Morangos, cerejas e fios vermelhos.

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A menina se despediu do homem com um rápido selinho e um abraço. Seu namorado havia finalmente conhecido sua família, e felizmente todos se deram bem, ou pelo menos, quase todos. Retornou para dentro da casa e andou pelo corredor muito conhecido por si, adentrando o quarto ao lado do seu, com a porta azul toda rabiscada e cheia de colagens.

Viu o menino no chão desenhando, de costas para si. Se quer precisou olhar seu rosto para saber que estava emburrado e com um enorme bico nos lábios, afinal era sempre daquela maneira. Suspirou sentando na cama, Hoseok não lhe deu atenção e continuou a desenhar agressivamente.

— Você não gostou dele, né? - Perguntou mesmo já sabendo a resposta, e viu seu irmão dar de ombros. — E qual o motivo dessa vez?

— Humm... Ele não gosta de sorvete. - A resposta estava mais para uma pergunta. De qualquer forma, Dawon sabia que não era aquilo. Jung Hoseok, seu irmão de sete anos, nunca havia gostado de nem um de seus namorados, e bem, a garota não era do tipo de ter relacionamentos duradouros, muito pelo contrario. Seus amigos costumavam dizer que ela trocava mais de namorado do que de roupas. Mas não é como se fosse sua culpa, só não tinha encontrado a pessoa certa, ainda. Seus pais diziam que a implicância do garoto era apenas ciúmes de irmão. Apesar de querer acreditar, algo lhe dizia que não era exatamente aquilo.  

— Você é muito exigente rapazinho. Desse jeito nunca vai namorar - Cantarolou. Hoseok finalmente a olhou, com uma grande careta na face, enquanto agitava a cabeça.

— Ok, já entendi. Agora é melhor o senhor se deitar... ou prefere que eu chame a mamãe? - O mais baixo arregalou os olhos, levantando rapidamente para se deitar. — Não precisa! Já estou dormindo, ó. - Fechou os olhos com força, fingindo um ronco. A menina riu suavemente. Se aproximou da cama, o olhando com carinho.

— Sabe que pode me contar tudo, certo? - A criança assentiu levemente para a pergunta. Dawon então se despediu dele com um beijo na testa e caminhou para o próprio quarto.

Hoseok era alguém que odiava  mentiras, era o tipo de coisa que apenas meninos maus faziam, e ele não era mau. Mas mentir para sua irmã era o único jeito, não gostava de vê-la triste, e também não tinha coragem de falar para ela que a fitinha de seu dedo beirava ao preto. Não sabia muito sobre o assunto, apenas que a cor da fita variava em vários tons de vermelho, cada um com um significado, sendo o mais escuro, a morte da alma gêmea. Havia descoberto o fato da pior maneira possível; presenciando o acontecimento. Viu com seus olhinhos a linha no dedo de sua avó escurecer enquanto o seu avô tinha um ataque cardíaco na mesa de jantar. Foi a coisa mais assustadora de toda a sua curta vida.

Além de que, com toda certeza, a mais velha jamais acreditaria em suas palavras, assim como seus pais, então apenas mantinha guardado para si mesmo. Decidiu que já estava na sua hora de dormir. No dia seguinte teria aula cedo pela manhã, e não queria ouvir as reclamações da senhora Jung sobre sua preguicinha, então se rendeu ao sono rapidamente.

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— Crianças! - A professora chamou a atenção da turma bagunceira. — Temos um novo amiguinho! Se apresente, querido. - Com delicadeza, impulsionou o menininho que se escondia atrás de suas pernas para frente, e o encorajou com um olhar.

— Meu nome é Yoongi, e eu sou de Daegu - Disse tímido, olhando para seus sapatinhos brancos. Era muito estranho mudar de escola, não havia gostado daquilo, de ter deixado a sua antiga casa e todos os seus amigos para trás, mas não tinha escolha, seus pais não mudavam de ideia por nada.

— Seja bem vindo, Yoongi! - A turma falou em um alto coro.

Hoseok ficou encantado com o quão brilhante Yoongi era, assim como a linha vermelha em seu dedo, que reluzia fortemente, da mesma forma que a sua própria. Era bonito.

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