem fez isso? Aposto que foram vocês! Idiotas! Não servem para nada!.- disse com nojo.

-foi.... Você mesmo amor...- olhei ele e neguei bravo.- quando você caiu acabou se machucando.

-e aonde estava que não me ajudou?.

-voce tinha brigado comigo e tinha saído!- ele disse cruzando os braços, pude então me lembrar vagamente de alguns acontecimentos.

-a quanto tempo estou aqui?- a enfermeira abriu a boca.- não perguntei para você.- disse me virando para Daniel.

-agora são dez da noite, você se machucou ontem cedo.- olhei ele assustado.

-minha prova!- disse bravo.- anda logo idiota! Não esta vendo que quero conversar a sós com meu namorado?- disse bravo, ela terminou o curativo e saiu, Daniel revirou os olhos.

-pode ser gentil ao menos com as pessoas que estão cuidando de você?

-toma no seu cu.- disse voltando minha cabeça olhando o teto.- estamos em um hospital de pobre? Essa merda de travesseiro está acabando com meu corpo!.

-----------------------------------------------------------------------autora- primeiro passivo insuportável desse perfil 😒

Enfim, gosto de estrelinhas e comentários.

meu último soproOnde histórias criam vida. Descubra agora